Aldeia de Santa Margarida é uma freguesia e aldeia portuguesa do concelho de Idanha-a-Nova e distrito de Castelo Branco.
Tem uma área geográfica de cerca de 13,60 km² e, de acordo com os dados dos últimos Censos, realizados pelo Instituto Nacional de Estatística em 2001, a freguesia era habitada, naquele mesmo ano, por 369 pessoas, registando, deste modo, uma densidade populacional de 27,1 habitantes por quilómetro quadrado.
Ainda de acordo com os mesmos Censos de 2001, Aldeia de Santa Margarida tinha um índice de envelhecimento na casa dos 40,82%, uma taxa ligeiramente acima da média do concelho, que era, nesse ano, de 40,76%. Ainda no ano em referência, viviam nesta localidade 149 pessoas com mais de 65 anos de idade.
Aldeia de Santa Margarida tem por orago a Santa Margarida.
Localização
A pequena freguesia de Aldeia de Santa Margarida encontra-se localizada a aproximadamente 28 quilómetros da sede do concelho, encontrando-se a uma altitude de 426 metros acima do nível médio do mar. É, por definição, considerada a última povoação do município de Idanha-a-Nova, fazendo fronteira, a noroeste, com os concelhos de Penamacor e com o do Fundão.
Já no que diz respeito à organização administrativa que actualmente se encontra em vigor em Portugal, esta localidade beirã do concelho idanhense está inserida na NUT III, unidade territorial que reporta à Beira Interior Sul.
Localização geográfica
A freguesia idanhense encontra-se localizada na região da Beira Baixa, cujos limites são delineados pela Serra da Estrela e de São Cornélio a Norte, pelo rio Tejo a Sul, pelo rio Erges a Este e pela Serra da Lousã e pelo rio Zêzere a Oeste. Faz igualmente parte do arciprestado de Castelo Branco, o qual, por seu turno, está englobado na diocese de Portalegre-Castelo Branco. A aldeia é, das 17 freguesias que compõem o município Idanha-a-Nova, aquela que ocupa uma menor área geográfica.
Dista cerca de cinco quilómetros da freguesia de Mata da Rainha e do lugar das Martianas, que pertence à freguesia da Orca, estando ambas integradas no município do Fundão. Fica igualmente próxima das localidades de São Miguel D'Acha (pertencente ao concelho de Idanha-a-Nova), que fica a cerca de 5,5 quilómetros, e do Pedrógão de São Pedro (concelho de Penamacor), a aproximadamente 4,5 quilómetros.
Acessos rodoviários
O acesso rodoviário à freguesia é feito através de uma estrada municipal, que faz ligação à Estrada Nacional N.º 233, a qual liga, próximo da localidade de São Miguel D'Acha, à freguesia da Orca e, seguidamente, ao Fundão, Covilhã e Guarda.
A via rodoviária de cariz nacional, que passa a cerca de 300 metros da aldeia, faz a ligação a Castelo Branco, à Guarda, a Penamacor e ao Sabugal. Que, por sua vez, permite ligar à fronteira com Espanha, em Vilar Formoso, através da Estrada Nacional n.º 332. A partir de Aldeia de Santa Margarida pode igualmente chegar-se a Espanha através da fronteira junto ao lugar das Termas de Monfortinho, situado na freguesia de Monfortinho, uma localidade próxima de Penha Garcia.
A Aldeia de Santa Margarida dista cerca de 265 quilómetros de Lisboa, onde se poderá chegar, a partir de Castelo Branco, seguindo pela A23 até Torres Novas, para depois se apanhar a A1, seguindo em direcção a Sul, até Lisboa. Também em Torres Novas, mas seguindo no sentido Norte, igualmente pela A1, poder-se-á chegar ao Porto, perfazendo assim um total aproximado de 300 quilómetros.
A freguesia de Aldeia de Santa Margarida fica ainda relativamente próxima da Serra da Estrela, à qual se pode aceder, entre outras localidades, através da cidade da Guarda, que fica a cerca de cem quilómetros desta freguesia do concelho idanhense. Pelo caminho passa-se ainda pela Covilhã, a cerca de 60 quilómetros, e pelo Fundão, a 45 quilómetros.
Transportes rodoviários
A constante redução da população tem levado as empresas de transportes rodoviários a diminuir as ofertas existentes nas ligações entre as diversas localidades da região, sobretudo aquelas que estão mais desertificadas. Neste domínio, a autarquia de Idanha-a-Nova tem vindo a assumir um importante papel. No âmbito da iniciativa do Cartão Raiano +65, a funcionar a partir do Gabinete de Acção Social e Saúde da câmara, entre outras acções, tem uma rede de transportes alternativos que abrange todo o concelho e que funciona durante todos os dias úteis, sendo a sua utilização gratuita para os utentes do Cartão Raiano +65.
A restante população também poderá utilizar estes transportes, embora mediante pagamento de título de transporte. Esta iniciativa tem contribuído para o aumento da mobilidade da população, nomeadamente no acesso a bens e serviços que normalmente se encontram concentrados na sede do município.
História
A aldeia nasceu à volta de um velho castro, em época remota muito anterior à formação de Portugal, existindo vestígios que parecem justificar a existência de presença humana desde, pelo menos, o tempo dos romanos. O primitivo nome ter-lhe-á vindo de uma velha família do tempo da acção repovoadora, os irmãos Gosende. Quando o povoamento definitivo desta freguesia se verifica já o nome primitivo se teria perdido e era conhecida, somente, por aldeia.
Como sucedeu com outras localidades do repovoamento, a esta palavra acrescentou-se o nome de um santo. Ora, viveu no século III, perto de Antioquia, cidade turca de grande importância na época, uma jovem muito bonita, de nome Margarida, que foi expulsa de casa por ter aderido ao Cristianismo. Fez-se pastora e mais tarde, por ter mantido a sua convicção, foi martirizada. Assumiu grande popularidade na Europa dando o seu nome a pessoas de todas as categorias sociais e a grande número de localidades.
Foi, pois, mas já numa época mais recente, que o nome desta santa veio completar o actual topónimo de Aldeia de Santa Margarida. Isto porque o culto a Santa Margarida, na Península Ibérica, apenas se verifica a partir do século XIV. Tal como aconteceu, de um modo geral em toda a região da velha Egitânia (hoje Idanha-a-Velha), a sua população seria muito reduzida, havendo suspeitas que, no século XII, pode mesmo ter chegado a ficar deserta ou quase.
Embora se desconheça com total certeza qual a verdadeira origem da freguesia de Aldeia de Santa Margarida, supõe-se que esta tenha estado ligada à Ordem dos Pobres Cavaleiros de Cristo e do Templo de Salomão, também conhecida por Ordem dos Templários. De acordo com os relatos históricos existentes, esta ordem de cavalaria teve uma forte influência na região da Beira Baixa durante o período da Reconquista.
São vários os vestígios da sua idade avançada que, ainda na actualidade, se podem observar ao percorrer as ruas e arredores da Aldeia. Na Lajola, que se pensa ser a parte mais antiga da povoação, estão algumas sepulturas cavadas no granito mas que, hoje, se encontram cobertas com cimento. Na Rua do Reduto existe aquilo que será o que resta de um castro romano. No quintal anexo terão existido restos de um contraforte, um poço e uma parede, com toda a probabilidade de ter feito parte do complexo do reduto.
A Igreja Matriz de Aldeia de Santa Margarida é datada de 1708 e foi recentemente restaurada. No campanário da mesma, numa fachada que se encontra virada para a estrada, pode ver-se uma pedra que se pensa ser de origem romana. Devido à acção da hera, que durante muitos anos cobriu esta pedra, as inscrições estão praticamente ilegíveis. Na outra parede está ainda instalado uma das várias fontes existentes nas ruas da freguesia.
Evolução administrativa
O rei D. Sancho I deu Proença-a-Velha a D. Pedro Alvito, 11.º mestre da Ordem dos Templários, e a seus frades, que em Abril de 1218 lhe deram foral. Mais tarde, a 1 de Junho de 1510, já no reinado de D. Manuel I, é dado novo foral a Proença-a-Velha. O concelho era, então, unicamente constituído pela sede do município e pela freguesia de Aldeia de Santa Margarida, que era considerada "povoação termo do concelho".
Foi, ainda, vigairaria da Ordem de Cristo e da apresentação da Mesa de Consciência, igualmente no termo de Proença-a-Velha. Terá tido Justiça ordinária que lhe foi tirada, por sentença, a favor desta.
Com a vitória definitiva dos liberais é extinto concelho de Proença-a-Velha, do qual Aldeia de Santa Margarida fazia parte. O decreto de 6 de Novembro de 1836 extinguiu mais de 400 concelhos, entre os quais o de Proença-a-Velha, sendo este integrado no município de Idanha-a-Nova, distrito de Castelo Branco. Uma situação que se manteve até à actualidade.
Actualmente, a Junta de Freguesia é presidida pelo senhor Luís Gonzaga Caria.
Evolução demográfica
De acordo com os registos encontrados, Aldeia de Santa Margarida nunca foi uma freguesia com um elevado índice populacional. No início do século XX, Aldeia de Santa Margarida chegou a ter quase 750 habitantes. No entanto, com os grandes surtos de emigração verificados na região ao longo da segunda metade do século passado, a população da aldeia caiu drasticamente. No início do século XXI, a população de Aldeia de Santa Margarida era menos de metade da do ano de 1900.
No concelho de Idanha-a-Nova habitavam, no final de 2002, 11.253 pessoas, menos 406 pessoas do que no ano anterior. Da população, 5.373 pessoas era homens e 5.880 mulheres. Menos 200 homens e 206 mulheres do que em 2001. Tal equivale a uma densidade populacional de 8 habitantes por quilómetro quadrado.
Em termos de grupos etários, 1.047 pessoas tinham menos de 14 anos, 1.103 tinham idades compreendidas entre os 15 a 24 anos; 4.766 entre os 25 a 64 anos e 4.743 tinham 65 ou mais anos. A este dado junta-se ainda uma baixa taxa de natalidade verificada na freguesia, que se acentuou no final do século XXI. Facto que tem contribuído de forma decisiva para o crescente envelhecimento da população da aldeia. De acordo com os Censos de 2001, Aldeia de Santa Margarida tinha um índice de envelhecimento de 40,82%, uma taxa ligeiramente acima da média do concelho, que era, nesse ano, de 40,76%. No ano de 2001 viviam na Aldeia de Santa Margarida 149 pessoas com mais de 65 anos de idade.
De acordo com dados do Instituto Nacional de Estatística (INE), no ano de 2007 a taxa de natalidade do concelho de Idanha-a-Nova era de 4,1‰, o que representa uma clara descida face à registada no ano de 2000, que era de 5,2‰, ou ainda mais significativa se comparada com o ano de 2006, que era de 6,3‰.
Todos estes dados têm contribuído, a par de algum êxodo urbano que ainda se vai verificando no concelho, quer para a cidade de Castelo Branco, quer para as regiões do litoral português, para um decréscimo sustentado da população residente no município de Idanha-a-Nova. De tal modo que, segundo dados actualizados do INE em 2007, o concelho idanhense registava uma taxa de crescimento efectivo de -2,00%, o decréscimo mais elevado desde 2000.
Esta é, aliás, uma tendência verificada desde o início do século XXI, como é, aliás, possível verificar no quadro anterior. Tendência que, naturalmente, também tem reflexões reais na taxa de crescimento real da população na freguesia de Aldeia de Santa Margarida.
Economia
Aldeia de Santa Margarida tem como principais actividades a agricultura. No último quarto do século passado assistiu-se a um grande êxodo populacional, para os grandes centros urbanos no litoral do país e para estrangeiro, e com a consequente baixa da taxa de natalidade, a população deste freguesia tem vindo a diminuir significativamente. O que contribuiu também para um aumento do abandono de muitas terras e, consequentemente, uma diminuição da produção agrícola e dos rendimentos daí retirados.
Os principais produtos cultivados na região são a cortiça, o azeite, a batata, a maçã, a uva e a laranja. Devido à existência de boas pastagens, a criação de ovinos e caprinos tem igualmente algum peso na riqueza da população. Como outras actividades de interesse salienta-se a construção civil, o pequeno comércio e algum artesanato.
Cultura
Em termos culturais, Aldeia de Santa Margarida não difere muito do que é a tradição na região da Beira Baixa.
Festival de Música Tradicional
O Festival de Música Tradicional realizou-se pela primeira vez em 2005, a partir de uma ideia da Comissão de Festas desse ano. Foi inicialmente organizado em conjunto com o Grupo de Cantares de Aldeia de Santa Margarida, e, por regra, tem-se realizado no fim-de-semana mais próximo do feriado do 10 de Junho, Dia de Portugal, de Camões e das Comunidades Portuguesas.
Outros
No lugar da Fonte Nova funciona, desde 1875, uma oficina de pirotecnia que, desde essa altura, tem sido dirigida pela família Robalo. Os conhecimentos nesta arte dos foguetes e balões de ar têm sido transmitidos na família, de geração para geração, até à actualidade. Uma fábrica que contribuiu para que Aldeia de Santa Margarida seja conhecida como a terra dos fogueteiros. A Pirotecnia Beirense, cujo actual gerente é o senhor José Robalo, proprietário também de um dos cafés da aldeia, é conhecida em quase todo o país e Ilhas, tendo já, ao longo dos anos, amealhado vários prémios.
Gastronomia
A gastronomia de Aldeia de Santa Margarida pouco difere da das outras freguesias do concelho e região. Entre vários pratos, há a destacar os pratos confeccionados à base de carne, como a sopa de matança, a caldeirada de borrego, o ensopado de javali ou de veado, pernil recheado de javali ou arroz de lebre, bem como uns espargos silvestres à moda de Idanha-a-Nova. Outro prato muito típico desta região é o borrego assado em forno de lenha.
Mas nem só de carne se faz a gastronomia de Aldeia de Santa Margarida. Embora se trate de uma localidade situada no interior do país, uns dos pratos que mais furor fazem nas mesas dos restaurantes são o achigã frito com arroz de tomate ou as migas de peixe.
Para quem goste de doces, há a destacar as famosas papas de carolo, feitas à base de sêmola de milho moído, ou arroz doce.
O concelho de Idanha-a-Nova, assim como toda a região da Beira Baixa, é também muito conhecido pelos seus queijos. Em Idanha-a-Nova produzem-se tradicionalmente três tipos de queijo artesanal: o queijo de ovelha, queijo de mistura e queijo picante. São feitos a partir exclusivamente do leite de ovelha ou à base de uma mistura de leite de ovelha e de cabra. Graças à sua qualidade superior e à tradição do processo de produção, estes queijos conquistaram o direito ao uso da Denominação de Origem Protegida (DOP), reconhecida pela União Europeia.
Património
- Balcões de granito
- Campanário
- Capela de Santo António
- Capela de São Sebastião, também Casa Mortuária
- Capela do Cónego
- Casa Sarafana
- Casas antigas de granito
- Cruzeiros da Via Sacra
- Fonte da Cascalheira
- Fonte Nova
- Igreja Matriz de Aldeia de Santa Margarida
- Monumento ao Imaculado Coração de Maria
- Poço Concelho
- Solar Megre
Heráldica
Brasão
É composto por um escudo de prata, torre sineira com dois arcos a negro, lavrada do campo, com ramos verdes de oliveira nos flancos frutados de negro e com sinos a vermelho, badalados de azul. Tem ainda uma coroa mural de três torres a prata e um listel branco com a legenda "Aldeia de Santa Margarida" a negro.
Bandeira
De cor verde, com uma haste e lança a ouro, com cordão e borlas a prata e verde, com o brasão da aldeia inserido ao centro da bandeira.
Selo
Este símbolo tem em destaque o brasão da freguesia, que se encontra ladeado pelas inscrições "Junta de Freguesia de Aldeia de Santa Margarida" e "Idanha-a-Nova", o concelho ao qual pertence esta freguesia, sendo estas inscrições separadas por duas estrelas.
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