Aldeia Viçosa

Aldeia Viçosa
Guarda



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Aldeia Viçosa é uma freguesia portuguesa do concelho da Guarda, com 7,55 km² de área e 411 habitantes (2001). Densidade: 54,4 hab/km².

História

Toponímia

Em tempos que já lá vão, Aldeia Viçosa foi Vila de Santa Maria de Porco e, posteriormente, Aldeia de Porco. Adquiriu a actual designação toponímica em 25 de Janeiro de 1939.

Através de um estudo arqueológico levado a efeito pela Câmara Municipal da Guarda, fica comprovado que antes de ser Porco, terá sido nos seus primórdios o Povoado da Pedra Aguda. Não sabemos como foi feita a transição toponímica.

Consta que as designações relativas a Porco derivam da intensa caça levada a efeito ao principal inimigo das culturas na região, o porco selvagem (javali). Esta caça era considerada como uma autêntica guerra, da qual permanece um manifesto simbólico esculpido no granito. Trata-se de uma figura constituída pelo escudo e capacete de protecção, sobre o qual se encontra o porco selvagem, em forma de crista. Algumas lendas colocam, inclusive, o Rei Dom Dinis em caçadas por esta zona, terá sido o próprio a mandar construir o monumento (não documentadas).

Não se sabe desde há quanto tempo a freguesia tinha esta designação. Existe um documento datado de 1238, sob reinado de D. Sancho II (tio de D. Dinis), redigido por Dom Egas, Bispo de Viseu, em que é concedido um foro em “Santa Maria de Porco – Vila de Porco”. Este símbolo ficou, sem dúvida, como aquele que mais se identifica com a Freguesia e que se traduz na simbologia mais antiga.

Já no século XX, a freguesia adquiriu a toponímia que ainda hoje conhece. Em 25 de Janeiro de 1938, José Almeida Tonico (o mesmo que fundou a JOALTO), Presidente da Junta de Freguesia na época, tomou todas as diligências para a alteração. Isto aconteceu porque o Sr. Tonico era vendedor de azeite e que na sua carrinha se lia o seguinte: “Vende-se Azeite” “Porco” (o nome da localidade). Esta associação era de facto imprópria para o negócio. Assim, o Presidente da Junta conseguiu (diz-se que com árduo trabalho) alterar o nome para o actual Aldeia Viçosa.

Origens

Num trabalho arqueológico encomendado pela Câmara Municipal da Guarda, o arqueólogo Vítor Pereira apresentou um relatório em 2003 no qual afirma que, em territórios pertencentes a Aldeia Viçosa, existiu um Povoado Fortificado do período Proto-histórico. A freguesia poderá ter nascido neste lugar denominado de Pedra Aguda.

A investigação revela que:

"O povoado fortificado se localiza no vale do Mondego, na freguesia de Aldeia Viçosa, no limite concelhio da Guarda e de Celorico da Beira. (…) Este povoado apresentava uma implantação típica de povoados da Proto-história Antiga (século X ao VI a.C), ocupando sítios elevados, que se destacam na paisagem, permitindo-lhe excelente domínio visual da área envolvente, a grande distância. (…) Verificou-se que a Pedra Aguda controlava visualmente a bacia de Celorico até à junção entre o Mondego e a ribeira do Caldeirão. (…) Estes habitats são identificados como povoados de altitude, demonstrando uma defensibilidade natural, sem dúvida uma preocupação defensiva."

O investigador sublinha as óptimas condições da zona para a sobrevivência do povoado.

"O território de exploração de 30 minutos (zonas mais próximas) demonstra terrenos montanhosos, apropriados para o pastoreio e o plantio de cereais” com “diversas plataformas irrigadas por pequenas linhas de água. (…) Os territórios incluídos na área de 60 minutos incluem terrenos com diferentes capacidades, entre os quais o vale do Mondego, que permitia o plantio de hortícolas e a pesca. Inclui ainda áreas de montanha que possibilitavam pastagens para os animais no período do verão."

A Soida também é referida neste relatório:

"na área de exploração de 60 minutos inclui-se um local denominado Soida, evidenciado por alguns autores como um povoado da Proto-história recente. O facto de apresentar poucos vestígios arqueológicos e ficar na área de exploração da Pedra Aguda leva-nos a colocar a hipóteses de ser um local secundário face a este último, ocupado, por exemplo, sazonalmente por uma parte da população da Pedra Aguda. (…) A Soida poderá possuir uma finalidade defensiva, uma vez que permite controlar a área sul do vale do Mondego, podendo servir como atalaia da Pedra Aguda."

O autor acrescenta ainda que:

" [parece ter existido] uma rede regional e mesmo inter-regional da Beira Alta, pela bacia de Celorico, e a área mais a sul. Estas rotas têm maior evidência do Bronze Final, com a exploração de jazidas de estanho, sendo o controlo militar deste vale fundamental para os povoados, como a Pedra Aguda."

O investigador admite a hipótese que o povoado da Pedra Aguda poderá ter sido “um povoado central”.

O mesmo conclui da seguinte forma:

"Com esta análise é possível confirmarmos que ao longo do I milénio a.C. o povoado Pedra Aguda (na freguesia de Aldeia Viçosa) fez parte de uma malha de povoamento que se concentrou em torno do rio Mondego."

Um estudo arqueológico coloca um importante povoado fortificado em terras de Aldeia Viçosa na época Proto-Histórica Antiga (século X ao VI a.C.), denominado de Povoado da Pedra Aguda. A Soida terá sido, já na altura, uma espécie de anexa a este povoado.

Sabe-se que também no período Romano deverá ter tido um papel fundamental como rota de passagem de pessoas e de mercadorias. Podemos encontrar restos de uma antiga estrada romana que fazia a ligação entre a Guarda e Braga, da qual fazem parte a ponte Romana a caminho da Faia e o Tintinolho.

Idade Média

Graças às vantagens da sua localização geográfica (vale do Mondego), terá tido uma evolução ao longo da Idade Média. Haveria muitas famílias feudais com elevado poder na região. Estas possuíam as melhores terras de cultivo, nomeadamente na parte baixa da freguesia, junto ao rio. Podemos encontrar vestígios arquitectónicos desta época nas quintas brasonadas, com as suas capelas privadas, que se encontram à beira do bacio fluvial. A construção e preciosa ornamentação da Igreja Matriz datam desta época e terá sido encomendada e financiada pelas diversas famílias ricas dessas quintas (informação não documentada). Num documento datado de 1497 e assinado pelo Prior José de Almeyda é descrito com bastante pormenor o lugar de Porco. Segundo este documento, a localidade tinha 351 habitantes. São enumeradas várias ermidas (capelas) todas elas em quitas e de pessoas particulares: Ermida de São Sebastião, de São Domingos, de Santa Ana, de São Lourenço, de Santo António e da Madre de Deus.

Muito do espólio destas casas, assim como as referidas ermidas, desapareceram no início do século XIX com as Invasões Francesas a Portugal. A freguesia ficou no caminho dos franceses que saquearam algumas das suas maiores riquezas, nomeadamente as religiosas. Alguns edifícios de construção antiga foram total e parcialmente destruídos. Alguns dos mais idosos recordarão, certamente, episódios lamentáveis desta época que lhes foram descritos pelos seus antepassados.

Tradições

Magusto da Velha

Reza a lenda que uma velha, muito velha e muito rica, deixou um grande legado à Igreja da Vila do Porco. Mas, para pôr a sua alma em bom recato, não deixou de exigir que, no final da festa que fariam com a sua dádiva, todos rezassem pela sua alma, um Padre-nosso todos os anos, volvido o Natal. Como se não se fiasse a velha que se cumprisse a dívida, até foram lavradas escrituras com a sua exigência:

"Tem obrigação de dar na primeira oitava de Natal cinco meios de castanha e cinco alqueires de vinho pela alma de uma velha que deixou noventa e seis alqueires de centeio a esta Igreja impostos na Quinta do Lagar de Azeite para que com esta castanha e vinho se fizesse no mesmo dia um magusto e todos dele comessem e rezassem na Igreja um Padre Nosso pela sua alma."

A tradição remonta, pelo menos, ao século XVII, ao ano de 1698, e, apesar de ninguém sequer saber o nome da velha a quem encomendam a alma, ainda hoje se cumpre.

Assim, no dia 26 de Dezembro de cada ano, comemora-se o "Magusto da Velha". E, para que tal continue a realizar-se, a Junta de Freguesia incumbe-se de arranjar as ditas castanhas. Depois, é só cumprir a tradição. Cerca de 150 quilos de castanhas são atiradas do cimo do campanário da Igreja, enquanto que os sinos repicam insistentemente. Perante tal chuva de carolos, a população, além de rezar pela velha, também quer forrar o estômago. Assim vemos miúdos e graúdos correr de um lado para o outro na tentativa de encher as abadas de castanhas. Algumas são assadas nas brasas do Madeiro do Natal que normalmente ainda aquecem quem assiste. A acompanhar são distribuídos 150 litros de vinho tinto que também serve para brindar à velha.

As Cavaladas

De há algum tempo a esta parte, começou a fazer também parte da tradição as cavaladas. O terreno é sempre o mesmo: no adro, em frente à Igreja. Jovens e menos jovens tentam apanhar algum distraído e saltar-lhe para as costas. Havendo sido apanhada uma presa, todos lhe caem em cima. Como castigo pelo “mal” feito, levam com uma chuva de castanhas, pois estão ali mesmo à mão.

Uma vez que esta tradição se enraizou na cultura do povo de Aldeia Viçosa, e tendo a Junta de Freguesia conhecimento da existência de um livro que atesta a doação da velha, a Junta lança um apelo a quem possa investigar na Torre do Tombo, que o faça de forma a enriquecer a homenagear este legado da Velha.

Património

Bibliografia

  • Textos do livro "Tombo da Sé de Viseu"

Ligações externas

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