Algoz é uma freguesia portuguesa do concelho de Silves, com 38,91 km² de área e 2.946 habitantes (2001). Densidade: 75,7 hab/km². Foi elevado a vila em 12 de Julho de 2001.
Esta freguesia do concelho de Silves situa-se em pleno barrocal algarvio.
Localidades
A freguesia de Algoz é composta pelos lugares de Afonso Vaz, Aivados, Aldeia de Tunes, Alvaledes, Baias, Barranco Longo, Chaminé, Ferrarias, Foral, Lamijo, Lapa, Ribeira Alta, Ribeira Baixa, Serras, Soalheira, Sobrado, Taipas e Vales.
Toponímia
O topónimo Algoz parece porvir da palavra árabe “Al-Gûzz”, que é o nome de uma tribo guerreira asiática, procedente do Médio Oriente, da qual aqui se teria fixado um grupo no século XII. Existem também curiosas tradições sobre a origem do nome da freguesia. Uma delas, contada por Pinho Leal, diz que vindo um rei de Castela com o seu exército a correr terras de mouros algarvias, os fidalgos que o acompanhavamlhe disseram que atacasse a vila, pois aquilo não era nada, ao que o rei respondeu: Algo és! Esta é a história mais típica do século XVII ou XVIII, mas que carece de fundamente histórico.
Outra explicação, também curiosa, é a que afirma que quando a povoação estava nos seus alvores de fundação e ainda sem nome, resolveram os moradores reunir-se a dar o nome à sua povoação. Uma vez reunidos resolveram fazer uma procissão, levando nela a imagem em tamanho natural de um santo, mas o lugar que havia de ser ocupado pelas ruas estava ainda coberto de arvoredo e, em determinado ponto do percurso o andor não pôde passar porque a passagem era impedida pela pernada de uma árvore. Pediram então ao dono que a cortasse para que o andor pudesse passar, mas o dono opôs-se. De imediato se levantou a discussão e o pároco para evitar maiores desavenças, decidiu cortar a cabeça ao santo, para que o andor pudesse passar. Assim foi então feito. Como a maior parte da freguesia era inimiga do padre, decidiram, para registar a malvadez deste, resolveram dar à localidade o nome de Algoz.
Após a reconquista portuguesa a localidade foi repovoada, facto que é provado pela toponímia, pois é toda ela de origem já portuguesa. Inclusivamente há autores que defendem que o nome da freguesia deveria escrever-se Algôs, e que o termo é provenientes de Alagoas ou Lagoas em virtude de uma característica geográfica local.
História
Durante o período muçulmano, tudo parece indicar que a povoação era notável. Sobre o período de domínio árabe, Ataíde Oliveira informa na sua obra Monografia do Algôs, datada de 1905, o seguinte:
“Durante o domínio árabe na nossa província, pouco podemos relatar com referência à freguezia do Algôs. Não encontramos documento escrito que a esta povoação se refira, o que nos faz crêr que outro nome tivesse. É de supôr que os habitantes do Algôs experimentassem nos primeiros annos do domínio árabe os mesmos tormentos e agruras dos mais povos das provincias do norte, motivadas pelas diferenças da religião.
Certamente a povoação do Algôs era cristã no momento em que foi forçada a entar no domínio mourisco. Appelando-se para as Memórias Eclesiásticas do Reino do Algarve, estas nos informam que logo no primeiro século da Igreja aqui se plantou a semente do Cristianismo. Desde o nascimento do christianismo lançaram seus dignos apostolos na Betica e na Luzitania copiosas sementes da doutrina, capazes de produzir promptos e immediatos frutos nos corações dos habitantes destas regiões. Não é temerária a conjectura de serem os Hespanhoes instruidos nos misterios de religião christã por S. Paulo, pois foi expressa a determinação deste apóstolo das gentes de querer partir e santificar com a sua presença esta parte da Europa.”
Portanto a freguezia do Algôs, a exemplo de todas as desta provincia, entrou com as suas creças para o dominio de uma nação, que professava doutrina differente. (…)
Perto de seis séculos dominaram os mouros no Algarve, e certamente no tempo em que elles foram expulsos, todos os filhos do Algôs professariam o mahometismo, se a luz que irradiava da sepultura de um santo no alto de um premontorio os não animasse a manter-se na fé do catolicismo. Ainda assim quantos habitantes do Algôs crentes, por convicção, crentes, por medo, das muralhas de Silves não causariam a morte de muitos soldados de D. Sancho I ou de D. Afonso III? Quantos não se iriam prostrar na mesquita do Algôs com a face voltada para Meca, a pedir a Mafoma o vencimento das armas agarenas contra os perros christãos? Cremos, pois, que ainda mesmo dentro da villa do Algôs se deveriam repetir as questões resultantes do dualismo de crenças dos seus habitantes, e muito principalmente quando fosse aberta qualquer lucta entre mouros e christãos.
Seja como for a povoação de Algoz era muitíssimo populosa em tempos antigos, com numerosos edifícios, de que ainda restam abundantes vestígios e tinha também espessas muralhas. Sabe-se que ocupava uma extensão muito maior, com um perímetro de cerca de cem metros além do actual, ou seja chegava até à capela da Senhora do Pilar, que se situa na cumeada de um serro. Não se sabe quando se deu o arrasamento das suas muralhas, nem quando perdeu o seu título de vila.
Algoz passou para reino de Portugal após a conquista de Silves, no reinado de D. Afonso III. Ao que parece era ainda povoação importante no tempo de D. Fernando. Foi nessa época que uns fidalgos espanhóis, os Tenreiros, que haviam chegado a Portugal com o rei D. Fernando, após as guerras com Castela, construíram aqui o seu solar. É à casa desta nobre família que se devem referir topónimos existentes na localidade como Paço da Torre. Um dos membros desta família foi Gonçalo Tenreiro que em Algoz foi feito senhor das frotas, ou seja almirante, e senhor da vila. Outras notáveis famílias da localidade são as dos Mascarenhas Neto e a dos Marreiros Neto.
Em termos eclesiásticos pode ser aceite que a paróquia de Algoz tem uma fundação muito antiga, talvez do século XIII ou XIV.
Heráldica
Brasão
Escudo de azul, laranjeira arrancada de ouro, frutada de vermelho e carregada de um escudete ogival do campo com onze besantes de prata, postos três, dois, três, dois e um e enroscada por um serpente alada de prata, linguada de vermelho. Coroa mural de prata de quatro torres. Listel branco, com a legenda a negro: “ALGOZ”.
Bandeira
Esquatelada de amarelo e azul. Cordão e borlas de ouro e azul. Haste e lança de ouro.
Selo
Nos termos da Lei, com a legenda: “Junta de Freguesia de Algoz – Silves”.
Economia
Em Algoz produzem-se, em quantidade e abundância, vinho, amêndoa, trigo, figo e azeite. Algoz dispõe também de estufas agrícolas vocacionadas para a produção de tomate, couve-flor, morangos e todo o tipo de primícias, que vende para os grandes centros urbanos. Contudo os citrinos são, nos dias de hoje, a cultura predominante.
Gastronomia
Milhos com carne de porco, ervilhas com ovos e chouriço, favas com toucinho e chouriço fritos, papas de farinha de milho, bolos D. Rodrigo e azeitonas britadas com oregãos.
Artesanato
Diversa miniaturas em madeira (carroças e peças de agricultura).
Associativismo
- Associação Cultural e Social de Algoz
- Associação de Agricultores da freguesia de Algoz e periferia
- Sport Algoz e Benfica
- Associação Patrimonial de Algoz
- Associação de Motociclismo de Algoz
Património
Ermida de Nossa Senhora do Pilar
Notável é a Ermida de Nossa Senhora do Pilar, em cuja sacristia se encontra num poço com água de efeitos milagrosos quando aplicada nos olhos. A lenda que explica este fenómeno diz que uma mulher do povo que se encontrava à beira da cegueira encontrou um dia a Virgem do Pilar, que a aconselhou a ir lavar os olhos na fonte da Senhora do Pilar, mas a mulher retorquiu dizendo que no cimo do outeiro indicado não havia qualquer fonte. A Senhora indicou-lhe então a ermida e mandou escavar na parede com as suas próprias mãos, o que a doente cumpriu na manhã seguinte. Pouco depois humedeceram-se-lhe as mãos e a água brotou, a mulher lavou logo os olhos e a cura deu-se de imediato.
Monte da Piedade
Em Algoz foi criado, em 24 de Abril de 1702, por Tomé Rodrigues Pincho, um Monte da Piedade, destinado a socorrer os lavradores pobres em maus anos agrícolas. A instituição foi aprovada por D. Pedro II em 30 de Julho de 1704 e foi, possivelmente, a primeira do género a existir no Algarve, pois a de São Bartolomeu de Messines, além de ser mais limitada foi aprovada apenas em 1783. O Monte da Piedade de Algoz foi fundado com um capital de trinta e três moios de trigo, para emprestar aos lavradores com um prémio de três alqueires por moio, devendo ser administrado por três irmãos da confraria do Santíssimo Sacramento, que eram eleitos anualmente, de modo secreto. Em 1852 houve uma nova escritura da instituição em que apenas se reformulou a forma de administração dos celeiros comuns. Em 1864 nova lei deu às juntas de paróquia a administração destes celeiros. Do Monte da Piedade faz parte o celeiro situado na praça de Algoz. Sobre a porta existe uma inscrição com o nome do fundador e a data da fundação, talhada em pedra. Sabe-se também pelo benemérito fundador.
Outros locais
- Lavadouro Público
- Igreja Matriz
- Celeiro
- Ermida de São Sebastiáo
- Estação da CP
Personalidades
Natural de Algoz era Francisco Xavier d'Ataíde Oliveira, Doutor em Teologia e Direito, jornalista e escritor que aqui nasceu em 1842 e morreu em Loulé em 1915. Em Loulé fundou o jornal “O Algarvio”. Escreveu e publicou muitas obras, de que se destacam as numerosas monografias de terras algarvias, incluindo a Monografia de Algoz, sua terra natal.
Ligações externas
Fotografias
Galeria dos nossos visitantes
As fotografias desta secção, em todos os artigos, são colocadas pelos nossos leitores. Os créditos poderão ser observados por clicar no rodapé em files e depois em info. As imagens poderão possuir direitos reservados. Mais informações aqui.
Galeria Portuguese Eyes
As fotografias apresentadas abaixo são da autoria de Vítor Oliveira.
Mapa
Artigos relacionados
Artigos subordinados a este (caso existam):
Adicione abaixo os seus comentários a este artigo
Comentários