Alvoco da Serra é uma freguesia portuguesa do concelho de Seia, com 37,57 km² de área e 646 habitantes (2001). Densidade: 17,2 hab/km².
Entre Loriga e Unhais da Serra, na estrada nacional nº 231 Viseu – Pedras Lavradas, a 684 metros de altitude, na vertente sudoeste da Serra da Estrela, na margem direita de um afluente do rio Alva, fica Alvoco da Serra, a localidade mais próxima da Torre a cerca de 4,5 km em linha recta.
Localidades
A freguesia é constituída por cinco localidades:
- Alvoco da Serra (sede da freguesia)
- Outeiro da Vinha
- Vasco Esteves de Baixo
- Vasco Esteves de Cima
- Aguincho
História
Primórdios
A origem do seu povoamento poderá, eventualmente, recuar até à Idade do Bronze, época atribuída aos vestígios de arte rupestre detectados nas encostas das ribeiras de Alvoco e Piódão. A romanização está testemunhada pela descoberta, no sítio da Barroca do Galego - Aguincho, desta freguesia, em 1884, de um tesouro de denários republicanos.
Mais tarde, após a formação de Portugal como reino independente, D. Afonso Henriques entregou a posse de muitas terras do actual concelho de Seia a D. João Viegas “Ranha”, como recompensa pelos serviços prestados. Entre essas terras estavam Loriga e Sandomil e é natural que Alvoco também estivesse incluído.
No entanto, o documento mais antigo que se refere a Alvoco é a lista das Igrejas do Arcediago de Seia, de 1320-21, onde a Igreja de Santa Maria de Alvoco vem taxada em 50 libras.
Foral
D. Manuel I, em 17 de Fevereiro de 1514, concedeu foral a “Alvoco da Serra da Estrela”, tendo permanecido concelho até à grande reforma administrativa de 1836. O foral evidencia todo um ambiente de pastores e criadores de gado onde a agricultura subsidiava timidamente uma economia de subsistência. Para além dos gados e do centeio, são igualmente referidas a cultura do linho, da vinha e do trigo. Além dos funcionários necessários à gestão da administração municipal, tinha sargento-mor, alcaide e uma companhia de ordenanças.
Século XVIII
Segundo o Padre Carvalho da Costa, Alvoco da Serra teria, em 1708, 120 vizinhos, todos pastores, tendo “muita produção de castanha, alguma fructa, muito gado e bons queijos”. Segundo o Dicionário Geográfico, do Padre Luís Cardoso, de 1747, Alvoco da Serra era:
“vila na Província da Beira, Bispado de Coimbra, Arcediago de Seia, Comarca da Guarda. É del-rei Nosso Senhor e os dízimos pertencem à Comenda de Redondo e ao Bispo de Coimbra. Consta de 98 fogos e no seu termo há duas aldeias, Vasco Esteves e Casal do Guincho. A Igreja Paroquial dedicada a Nossa Senhora do Rosário está no cimo da vila e pegada à povoação. É curato que apresenta o vigário de Loriga. Dentro da vila há uma ermida de São Pedro Apóstolo e fora duas, uma de Santo António, quase pegada à mesma vila e outra de São Sebastião. Frutos que produz esta terra são: centeio, milho, castanha em pouca abundância e vinho pouco.”
Século XIX à actualidade
É sintomática a alusão à produção de milho. Com efeito, à velha agricultura de subsistência abriram-se novos horizontes com a introdução do milho no século XVIII, rasgaram-se os socalcos nas encostas por causa da água de rega, operou-se uma transformação na paisagem e na alimentação-nos finais do século XVIII e por todo o século XIX a broa tornou-se o “pão nosso de cada dia“. O centeio recuou para as terras mais pobres e frias e o milho dominava nas belgas do vale.
Com o foral de D. Manuel I, Alvoco da Serra foi vila e sede de concelho até 1836, ano em que o concelho foi extinto. Tinha, em 1801, 667 habitantes. Entre 1836 e 1855 pertenceu ao concelho de Loriga, após o que passou a integrar o concelho de Seia.
Mas, a grande novidade do século XIX, são os lanifícios. De meados do século XIX a meados do século XX, Alvoco da Serra foi um centro importante de lanifícios, a fama da sua produção era nacional. Mas a manufactura doméstica da lã é muito antiga em Alvoco da Serra como o reconheceram já os Inquéritos Pombalinos. As fontes de abastecimento da matéria-prima alteraram-se com o devir histórico e assim, nos inícios do século XIX, fabricantes-negociantes de Alvoco da Serra abasteciam-se no Alentejo, preocupação pela qualidade das suas fazendas.
As fábricas vieram a surgir oriundas, por um lado, do peso da tradição manufactureira da lã, de capitais particulares provenientes do comércio dessas manufacturas e por outro, das condições locais: abundância de água para mover as rodas hidráulicas e abundância de lã; apesar de todas as crises, a indústria foi-se mantendo, contribuindo decisivamente para a estabilidade e aumento dos quantitativos populacionais. Com o encerramento das duas fábricas existentes, em meados da década de sessenta do século XX, a de Eduardo Moura e da Sociedade Mateus e Britos, encerrava-se, porventura, o capítulo mais importante da História de Alvoco da Serra, não é por acaso que neste século a sua população ou se mantém ou aumenta e vê dois dos seus filhos ascenderem ao baronato: o barão de São Domingos, António Monteiro de Pina e o barão de Alvoco da Serra, Joaquim Monteiro de Pina. A partir da década de 60 é a decadência inexorável, a linguagem dos números é clara: 732 habitantes em 1960, 461 em 1980.
As fábricas deixaram de laborar nessa década, a maquinaria foi vendida, apenas restam os edifícios. A de Eduardo Moura foi adoptada a Turismo Rural e as duas que ultimamente pertenciam à firma Mateus e Britos, uma está a ser utilizada para habitação e, para a outra, existe um projecto de instalação de um Museu de Lanifícios. A História de Alvoco da Serra pela influência económica, social e demográfica dos lanifícios é, em grande parte, a História dos lanifícios.
Património
Em relação ao património histórico-artístico local, cumpre destacar:
- Igreja Matriz, com orago de Nossa Senhora do Rosário, de meados do século XVIII, estilo barroco mas com uma escultura renascentista de Nossa Senhora do Rosário.
- Capela de São Sebastião, talvez do século XVI
- Capela de Santo António, finais do século XVIII e de estilo barroco
- Capela de São Pedro, primitiva igreja paroquial, provavelmente românica, com três esculturas da Renascença: Espírito Santo, Santa Catarina e São Pedro
Fontes de informação
- Site da Junta de Freguesia com textos de Dr. Jorge Albuquerque
Ligações externas
Fotografias
Galeria dos nossos visitantes
As fotografias desta secção, em todos os artigos, são colocadas pelos nossos leitores. Os créditos poderão ser observados por clicar no rodapé em files e depois em info. As imagens poderão possuir direitos reservados. Mais informações aqui.
Galeria Portuguese Eyes
As fotografias apresentadas abaixo são da autoria de Vítor Oliveira.
Mapa
Artigos relacionados
Artigos com a mesma raiz:
- Seia - Artigo raiz
Artigos subordinados a este (caso existam):
Adicione abaixo os seus comentários a este artigo
Comentários