As principais idústrias artesanais da freguesia da Ponta do Pargo, no concelho da Calheta são a tecelagem e o fabrico de cestos.
Indústria Artesanal de Tecelagem
O linho é uma planta herbácea, que atinge um metro de altura e pertence à família das lináceas. Compreende um certo número de sub espécies, associadas pelos botânicos sob o nome de Linum Usitatissimum.
Compõe-se essencialmente de uma substância fibrosa da qual se extrai a fibra têxtil para a fabricação de tecidos e de uma substância lenhosa. É produtora de sementes oleaginosas e a sua farinha é utilizada para cataplasmas de papas de linhaça, usada para fins medicinais.
Do Cultivo à Tecelagem
É conhecido o provérbio que refere "os tormentos do linho" para significar uma vida "dolorosa" e "custosa". Isto dá uma ideia do quão moroso é o "tratamento do linho".
Segundo a tradição, "deve-se semear o linho na primeira Sexta-feira de Março, para ele ser fervaço" (ser grande e forte). Semeia-se na Lua Nova, pelo Entrudo, para ele ter muita febra (fibra). A linhaça (semente do linho) é guardada de um ano para o outro, ao fumo, pois assim "se conservam mais tempo e nascem melhor". Antigamente as pessoas andavam descalças. Como tal, sujeitavam-se muitas vezes a ferimentos nos pés. Numa panela deitavam as sementes num pano e deixavam ferver: Quando estavam cozidas, a água ficava viscosa.
Para curar uma entrevação (chaga), espalhavam a linhaça sobre a nódoa negra do pé. A linhaça era utilizada também para fazer chá (era bom para os intestinos).
Colocada a semente na terra, por tradição deve-se benzer. De seguida, começa-se a misturá-la com terra a adubo, utilizando uma enxada de "garfo". Era tradição fixar uma cana na terra, com cerca de 80 centímetros. Esta ficaria na terra, como medida de referencia, até que fosse feita a colheita do linho. O linho plantado nesta altura do ano dispensa a rega. Precisará apenas de ser mondado.
Quando necessário, a rega é feita geralmente ao nascer e pôr do sol, no sistema de inundação encaminhada até ao campo através de uma rede de regos feitos na altura das sementeiras.
Em Maio, as flores azuis e frágeis surgem, para dar lugar às cápsulas que albergam sementes para o futuro cultivo. "Entre São João e o São Pedro é a altura de apanhar o linho". A colheita das hastes deve ser feita um pouco antes de o fruto secar, a fim de que as fibras não fiquem ásperas; também não deve fazer-se cedo de mais para que não sejam demasiado fracas. A colheita é manual, arrancada pela raiz, a fim de se aproveitar todo o comprimento dos caules, formando-se em mancheias (pequenos molhos) com a parte da semente toda para o mesmo lado. Esta tarefa era acompanhada de cantares, que ainda hoje estão presentes na memória dos mais idosos.
Tenho o meu linho no lago
E o meu marido p'ra morrer.
Má vale o meu marido morra
Que o meu linho se perder.Se o meu linho se perder
Eu não tenho que fiar.
Se o meu marido morrer,
Eu me volto a casar.
Indústria de Cestos
Desde sempre, o povo da Ponta do Pargo se dedicou à agricultura e criação de gado vacum, para produção de leite e carne e ainda para ajudar nos trabalhos agrícolas. A terra dá de tudo um pouco, merecendo uma referência especial à vinha sercial, que se cultiva nas Fajãs. Nos sítios mais planos, as terras são lavradas através de arados puxados por vacas ou bois. E no mês de Fevereiro ou princípios de Março o trigo é lançado à terra, para colher na primeira quinzena de Julho. O trigo era a grande produção que garantia o alimento à freguesia.
Os trabalhos agrícolas obrigavam a que os homens e mulheres estivessem fora de casa de sol a sol, ou seja desde o amanhecer ao anoitecer. As refeições eram feitas no local de trabalho, o que exigiu a construção de recipientes para transporte de água e alimentos. Com um pouco de imaginação e utilizando o material de que dispunham, facilmente começaram a construir os cestos de palha de trigo, enrolados de forma circular, muito unida e segurada com fios de espadana, passados com a ajuda de uma agulha metálica.
Tinham vários tamanhos e feitios, de acordo com o tamanho da família. Conta-se que quando as pessoas iam para a serra "roçar" feiteira, coziam o milho e deitavam no cesto de palha de trigo da seguinte maneira: Primeiro colocavam uma toalha de linho ou estopa no fundo do cesto a qual era polvilhada de farinha para que o milho não pegasse. Depois segurando as pontas da toalha, vertiam para dentro a panela do milho, (papa). À hora da refeição, todos se juntavam à volta do cesto, para comer o milho, ainda quente. Era acompanhado com torresmos de porco e vinho. Também usavam estes cestos para levar água para a fazenda e ainda para transportar o pão e o bacalhau, aquando das Romarias do Loreto, Ponta Delgada e Monte.
Ligações externas
- Blog Ponta do Pargo News
- Site oficial da Associação Desportiva e Cultural da Ponta do Pargo
- Fotos Ponta do Pargo
- Site da Câmara Municipal da Calheta
Artigos relacionados com Ponta do Pargo
Fotografias
Galeria dos nossos visitantes
As fotografias desta secção, em todos os artigos, são colocadas pelos nossos leitores. Os créditos poderão ser observados por clicar no rodapé em files e depois em info. As imagens poderão possuir direitos reservados. Mais informações aqui.
Galeria Portuguese Eyes
As fotografias apresentadas abaixo são da autoria de Vítor Oliveira.
Fotografias da região
Mapa
Artigos relacionados
Artigos com a mesma raiz:
- Ponta do Pargo - Artigo raiz
Artigos subordinados a este (caso existam):
Adicione abaixo os seus comentários a este artigo
Comentários