O Bairro do Alto da Cova da Moura é um aglomerado populacional de construção clandestina, situado na freguesia da Buraca, no concelho da Amadora, nos arredores de Lisboa. Neste bairro residem mais de 6.000 habitantes. Pode dizer-se que o bairro nasceu com o 25 de Abril e, assim, trata-se de um bairro jovem. Tanto porque os seus habitantes instalaram-se depois de 1977 como também cerca de 50% dos seus habitantes têm menos de 20 anos. A grande maioria é de origem africana: 75% são caboverdianos, mas há também guineenses, angolanos e ainda portugueses provenientes do norte e do centro do país. Nos últimos anos, trabalhadores dos países de Leste encontraram aqui uma cama para dormir.
A maioria da população activa masculina trabalha na construção civil (44,5%). As mulheres trabalham essencialmente no serviço doméstico, limpeza, restaurantes e na venda de peixe e fruta.
História
Com efeito quando se deu o Movimento Libertador do 25 de Abril de 1974, o Morro hoje chamado hoje chamado de Bairro do Alto da Cova da Moura, não era mais do que terra de cultivo (trigo), onde havia numa extremidade uma vacaria, local denominado de Quinta de Outeiro, e noutra extremidade uma pedreira, situada junto à Avenida da República, em frente às instalações da Empresa Martins & Almeida. Havia umas barracas junto à vacaria, que ainda hoje existem, e umas poucas também junto ao local da pedreira, ocupadas principalmente pelas famílias Faustino e Mouras. Tudo indica e faz crer, que o nome de Alto da Cova da Moura, veio da ligação feita entre o Morro, elevação (alto), o buraco na pedreira para exploração da pedra (cova), e (Moura) que adveio da família dos Mouros, que habitavam e ainda hoje habitam alguns descendentes junto à pedreira.
Foi a partir da Revolução de Abril que mais algumas famílias se atreveram a vir para este local, erguendo as suas barracas e instalando-se, minorando assim as suas dificuldades económicas de alojamento. No entanto foi só a partir do ano de 1976/1977, que verdadeiramente a ocupação dos terrenos e a construção mais atrevidas de habitações se começou a fazer, com a vinda para o local dos chamados retornados, europeus e africanos, portugueses vindos das ex-colónias portuguesas. Depois de serem obrigados a abandonar todos os seus haveres, fruto de anos de sacrifícios, voltaram à terra pátria, desejosos por se fixarem e começar a lutar por uma nova vida. Contudo a fixação no local deparou com dificuldades inesperadas dado que a Junta de Freguesia da Amadora e a Câmara Municipal de Oeiras, autarquias que superintendiam nesta zona, procediam a demolições constantes dessas novas habitações que aqui se erguiam, o que forçou os ainda poucos moradores no local a reunirem-se e a elegerem uma sua representação que foi mandatada para ir a Oeiras solicitar uma audiência e falar com o senhor Presidente da Câmara Municipal de Oeiras. Da reunião tida com o senhor Presidente da Câmara Municipal de Oeiras, foi de certo modo compreendida a desgraça e o mau bocado passado e a passar pelas famílias que aqui se acolheram e respeitando certas regras e princípios, deixamos de correr o risco da demolição das recentes e modestas habitações. Entretanto mesmo sem o perigo de demolição das nossas habitações, a vida era por demais miserável e difícil, pois não havia água, esgotos, electricidade, telefone, arruamentos, entre outras coisas essenciais.
Comissão de Moradores
Apesar das dificuldades os moradores foram aumentando em número e em qualidade, predispondo-se a lutar na esperança de ali poderem permanecer. Chega o ano de 1978 e a necessidade sentida pelos moradores de se organizarem para melhor se defenderem e dialogarem com ainda Junta de Freguesia da Amadora e Câmara Municipal de Oeiras, forçou a iniciativa de alguns moradores a organizar um plenário onde ficou decidido a marcação de eleições para eleger uma Comissão de Moradores, o que veio a concretizar-se no primeiro acto eleitoral realizado no Bairro do Alto da Cova da Moura, aos 12 de Novembro de 1978, e na eleição da primeira Comissão de Moradores deste Bairro. A este primeiro acto eleitoral realizado na Cova da Moura, aos 12 de Novembro de 1978 concorreu uma só lista, designada Lista A e que em 249 votantes, obteve 247 votos válidos, tendo este processo eleitoral sido acompanhado pela então Junta de Freguesia da Amadora.
Esta primeira eleita Comissão de Moradores que ano após ano, salvo alguns interregnos e troca de formações, foram sendo eleitas, trouxeram-nos até ao ano de 1994, mais propriamente a 30 de Janeiro de 1994 data da Constituição e Eleição dos Primeiros Corpos Gerentes da actual Associação de Moradores do Bairro Alto da Cova da Moura, que com um estatuto diferente está dando continuidade aos trabalhos desenvolvidos pelas sucessivas Comissões de Moradores desde 1978.
Não será demais lembrar aqui que a primeira Comissão de Moradores eleita em 1978, como as outras que ano após ano foram sendo eleitas. Tiveram um trabalho árduo e persistente junto da então Junta de Freguesia da Amadora e Câmara Municipal de Oeiras primeiro, Junta de Freguesia da Buraca e Câmara Municipal da Amadora depois, no sentido de se conseguir o que hoje felizmente temos água, esgotos, electricidade, telefone, arruamentos, escola primária e tantos outros benefícios que têm melhorado a vida de todos os que aqui habitam.
Com a vinda para o Bairro de todos os melhoramentos atrás referidos os já residentes sentiram-se mais confiados no futuro, aumentando e melhorando as suas casas e outros novos moradores foram construindo, aumentando assim de uma forma desordenada, as Comissões de Moradores de então, e agora a Associação de Moradores viram-se incapazes de suster tal desordenamento prejudicial para todos, assim chegamos ao que é hoje o Bairro do Alto da Cova da Moura.
O Bairro do Alto da Cova da Moura, tem no seu seio muito de negativo, a Associação de Moradores é a primeira a lamentar e a combater o que de mal aqui há e se passa, constantemente solicitamos a colaboração e o empenho das Autarquias Locais e Forças de Segurança no sentido de que sejam combatidas essas anomalias. No entanto é justo considerar que na Cova da Moura a maioria da sua população é gente ordeira e trabalhadora que só quer viver em paz, acreditando e desejando que seja feita a recuperação do seu Bairro, para poderem encetar uma nova fase das suas vidas em segurança e com esperança num futuro melhor.
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