Terra Prometida

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Andava eu a pensar sobre o que deveria escrever nestes primeiros posts do Blog da Memória Portuguesa, quando me lembrei do quanto as pessoas costumam estar mais sensíveis às temáticas religiosas nesta época do ano. Lembrei-me então da bem conhecida expressão bíblica "Terra Prometida", que designa o território que o Deus dos hebreus havia prometido aos seus antepassados. Esta terra da promessa era descrita como "uma terra fértil e espaçosa, uma terra que mana leite e mel". Como é do conhecimento geral, esta terra prometida veio a ser a região da antiga Palestina, ou Canaã, onde os israelitas se estabeleceram. Hoje, é nesta zona do Oriente Médio, na extremidade sudeste do mar Mediterrâneo, que existe o único estado judaico do mundo, o Estado de Israel.

Visto que a Bíblia descreve a Deus como Todo Poderoso, certamente poderia ter prometido ao Povo Eleito uma região selecta do planeta. Teria a capacidade de oferecer aos judeus um verdadeiro paraíso na Terra, "conduzi-los à terra que escolhera para eles, terra que mana leite e mel, a jóia de todos os países". Com esta descrição, talvez se imaginasse uma região de selvas luxuriantes ou ilhas tropicais de praias cristalinas. Mas afinal, vieram a ficar numa zona que, aparentemente, nada tinha de particularmente extraordinário e que dificilmente seria escolhida para ilustrar panfletos turísticos. Mas, pensando bem, não seria melhor morar numa terra com diversidade paisagística, mas sem extremos, permitindo assim agradar à maioria dos habitantes? Não seria melhor uma zona temperada, sem exageros de temperatura ou clima e sem os perigos usualmente associados às zonas tropicais ou gélidas do planeta?

Este raciocínio levou-me a comparar a região da Palestina com o território de Portugal Continental. Curiosamente, na minha opinião, as duas zonas possuem algumas similaridades. A terra prometida possuía cerca de 500 quilómetros de extensão ao longo de uma extensa faixa costeira, numa área rectangular orientada de norte a sul. Portugal não é muito diferente. Israel possui regiões montanhosas com ocorrência de neve no norte e no interior do país, destacando-se o monte Hérmon, coberto por neve na maior parte do ano. Possui planícies férteis na zona central e áreas semi-desérticas mais a sul. A influência do clima mediterrânico, que caracteriza ambos os países, resulta em paisagens similares de pastagens, searas e pomares, olivais e vinhas.

É esta a proverbial terra prometida, afinal não muito diferente do país que habitamos. Tal como a Israel, a descrição bíblica poderia referir-se perfeitamente ao nosso território:

"O teu Deus vai introduzir-te numa terra boa: terra cheia de torrentes de água e de fontes profundas que jorram no vale e na montanha; terra de trigo e cevada, de vinhas, figueiras e romãzeiras, terra de oliveiras, de azeite e de mel; terra onde comerás pão com abundância, pois nela nada te faltará; terra cujas pedras são de ferro, e de cujas montanhas extrairás o cobre. Quando comeres e ficares satisfeito, bendiz a teu Deus pela boa terra que te deu."

Sejamos crentes ou não, penso que nós, portugueses, temos excelentes razões para estar satisfeitos com o território em que vivemos. Muitos de nós somos lestos em elogiar o estrangeiro mas esquecemo-nos das belezas que nos couberam em sorte. E quantas podemos admirar, sejam elas naturais ou patrimoniais! Isso não significa que eu não aprecie outros locais deste planeta. Já viajei um pouco e admirei muito do que visitei por esse mundo fora. Mas o que vi não me fez esquecer este "Jardim da Europa à beira-mar plantado", a nossa Terra Prometida.

Aqui vos deixo uma das oitavas do poema "A Portugal" (1862), da autoria de Tomás Ribeiro:

Jardim da Europa à beira-mar plantado
de loiros e de acácias olorosas;
de fontes e de arroios serpeado,
rasgado por torrentes alterosas,
onde num cerro erguido e requeimado
se casam em festões jasmins e rosas;
balsa virente de eternal magia
onde as aves gorgeiam noite e dia.

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