Brasfemes

Brasfemes
Coimbra



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Brasfemes é uma freguesia portuguesa do concelho de Coimbra, com 10,31 km² de área e 1.847 habitantes (2001). Densidade: 179,1 hab/km².

Brasfemes está situada na parte norte da área peri-urbana da cidade de Coimbra, e é detentora de belas e contrastantes paisagens. Possui confrontações com as seguintes freguesias:

Tem como fronteira natural, do lado noroeste, a Serra de Ilhastro (em mapas topográficos recentes, surge com o topónimo de Alhastro), que tem interesse de foro geológico. Apesar de já estarem em adiantado estado de declínio, recordam-se os tradicionais moinhos de vento que transformavam a farinha em pão, bem como as suas pedreiras para a prática da cantaria (estão já desactivadas mas servem de referência para o estudo da vida social e económica da povoação.

Já escrevia em 1873 Augusto Soares d’Azevedo de Pinho Leal:

“A Serra de Ilhastro tem muito boa pedra de cantaria, muito branca e lustros. No alto tem 1500 metros de comprido e uns 800 metros de largo onde se cultivam oliveiras. Situada em posição alta e fragosa, mas fértil, Brasfemes esta situada por matas florestais, eucaliptos e pinheiro bravo, manta esta que se desenvolve em planalto que muralha a freguesia.”1

Topónimo

Convivendo paredes-meias com topónimos nativos, celtas, latinos e germânicos, a toponímia de origem árabe é muito frequente na região de Coimbra. Dos séculos IX a XII predominou aqui uma forma de integração política, linguística, cultural e religiosa a que chamamos moçarabismo.

De entre os vários topónimos de origem árabe, Brasfemes terá partido da villa abrahemi, ou seja, a propriedade, quinta ou herdade de um tal "Abraão". A evolução linguística do topónimo não é francamente regular, desde logo pela interposição do "s" e pela terminação tamém em "s". Talvez tenha ocorrido uma "contaminação" por outros topónimos ou por analogias com outras palavras.2

Segundo José Pedro Machado o topónimo Brasfemes deve tratar-se de um genitivo do antropónimo Brafeme, embora não se encontre explicação para o aparecimento do "s".3 O mesmo autor aponta a utilidade de averiguar a antiguidade da forma Brasfemes, pois é possível que tenha havido uma influência analógica, talvez até do antropónimo Brás, mas parece que esta segunda teoria é mais lendária do que científica. Como hipótese remota, o topónimo pode ainda derivar do vocábulo blasfemos, que designa os que dizem blasfémias. Aos brasfemenses custa aceitar esta última indicação do autor, até porque existem outros dados históricos mais credíveis.

O topónimo aparece referido ainda em estudos e documentos ao longo dos tempos sob várias formas: J. M. Baptista refere Brasfemias; P. Carvalho Brafemeas, Bralfemias e Barafemeas; P. Marques regista Brazfémeas; P. Leal refere Brafemeas e Brafemes; por último, Leite de Vasconcelos regista Brasfemes.

No século XVI, de acordo com o censo de 1527, o "s" final ainda não figurava.

Lenda

O nome que dá origem a Brasfemes está envolto num misto de lenda e misticismo. Aquela que mais consenso parece gerar nos seus habitantes remonta ao século XII. Conta-se que numa grande quinta agrícola existia um tal Senhor Brás, casado e com várias filhas, todas elas muito bonitas (ontem, como hoje!). Porque havia amiudadas vezes bailaricos, diziam os rapazes namoradeiros: "Vamos dançar com as filhas do Brás das fêmeas". Assim, sucessivamente, o nome da terra teria vindo a ser alterado até aos nossos dias, em que é conhecida por Brasfemes.

História

Recuando até à invasão árabe, que se iniciou em 711, encontramos um registo árabe sobre a zona onde se encontra actualmente Brasfemes. Assim as terras de Brasfemes tiveram como primeiro nome Creixemires ou Creixomil, nome do árabe que conquistou toda a área de Coimbra até Lorvão.

Em 878 os cristãos, que se tinham refugiado nas Astúrias, levam a cabo a reconquista, conhecendo vitórias e também reveses. No ano de 984 os muçulmanos reconquistam toda esta área, ficando despovoada, mas em 1064 Fernando, o Magno, reconquista Coimbra e fez-se o consequente repovoamento, tão necessário para defesa dos territórios. É dado a Alvito Abrafemes a tarefa do repovoamento desta zona.

Nos séculos X e XI, os responsáveis pelo Mosteiro de Lorvão chegaram a um bom entendimento com os proprietários destes domínios, angariando prestígio, e as terras foram-lhes doadas, pois nelas existe boa pedra para a construção do edifício. A pedra provinha da Serra de Ilhastro ou Alhastro, designada nos documentos desta época como monte Oleaster, notabilizado pelas suas excelentes cantarias e pelos seus produtivos olivais. Pensa–se que a igreja paroquial tenha sido mandada construir pelos frades do Mosteiro de Lorvão, para que os trabalhadores das pedreiras não tivessem que se deslocar para muito longe afim de assistir à missa dominical. Confirma–se a ligação aos domínios de Lorvão, até porque a igreja tem como orago São João Baptista e, todas as igrejas pertencentes ao Mosteiro eram dedicadas ao apóstolo São Tiago (como a de Botão) ou a São João Baptista, este último na sua quase totalidade.

Na igreja matriz de São João Baptista, era a abadessa Lourbanense, quem apresentava o vigário e cuidava da manutenção da capela–mor e das casas da residência paroquial. Era também às freiras de Lorvão, a quem os moradores da freguesia pagavam as duas partes dos dízimos, as rações e foros. Várias parcelas de terreno foram concedidas em doação aos eclesiásticos por particulares. A este propósito, Brasfemes, nos alvores do século XII, figura em vários documentos. Numa doação, datada de 23 de Abril de 1102, Brasfemes figura com o nome de Abraheme. Sendo o primeiro outorgante Maria Durães e o segundo outorgante a Sé de Coimbra, doava–se a oitava parte de uma herdade que possuía Maria Durães, em Brasfemes, assim como uma vinha em Vila Mendiga (c. Coimbra), reservando–se o direito de dispor delas em caso de necessidade. Há ainda outras referências documentais do século XII, tais como em 1159, em que Gonçalo Fernandes concede ao sacerdote Soeiro o seu casal de Brasfemes. Em 1163 Diogo Bom e sua mulher, Justa Martins, doam ao abade de Lorvão uma herdade.

Sabe-se ainda que Brafemes, Brasfemes ou Brafemeas antigamente tinha juiz ordinário, escrivão e procurador, postos pela comarca de Coimbra que lhe passa suas cartas de serventias para governarem o “logar de Bostellim, Lagares e Sincera”. Aparece em Documentos Medievais Portugueses, publicados pela Academia Portuguesa de História e nas Chancelarias Medievais Portuguesas, em 1139, como Brafemes.

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