Campeã é uma freguesia portuguesa do concelho de Vila Real, com 24,08 km² de área e 1.627 habitantes (2001[2]), ocupando a maior parte da região com o mesmo nome, entre as serras do Marão e do Alvão. Das 30 freguesias do concelho, é a 3.ª em área, a 12.ª em população residente e a 20.ª em densidade populacional (67,6 hab/km²).
Localidades
A Campeã disputa com Mouçós o título de freguesia do concelho com mais lugares. Devido à contiguidade de muitos destes, nem sempre é possível estabelecer inequivocamente o seu número; uma lista possível será: Aveção do Cabo, Aveção do Meio, Aveçãozinho, Balsa, Boavista, Carvalheira, Chão Grande, Cotorinho, Cruz, Espinho, Estalagem Nova, Parada, Pêpe, Pereiro, Pousada, Montes, Seixo, Vendas (sede), Viariz da Poça, Viariz da Santa e Vila Nova (não confundir com a aldeia homónima da freguesia de Folhadela).
História
O mais antigo documento conhecido que lhe faz referência data de 1091 («in terrotoris Pannoniarum… subtus mons Campelana»). Em 1134, foi por D. Afonso Henriques concedida carta de couto à chamada «albergaria do Marão», aí situada. Segundo as Memórias de Vila Real, em 1530 a freguesia é denominada de Santo André, mas na Relação de Vila Real e seu Termo (1721) já surge com o nome actual.
Tal como todas as demais terras pertencentes aos Marqueses de Vila Real, a Campeã passou em 1641 para a posse da Coroa, quando o Marquês e o seu herdeiro foram executados sob acusação de conjura contra D. João IV. Em 1654, passou a integrar o património da recém-criada Sereníssima Casa do Infantado, situação que se manteve até à extinção desta, aquando das reformas do Liberalismo (1836). Com estas, a região da Campeã passou a pertencer ao antigo concelho de Ermelo, tendo sido de novo transferida para o de Vila Real pelo decreto de 31 de Dezembro de 1853 que extinguiu aquele.
A freguesia da Campeã foi dada como fôro à Mitra de Braga e à casa de Gonçalo Cristóvão num dos primeiros séculos da nossa nacionalidade; posteriormente foi foreira das casas do infantado, Morgado de Mateus e torre de Quintela. Alem disso, a Campeã pertenceu ao concelho de Êrmelo até 1855, tendo sido incorporada no de Vila Real, por decreto de 31 de Dezembro de 1853 (Diário do governo, nº3, de 04/01/1854), isto porque Êrmelo deixou de ser concelho e passou a ser freguesia do concelho de Mondim de Basto.
Esta freguesia é muito antiga e supõem-se ter sido fundada pelos romanos (devido a existência de vestígios arqueológicos na região). Sabe-se que os Reis lhe deram foral e a doaram aos frades do convento dos Jerónimos de Lisboa.
Os habitantes pagavam fôro aos frades e esse pagamento era enviado ao convento do Pombeiro. Posteriormente, esse fôro passou a ser pago ao Morgado de Vila Cova (esta também pertenceu ao concelho de Êrmelo, mas no momento que este deixou de existir, foi separada deste para pertencer ao de Vila Real), pois estes eram pessoas riquíssimas e tinham anexado a sua residência a colegiada de Santa Ana, com 5 frades e um capelão, sustentados pelos rendimentos do Morgadio.
A freguesia da Campeã tem como orago e padroado, Santo André, facto que a levou a ser denominada em tempos de freguesia de Santo André da campeã. A igreja de Santo André é do primado da mitra primás, que a apresenta com título de abadia, pois o pároco desta freguesia ganhava a quarta parte dos frutos que se colhem nesta freguesia, e o restante dos dízimos dos tais frutos eram para a mesma mitra.
O Abade desta freguesia era apresentado pelo Arcebispo de Braga e tinha como renda 700$000 Reis (na moeda antiga), isto porque o Arcebispado de Braga tinha domínio sobre esta aldeia (só até o século XVI, altura em que a diocese de Miranda foi criada, passando esta a dominar a região de Trás – os Montes, incluindo esta freguesia), mas Vila Real era o Distrito Administrativo. Esta Freguesia era do infantado e povoação muito antiga.
A Igreja de Santo André tem uma irmandade das Almas, e os seus estatutos são confirmados pelo ordinário, que determina os sufrágios dos irmãos defuntos e tem bula apostólica com jubileu perpétuo para os mesmos irmãos. Tem quatro confrarias, a do Santíssimo Sacramento, a de Nossa Senhora do Rosário, Santo Nome de Jesus e a de São Sebastião, todas estas sustentam-se com as esmolas e devotos dos fregueses, que anualmente escolhem os mordomos para a realizarem as festas de cada confraria. Actualmente a confraria de S.Sebastião é a única à qual se realiza festa, conjuntamente com a do padroado e a de santa Ana.
Nos seus primórdios esta freguesia apenas era constituída por 12 lugares: Vendas da Campeã, Lomba Meão e Telhada, Cotorinho, Parada, Viaris da Santa Cruz, Viaris, Vila Nova, Aveção do Cabo, Aveção do Meio, Aveçãozinho e Pepe. Cada um destes lugares, excepto Vendas pois ficava junto da Igreja, tinha a sua capela, que tinha como objectivo principal combater a heresia da população e administrar os sacramentos, excepto os sacramentos aos enfermos.
Segundo os censos realizado em 1930 a Campeã foi alvo de uma evolução e modificação a nível dos seus lugares, pois de 12 passou a contar com 17, sendo acrescentado o lugar da Balsa, Boavista, Chão-Grande, Pereiro, Pereira, Pousada, Montes; e foi retirado o lugar de Lomba Meão e Telhada.
Nesta freguesia existiram outrora, varias famílias nobres, como por exemplo os Botelho, os Amarais, os Borges e os Guedes, tendo estes últimos, uma pedra de armas no átrio do governo civil de Vila Real.
Economia
Os rigores do frio e a aspereza das montanhas, não impedem que as pessoas desta região tenham como principal meio de subsistência a agricultura, (ou seja, o sector primário) onde predomina a cultura da batata e a exploração leiteira e a criação de gado bovino de raça «maronesa», para o qual possui excelentes pastagens. Dada a sua importância económica, realizam-se duas feiras de gado nos dias 10 e 21 de cada mês, esta realiza-se na localidade com o mesmo nome (feira). Ligada à criação de gado surgem diferentes empresas, como suinicultura, ordenhas e vacarias.
A riqueza deste vale proporciona a produção variada de espécies vegetais, sendo produzido em maior quantidade o milho (sobretudo para a forragem do gado), a batata, o mel, centeio, trigo, feijão, castanha e outros produtos hortícolas que constituem a base da nossa alimentação. Para que estes produtos tivessem uma longa duração, eles eram colocados nos espigueiros ou canastros, que actualmente se encontram em ruínas. Não produz grandes quantidades de vinho por causa da frialdade do clima, no entanto nas povoações do Cotorinho, Montes e Parada, produz-se vinho em pequenas quantidades, mas em enormes qualidades sendo muito apreciado. A superfície agrícola utilizada era, em 2001, de 1.030 hectares. Sendo a superfície agrícola não utilizada de apenas 5 hectares.
Mas este ambiente rural e pastoral é quebrado por algumas actividades do sector secundário, nomeadamente a exploração mineira, explorada em Vila Cova (região da Campeã) e transformada na freguesia através de uma empresa especializada com o nome de Vicominas. Actualmente estas minas estão desactivadas existindo apenas memórias e grandes armazéns abandonados. A população da campeã labora ainda na construção civil, que tem vindo a desempenhar um grande peso na vida da população e nos últimos anos tem tido um importante papel dinamizador, com a existência de sete empresas empregando assim um elevado número de pessoas, bem como na serração, no tratamento das madeiras utilizadas, das abundantes árvores existentes nestas vertentes. A floresta é explorada em regime de co-gestão com os serviços florestais e os concelhos Directivos dos baldios.
Para além destas actividades a pequena indústria tem também desempenhado um papel importante, assim como a extracção de ardósia existindo uma indústria própria para o efeito (actualmente também está desactivada, existindo apenas um enorme armazém abandonado). Em tempos existiu também uma indústria de cal, explorada por uma empresa denominada «Empresa de cal da campeã, l.da», que produziu cal hidráulica, utilizando o calcário vindo de Campanhó (freguesia do concelho de Mondim de Basto).
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Comentários
tenho orgulho de ser desta magnifica terra , jamais trocaria por outro lugar, o ar purifica a mente, enquanto o olhar deslumbrante da paisagem faz-nos regenovescer ao mesmo tempo que o gigante adormecido descansa no leito da Campea . este era o nome que Miguel Torga chamava á Serra do Marão. e lembrem-se " pra cá do Marão mandam os que cá estão". infelizmente estão a estragar a paisagem , obrigado Socrates por a tua ignorância que graças a ti Portugal está a perder aquilo que jamais voltará a ser como era , sinto muito pela geração vindoura que só iram conhecer por fotografias a verdadeira Serra Do Marão .
Meu avo nasceu neste sitio em 1902, tendo vindo ao Brasil por volta de 1914. Seu nome de batismo é Felismino Fonceca Goto, seu pai (meu bisavo) José Fonceca Goto, porém ao chegar ao Brasil, o nome de meu avo foi trocado para Fermino da Costa. Gostaria de saber se alguém tem noticias desta familia (Fonceca Goto) ou enviar algum contato para que eu tenha maiores informações. Grato a todos.
Também tenho muito orgulho de ter nascido, crescido e vivido parte da minha existência nesta terra de que todos gostamos.
Essa de "para cá do Marão mandam os que estão" já não colhe em pleno século XXI. Nem isso nos beneficiaria em nada.
Já agora, para que é chamado aqui o Sócrates? Será por ter querido trazer desenvolvimento ao interior Transmontano?
Saudaçoes conterrâneas.
Embora aqui não tenha nascido, Mesão-Frio, Venda Nova, Sabrosa, Alijó e Vila Real, (terras onde vivi), moldaram-me o carácter e fizeram de mim um transmontano igual a todos os outros. Sou "neto" da Margarida da Feira e filho do Domingos e da Ana Rosa. Fui aluno da D. Isaura, do prof. Teixeira e de mais uma senhora "regente" da Venda de Cima, de cujo nome me não lembro. Em Viariz fiz o exame da terceira classe, em Vila Real, o da quarta e, no seminário de Vila Real, uma série não pequena de outros.
Nascido em Lisboa, (os filhos dos portugueses nascem em toda a parte, até em Lisboa…..) e, baptizado em Mesão-Frio, cedo comecei a ser moldado à imagem da terra que reclamo como minha. A minha aldeia e toda a gente tem uma aldeia, é a Campeã, onde ainda hoje conto com "eternas" amizades, forjadas nos bancos da escola, das "patifarias", das cavalhadas, dos entrudos, do doce da Teixeira que sem pó é quase insípido e sortidas aos ninhos de rola e melros, que os de poupa cheiram mal como o caraças. Nesta quase véspera da Sant'Ana, saúdo todos os que nesta terra penduram o pote e os a que sentem profundamente como sua. Abraço a todos e votos de muita saúde e "algum dinheirame" também.
Olá a todos e todas, no dia 13 de maio de 2018, vou visitar a freguesia de Campeã, onde viveu minha avó (Maria Albertina Teixeira) e que imigrou para o Brasil na década de 1920. Acredito que minha bisavó e meu trisavô viveram em Campeã, respectivamente, Anna Pires Teixeira e Joaquim Pires Teixeira. Pretendo, se for possível, conhecer a casa onde viveram e mesmo o túmulo onde possam ter sido sepultados. Se alguém tiver alguma informação sobre essa família Pires Teixeira, em Campeã, eu agradeço. Meu e-mail é moc.liamtoh|cs_ramasa#moc.liamtoh|cs_ramasa. Agradeço desde já a colaboração.
Meu avo nasceu neste sitio em 1902, tendo vindo ao Brasil por volta de 1914. Seu nome de batismo é Felismino Fonceca Goto, seu pai (meu bisavo) José Fonceca Goto, porém ao chegar ao Brasil, o nome de meu avo foi trocado para Fermino da Costa. Gostaria de saber se alguém tem noticias desta familia (Fonceca Goto) ou enviar algum contato para que eu tenha maiores informações. Grato a todos.