Há em Loriga uma devoção bem vincada à Virgem com o título de Nossa Senhora da Guia. A noroeste da povoação, num morro que emerge da ribeira de São Bento, branca e airosa, levanta-se uma ermida em Honra de Nossa Senhora da Guia. A sua devoção está bem viva e firme na alma do povo Loriguense.
Origem do título
Sob o aspecto histórico o título de Nossa Senhora da Guia tem sua origem na Igreja Ortodoxa, onde a Santíssima Virgem é invocada sob o nome “Odigitria”, que significa “Condutora”, “Guia” de Jesus desde a infância até o início de sua vida pública, consequentemente invocada como guia e protectora do povo de Deus.
São diversos os locais onde Nossa Senhora da Guia passou a ser venerada. Via de regra, a Virgem Maria encontra-se sentada, segurando o Menino Jesus como que o amparando, mas diversos outros ícones da Virgem da Guia variam conforme a localidade e os costumes. Representações mais recentes apresentam Maria a meio corpo, vestida com uma túnica branca e um manto azul. Sobre a cabeça um véu branco e as mão unidas em oração. Há outras representações que variam, algumas delas apresentam-na com uma estrela em uma das mãos simbolizando a Estrela Guia, que conduziu os Reis Magos até a manjedoura onde encontrava-se o Menino Jesus.
Origens da capela
Nos meados do século passado existiam em Loriga os “Cartagenos” ou sejam negociantes que por esse Portugal fora vendiam peças de lã inteiramente feitas à mão. Foram eles, com certeza, os imediatos antecessores dos industriais de Lanifícios. Loriga, era aliás, terra ideal para essa indústria, pois a água que corre nas ribeiras era força motriz para mover as suas máquinas. Esses “Cartagenos” nas suas andanças comerciais viram em Vila do Conde, junto à foz do Rio Ave, uma ermida em Honra de Nossa Senhora da Guia, padroeira dos pescadores. Quando em Loriga se pensou em levantar uma capela em louvor da Virgem o título escolhido foi de Nossa Senhora da Guia.
Como nesta época começavam a sair muitos Loriguenses para o Brasil, mormente na região do Amazonas, nas cidades do Pará e Manaus, a evocação escolhida foi a de Nossa Senhora da Guia, Padroeira dos Emigrantes, que mais tarde se estendeu a todos os que desta vila emigraram para os vários países da Europa na década de 60.Mesmo não poderia ser outro.
Local
Nos primeiros anos da década de 1880, quando se procedia às obras da reconstrução da Igreja Matriz, destruída em consequência de um abalo de terra, a ideia da construção da capela da Nossa Senhora da Guia ganhou forma na mente do povo de Loriga, que era muito devoto, de muita fé e de muita coragem. O monte “Gemuro”, situado a nordeste da povoação a pouco mais de um quilómetro do centro da Vila, foi o escolhido por ser terreno plano, soalheiro e de boas vistas. Este local já então era visitado, pois servia de miradouro para os Loriguenses olharem o monte do Colcorinho sobretudo no domingo do Entrudo Santo, aquando da celebração da festa de Nossa Senhora das Preces em Vale de Maceira. E o povo era tanto, já nessa altura, que um homem de Valezim fazia comércio vendendo refrescos e rebuçados.
No entanto, não foi uma escolha pacífica, originando muitos conflitos e confusões, que só o tempo viria a apagar. Este monte era uma passagem dos proprietários dos pinhais e servia também de caminho de acesso à freguesia da Cabeça. Ali se juntava o povo aos domingos, nas tardes de verão, facto que desagradava os proprietários daquelas terras e pinhais. Mas o povo, cada vez mais atraído por aquele local para os seus convívios familiares, de lazer e descanso, movidos pela ideia da construção da capela, começaram a derrubar os pinheiros e a terraplenar o terreno. Nem mesmo as autoridades administrativas locais conseguiram demover o povo do fim que tinha em vista, passando desde logo esse lugar a chamar-se Senhora da Guia. Em 1884, foi concluída a construção da capela feita de pedra de xisto. A primeira festa realizou-se a 6 de Outubro e, a partir desse ano, começou a ser realizada anualmente no primeiro Domingo de Agosto. O sacerdote responsável pela Paróquia no ano de construção da primitiva capela era o Senhor Padre Matias.
Imagens
A imagem da Virgem bastante expressiva foi feita possivelmente em Braga e data da data da construção da primitiva capela. Chegou até bastante antes da capela estar concluída. Existe outra imagem – a Senhora da Guia pequenina – que terá vindo para Loriga só por volta de 1901 ou 1902. A razão desta segunda imagem é a seguinte: No dia da Festa que exceptuando o primeiro ano (1884) sempre se realizou no primeiro Domingo de Agosto, de manhã muito cedo, a imagem vinha em procissão da Capela para a Igreja, regressando para a sua Capela cerca do meio-dia. Acontecia que muitos romeiros, alguns de longes terras, vinham até à capela cumprir as suas promessas e dar as suas ofertas e não encontravam a Imagem da Virgem o que bastante os desconsolava. Foi por isso que se mandou fazer outra imagem que substituísse, na ausência da primitiva imagem de Nossa Senhora da Guia. Existem dois guiões de Nossa Senhora da Guia: Um vermelho oferecido em 1888 e que por ser muito alto foi cortado quando da inauguração da electricidade em Loriga e outro azul bastante mais largo que a rodeia.
Primeira capela
Esta capela durou cerca de 40 anos e tinha a entrada principal virada para a povoação, razão porque o povo cantava:
Nossa Senhora da Guia
Combatida pelo vento
Tem as suas portas viradas
Pr’o Santo Sacramento
Segunda capela
Como aquele local era frequentemente assolado por ventos fortes e enxurradas de águas no inverno, o estado de degradação da capela acentuou-se. Em 1917-18, após mais de três décadas de existência e como não parecia oferecer segurança, constituiu-se uma comissão com a finalidade de dar início à construção de uma nova capela. Foi então demolida e, no seu lugar, edificou-se uma outra, que ficaria concluída por volta do ano de 1921. Esta capela, que chegou até aos nossos dias, com as medidas de 9,30 x 6,90 metros, tem, ao longo da sua existência, conhecido várias transformações, pelo que apresenta poucas semelhanças com a inicialmente edificada.
Os relatos da época dizem que a festa realizada após a construção da nova capela foi de verdadeira emoção e alegria. Era então pároco de Loriga o Monsenhor António Gouveia Cabral e no rosto de todos os presentes era bem visível esse contentamento por terem proporcionado uma digna capela à Virgem que, do seu andor, parecia dizer ao menino que olhava sua Mãe: “Vê como meus filhos me amam”.
Controvérsia
Apesar desta euforia, ao longo dos anos têm-se presenciado alguns conflitos entre o povo loriguense e as entidades paroquianas. O primeiro conflito surgiu em 1935, quando foi constituída pela primeira vez uma Comissão para organizar a festa, que até então tinha estado a cargo do Pároco. Esta Comissão publicou uma programação onde não constava nenhuma referência ao culto religioso. A situação provocou um contencioso entre o Pároco e os membros da Comissão, resultando no envio de uma carta ao Bispo da Guarda por parte do Pároco. Em resposta a essa carta, o Bispo incumbiu-o de adiar a festa até que fosse conveniente a sua realização.
Este contencioso prolongou-se durante quatro anos e, no ano de 1939, pela única vez na história, não foi celebrada a festa em honra de Nossa Senhora da Guia. Mesmo assim, em sinal de protesto, alguns populares lançaram foguetes na noite anterior à data da festa. Esta situação levou novamente o Pároco a informar o Bispo dos acontecimentos que, em resposta, fez chegar um comunicado onde pedia os pormenores do sucedido e os autores dos mesmos, ameaçando-os mesmo com uma possível detenção. Consta no entanto que, 15 dias volvidos, foi realizada uma celebração na capela em substituição da festa.
Já num passado bem recente, outra polémica foi levantada em torno da festa de Nossa Senhora da Guia, por causa de uma tradição de longos anos, o lançamento de fogo-de-artifício no Sábado da festa aquando da chegada da procissão à ponte. O padre queria proibir a paragem da procissão e o respectivo lançamento de fogo-de-artifício. Tal só não aconteceu porque a população se uniu e parou mesmo a procissão. No final do lançamento do fogo, todas a gente bateu palmas em sinal de satisfação e, de seguida, prosseguiram com a procissão.
Mais uma vez, esteve aqui presente a união da população para que uma tradição centenária e de grande importância nesta terra se mantenha e que continue a trazer à vila a massa humana a que, desde sempre, nos habituou.
Padroeira dos "brasileiros"
Nossa Senhora da Guia é a padroeira dos emigrantes e estes têm-lhe sido deveras agradecidos. O primeiro Domingo de Agosto é sempre lembrado. Em Manaus e no Pará os Loriguenses reúnem-se esse dia, por vezes com festa e procissão em honra de Nossa Senhora da Guia a que já se tem dignado assistir o Senhor Bispo. Foram os "brasileiros" – assim chamados os Loriguenses que vivem no Brasil – que em 1905 mandaram edificar o coreto ou pavilhão para a Filarmónica tocar em dia de festa.
Nossa Senhora da Guia
Rosa Branca em botão
Dai saúde aos brasileiros
Que deram o pavilhão
Foram os brasileiros – os do Pará – que há poucos anos mandaram edificar o belo altar e retábulo de mármore com motivos alegóricos à Ladainha da Virgem. Foram os brasileiros de Manaus que ofereceram a valiosa e pesada e artística cruz de prata benzida em 1906 oito dias antes da Festa de Nossa Senhora da Guia.
Nossa Senhora da Guia
A vossa ladeira mata
Dai saúde aos brasileiros
Que deram a Cruz de Prata
Foi também no dia de Nossa Senhora da Guia – reunidos em festa nesse dia – que os brasileiros de Manaus se lembraram e cotizaram para em 1905 levantarem os elegantes fontanários de Loriga.
Actualmente
O recinto de Nossa Senhora da Guia é, hoje em dia, a “coroa” da Vila de Loriga, verdadeiramente digna de visita. Esta festa é a mais importante que se realiza em Loriga e a que mais visitantes atrai, nomeadamente os emigrantes loriguenses espalhados pelo país e pelo mundo. As mordomias nomeadas ao longo dos anos levam a efeito vários eventos com o intuito de angariar receitas, não só para a realização da festa anual, mas também para terem fundos para despesas pontuais, como obras e restauro da Capela, Coreto, Casa do Fogueteiro e ainda a conservação de toda a área envolvente do recinto e rampa de acesso.
Ligações externas
Fotografias
Galeria dos nossos visitantes
As fotografias desta secção, em todos os artigos, são colocadas pelos nossos leitores. Os créditos poderão ser observados por clicar no rodapé em files e depois em info. As imagens poderão possuir direitos reservados. Mais informações aqui.
Galeria Portuguese Eyes
As fotografias apresentadas abaixo são da autoria de Vítor Oliveira.
Fotografias da região
Mapa
Artigos relacionados
Artigos com a mesma raiz:
- Loriga - Artigo raiz
- Loriguenses
- Capela de Nossa Senhora da Guia
- Capela de Nossa Senhora do Carmo
- Coreto de Loriga
- Garganta de Loriga
- Grupo Desportivo Loriguense
- ANALOR - Associação dos Naturais e Amigos de Loriga
- Tradições de Loriga
- Bombeiros Voluntários de Loriga
- Sociedade Recreativa e Musical Loriguense
- Igreja Matriz de Loriga
- Fontão
- História de Loriga
Artigos subordinados a este (caso existam):
Adicione abaixo os seus comentários a este artigo
Comentários
Alguma da “lógica” dos BURROS, pseudohistoriadores tais como o Doutor de Albarda e outros pseudoloriguenses que há décadas prejudicam a imagem desta bela e histórica vila: A história, a etimologia e a filologia dizem que Loriga é nome de couraça e que a palavra deriva do latim Lorica que tem o mesmo significado, mas os BURROS de Loriga dizem que é mentira e que é uma vergonha que não deve ser recordada no brasão. Precisamente por Loriga derivar do latim Lorica é que os naturais desta bela e histórica vila podem ser tratados por loricenses, mas como os BURROS de Loriga têm vergonha do nome da sua terra e das suas origens dizem que o gentílico loricense é um insulto, equivalente a alguém chamá-los “filhos da puta” ou algo pior. Segundo eles os fundadores de Loriga eram anedóticos atrasados mentais e por isso fundaram a povoação no Chão do Soito, um local onde jamais poderia florecer com sucesso qualquer povoação, e mais tarde um deles mais inteligente que os demais terá exclamado: – Estamos a ser burros, vamos mudar-nos para ali que é melhor! Mudaram-se para a colina entre ribeiras (onde de facto a povoação foi originalmente fundada) e assim acabou a “Loriga provisória” no Chão do Soito, mas graças aos BURROS não acabou a sua entrada no mundo das anedotas. Outras povoações próximas de Loriga e também antigas, receberam forais nos primeiros dois séculos da nacionalidade, Valezim e Sandomil, por exemplo, receberam forais no século XIII, mas os BURROS acham que no imponente vale glaciar de Loriga só havia calhaus, e apenas no século XVI (1514) habitava aqui gente em número suficiente para justificar a atribuição de um foral, que os BURROS pseudohistoriadores afirmam ser o único. O santo padroeiro de qualquer localidade é sempre o orago da igreja matriz e da paróquia, no caso de Loriga é Santa Maria Maior desde o século XIII, mas os BURROS acham que em Loriga as devoções, os padroeiros e as invocações são apenas uma questão de modas, e que nesta vila existe a tradição de desprezar, esquecer e trocar padroeiros, devoções e invocações. Numa localidade normal os naturais têm orgulho do nome e da história da sua terra, mas segundo os BURROS Loriga é diferente e os BURROS desta vila têm vergonha da história e do nome da sua terra, acham vergonhoso que esta vila tenha nome de couraça e de haver uma Loriga no brasão da vila, também por isso em 2002 quiseram trocar a Loriga por uma cruz, para condicionar o pároco local e para fazer crer que os católicos loriguenses também têm vergonha do nome da vila tal como eles, uma forma farisaica de instrumentalizar para fins políticos e pessoais a fé dos naturais desta bela e histórica vila, confirma a extrema falta de caráter dos responsáveis por esta vergonha, e em 2018 também quiseram eliminar a Loriga do brasão. Para cúmulo os BURROS de Loriga não se limitam a terem vergonha da história e do nome desta vila, também têm vergonha por Loriga estar situada no coração da Serra da Estrela onde é uma estrela, uma das localidades mais antigas, uma das mais importantes e uma das mais belas da serra, e onde está situada a única estância de esqui existente em Portugal, e por isso em 2018 também quiseram eliminar a estrela de ouro do brasão da vila. Aliás, há décadas que tentam inutilmente, teimosamente e criminosamente impor uma ilegal aberração heráldica, que incrivelmente e impunemente usam formalmente como se fosse o brasão legal e oficial de Loriga, e há décadas que maltratam quem se opôe a essa vergonha, inclusive com insultos e calúnias na internet. Perante a reação negativa dos loriguenses que reprovaram os brasões de 2002 e de 2018 do Zeca Maria e do Doutor de Albarda, e como são mentirosos, os responsáveis por esta vergonha tentaram responsabilizar a Comissão de Heráldica da AAP pela porcaria que fizeram, e em ambos os casos disseram e escreveram que os loriguenses estão obrigados e condenados a habituarem-se a um brasão que detestam, que os envergonha e que não honra Loriga, dizendo que esse brasão não pode ser alterado. A Comissão de Heráldica da AAP não tem culpa dos brasões de merda de 2002 e de 2018, ambos são os brasões que os pseudoloriguenses quiseram! Estes pseudoloriguenses são extremamente ignorantes e incompetentes, sempre colocaram as suas motivações mesquinhas pessoais acima dos interesses e da imagem de Loriga, e são os únicos responsáveis por toda esta vergonhosa questão da heráldica e pela porcaria de resultado que arranjaram. Como não gostam da sua terra e sempre desprezaram a importância da heráldica acham que qualquer porcaria serve para brasão de Loriga desde que seja da autoria do Zeca Maria ou de um dos seus amigos, capangas e ou lacaios, e acham que os loriguenses têm que o aceitar ainda que não gostem. Ao contrário do que eles dizem e escrevem, inclusive com a publicação de uma mentirosa “história do brasão de Loriga” da autoria do Doutor de Albarda, a alteração pode ser feita pela Junta de Freguesia de Loriga. É triste constatar que os loriguenses têm medo do Zeca Maria e dos seus capangas e lacaios, os quais têm maltratado, insultado e caluniado, inclusive em comentários publicados na internet, quem defende a imagem de Loriga e a imagem dos Loriguenses e se opôe á vergonhosa questão da heráldica que eles criaram e teimam em manter há décadas, e aos vergonhosos brasões do Zeca Maria de 2002 e de 2018. E porque os loriguenses têm medo do Zeca Maria e dos seus capangas e lacaios, havendo um cerrado controle através de manobras de intimidação e de condicionamento fáceis de realizar no meio pequeno e deprimido de Loriga, não houve uma oposição frontal e declarada nem em 2002 nem em 2018, e é a segunda vez que a Junta de Freguesia de Loriga corrige e ou não dá seguimento à porcaria feita pelo Zeca Maria nesta matéria, mas por medo apenas e após a saída do Zeca Maria da autarquia. etc , etc.
Ver aqui esta vergonha na verdadeira História do Brasão de Loriga:
loriguense files wordpress com/2010/01/historia-do-brasao-de-loriga-pequeno-resumo-do-caso-que-arrasou-a-imagem-de-loriga-e-a-imagem-dos-loriguenses.pdf , tiagodacruz blogs sapo pt/2343.html?page=30#comentarios
www facebook com/cruz.serra.da.estrela