Carmões

Carmões
Torres Vedras



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Carmões, ou São Domingos de Carmões, é uma freguesia portuguesa do concelho de Torres Vedras, com 6,84 km² de área e 847 habitantes (2001). Densidade: 123,8 hab/km².

Carmões, a segunda mais pequena freguesia do concelho de Torres Vedras, localiza-se na parte sudoeste do mesmo concelho. É a freguesia mais afastada da sede concelhia, de onde dista cerca de 16 quilómetros, estando apenas a 6 quilómetros do Sobral do Monte Agraço. Esta situação leva a que os habitantes desenvolvam com esta vila uma ligação muito estreita.

Apresenta como limites as freguesias de Dois Portos, a Sudoeste, e de Carvoeira, a Noroeste, ambas do concelho de Torres Vedras, assim como os concelhos de Sobral de Monte Agraço, a Sul e a Este, e o de Alenquer, a Nordeste. Os limites da freguesia, por vezes, apresentam-se confusos, pelo facto de existirem lugares que, uma parte pertence a esta freguesia e outra pertence ao concelho limítrofe, como é o caso do lugar de Carmões e Freiria.

Localidades

Esta freguesia é composta pelos lugares de:

  • São Domingos de Carmões
  • Alfeiria
  • Setinheira
  • Carrasqueira
  • Corujeira
  • Sobrigal
  • Tojais
  • Freiria
  • Braçal

Para além destes lugares, a freguesia de São Domingos de Carmões sempre foi espaço de várias quintas e casais.

Toponímia

De acordo com várias fontes, o topónimo São Domingos de Carmões advém do facto do lugar ter por orago São Domingos, padroeiro dos oradores e fundador da Ordem dos Pregadores Dominicanos, por autorização de Inocêncio III.

Carmões terá origem no termo “Clamores”, uma vez que outrora daqui vinham muitos clamores (preces), daí o nome de São Domingos dos Clamores que veio, mais tarde, a resultar no nome actual.

História

Tudo indica que o território ocupado pela freguesia de Carmões tenha sido habitado desde remotas épocas, em data anterior à fundação da nacionalidade. Conta-se que neste espaço existiram fortificações castrejas, utilizadas para habitações pelos povos lusitanos. É provável que também tenha sido povoada na época da ocupação romana, embora não se tenham encontrado vestígios de tal. Mas, em toda a região sudoeste do concelho foram encontrados indícios de presença romana, nomeadamente nas freguesias de Runa, Carvoeira e Matacães, daí ser bastante plausível a presença destes povos em São Domingos de Carmões. A presença pré-muçulmana na região é ainda atestada pela toponímia, destacando-se os lugares vizinhos do Sirol, Runa e Feliteira. Certa terá sido a passagem dos árabes por este local, facto que também pode ser comprovado pela toponímia existente, como é o caso do lugar de Alfeiria.

Enquanto freguesia, Carmões é uma das mais antigas do concelho de Torres Vedras, tendo sido fundada em meados do século XVI. Possuiu alguma autonomia na medida em que aqui se situava um tribunal com dois juízes, dois almocátes (Inspector Camarário de pesos e medidas a quem cabia fixar preços dos géneros), um procurador e um escrivão. Pertenceu ao concelho de Ribaldeira, actualmente uma localidade da freguesia de Dois Portos, até 1855, ano em que passou a fazer parte do concelho de Torres Vedras. Em 1878 estava sob julgado de Runa.

Eclesiasticamente, a freguesia de Carmões foi um curato de apresentação ao priorado de São Pedro de Torres Vedras, passando depois a priorado. A freguesia chegou a possuir uma colegia (corporação de eclesiásticos) e uma “Irmandade do Santuário”.

No lugar do Braçal existiu ainda uma confraria com alguns bens, mas que foi extinta devido ao estado de ruína e degradação em que se encontrava. Um alvará do Governo Civil, datado de Janeiro de 1856, determinou que caberia à Câmara Municipal de Torres Vedras tomar conta dos bens e rendimentos da referida confraria. No princípio do século XX, várias autoridades concelhias dificultaram as procissões sob pretexto de alteração da ordem pública. Mas a população de São Domingos de Carmões, de grande devoção, tomou a responsabilidade pela ordem pública, moveu influências políticas e obteve do Governo e do Presidente do Ministério a autorização para a realização da procissão. Assim, apesar das dificuldades e proibições, as procissões em São Domingos nunca deixaram de se realizar. Por este facto, foram muitos os que chamaram a esta freguesia “um Estado dentro de outro Estado”.

As informações que existem sobre a freguesia são escassas, devido às Invasões Francesas que provocaram a destruição do arquivo paroquial e de algumas alfaias religiosas. Sabe-se, contudo, que São Domingos do Carmões foi bastante afectado pelo terramoto de 1755. Consta nas Memórias Paroquiais que em Carmões

“padeceram as habitações todas da freguezia, humas com mayor ruina por se demolirem paredes, e pedações dellas, e por isso inhabitáveis, e outras com menor mas fendidas, e abertas de sorte que causavam medo, para se habitarem estando bem viva a lembrança do estrago preferido. (…) Padeceram «os seus habitantes» (…) a falta de conductos para a sustaçam consumada por ficarem estroçados os engenhos do moer Pam, nas logeas ou tendas faltarem com os comestíveis, e isto por tempo de mês e meyo pouco mais, ou menos: houve também falta de materiaes para a reedificaçam das cazas. A Paróquia ficou incapaz de se celebrarem nella os officios divinos, da abobeda cahiram dous pedaços, hum sobre o coro, que de todo abateo, e outro junto ao arco do cruzeiro desunio-se em várias partes, e a tribuna da capella mor, que he de pedraria com 4 colunas manchadas de branco e vermelho: a torre do sino ficou com muitas aberturas e fendas, mas nam cahio talvez por estar preza na parte superior com linhas de ferro”.

A importância desta freguesia ficou ainda atestada pelo facto de esta ser terra de réis e famílias ilustres do concelho. De facto, as terras do concelho foram, por todo o século XIII, senhorios de rainhas e infantas. Diz Júlio Vieira (1926) que D. Teresa e S. Sancha (irmãs de D. Afonso II) instituíram, por volta de 1230, “um praso por compra de várias propriedades no sítio do Baraçal deste concelho”, sendo que numa das propriedades D. Teresa mandou construir casa e aí residiu, dando origem ao lugar hoje conhecido como A-da-Rainha.

Mas São Domingos de Carmões é terra também de ilustres famílias, como é o caso da família Botto Pimentel, antigos proprietários da Quinta de Carmões, a quem, pela antiguidade e serviços prestados, D. Afonso V concedeu o uso de brasão. Uma outra ilustre família do concelho são os carmonenses Leal e Silva, proprietários da Quinta do Belo Jardim e da Quinta do Maia, que se destacaram pela quantidade do que produziam nas suas terras. Chegaram mesmo a receber vários prémios e distinções quer pelos vinhos produzidos quer pela quantidade dos cereais, do azeite ou dos produtos hortícolas.

Desde muito cedo, também se fez referência aos vários lugares da freguesia. Em relação ao lugar de Carmões, este é já mencionado nas Inquirições de 1309. No trabalho realizado por Félix Lopes encontrava-se referência a um lugar denominado “Curugeira de Carmões”, pertencente à freguesia de São Miguel de Torres Vedras, assim como o lugar de “Barraçal de Carmões”, este da freguesia de São Pedro de Carmões. No manuscrito dos Anotadores de Madeira Torres vem Carmões referido como Carmões de São Domingos, uma aldeia, sendo a esta atribuída menor importância do que a um lugar. Em 1876, Carmões aparece como o maior lugar, logo atrás de “Outeiro” e de “Setinheira”. O Outeiro faz parte do lugar de Carmões, e não aparece qualquer referência a este lugar em 1309 ou em 1527. Contudo, em 1862 aparece uma referência ao lugar de “Oiteiro de São Domingos”.

No que respeita ao lugar de Alfeiria, vem referido em 1309 uma “Alfeiria do Baraçal”. Luís Cardoso, na sua obra “Dicionário Geografico”, publicado na primeira metade do século XVIII, faz referência a três nomes para esta aldeia: Alfeyria, Alfeira e Alfeiria. Muito perto de Alfeiria situa-se o Braçal. Em 1309 aparecem referidos dez lugares com o nome de “Baraçal”, entre elas “Baraçal de Carmões” e “Val de Cavalos do Baraçal”. Jorge Fernandes (1572) atribuía a este lugar sete fogos, mas contando com casas em redor, o que leva a crer que o lugar do Braçal se tenha formado a partir da junção de vários casais vizinhos.

Tal como os lugares referidos, também a Carrasqueira consta no documento de 1309, pertencendo à freguesia de São Pedro, assim como vem mencionada nos outros documentos citados, até por ser povoado importante, logo a seguir à sede de freguesia.

A Corujeira (nome actual) aparece referida em 1309 como dois lugares: “Curugeira de Carmões” e “Curugeira do Extremo”, pertencendo a primeira à freguesia de São Miguel e a segunda à de São Pedro. Em 1876 vem referida como “Crujeira” e os anotadores de Madeira Torres chamam-na de “Crugeira” referindo à existência neste local de uma ermida dedicada à Senhora da Piedade.

Em 1527, Jorge Fernandes fala na existência de um lugar de nome “Sertinheira”, enquanto Luís Cardoso e os Anotadores de Madeira Torres referem a “Setinheira”. Pensa-se que qualquer dos três se referem ao mesmo lugar. Nos registos da Câmara Municipal, encontra-se uma provisão régia, datada de 1823, que fala na existência de um açougue nesta localidade.

O Sobrigal vem mencionado em 1309 como “Servigal da Aldeia” e em 1758 como um conjunto de três casais, daí que em 1862 apareça a referência aos “Casaes do Sobrigal”. O Sobrigal foi então um conjunto de casais, sendo que o crescimento demográfico veio a dar origem, no início do século XX, a um novo lugar nesta freguesia.

Em 1878, João Maria Baptista faz referência a um “Casal da Venda ou Tojaes” que veio dar origem aos actuais Tojais, muito embora este lugar apareça vezes denominado de Casais Tojais.

Para além dos vários lugares que a compõem, a freguesia de São Domingos de Carmões sempre foi, e continua a ser, espaço de várias Quintas e Casais, estando muitos deles associados ao carácter rural e agrícola da freguesia. A Inquirição de 1309 falava na existência dos Casais de Afonso Rodrigues do Baraçal, ao que se junta, em 1758, o Casal do Cansado e mais três casais com o nome de Sobrigal. Já em 1862 fala-se também na “Coutada” e na “Serra”. Hoje em dia faz-se referência a sete casais, pertencentes aos vários lugares da freguesia.

Para além destes casais existem cerca de nove Quintas: as quintas de Carmões, de Belo Jardim, de São Domingos de Carmões, dos Maias, de Santo António e dos Cedros em S. Domingos de Carmões, a Quinta da Setinheira e a da Carrasqueira que foram buscar o nome à localidade onde se situam e, por fim a Quinta dos Barreiros, no Braçal. Algumas destas quintas aparecem citadas nos documentos que se tem vindo a referir, como as quintas do Bonjardim, dos Barreiros e de Valle Cavalos, sendo que a primeira vem referida em 1862 como Quinta do Bello-jardim. Este último documento cita, para além das três quintas já mencionadas, a Quinta dos Freixos e a Quinta da “Mãi”. João Maria Baptista faz ainda referência a duas quintas na freguesia, pertencentes ao Sr. Trigo e a outra Sr. Maia (actual Quinta dos Maias). Pode concluir-se, pela quantidade de quintas, que na freguesia de Carmões existiram grandes proprietários, o que demonstra a relativa importância da freguesia durante vários séculos.

Tradições

Património

Acessível através da Estrada Nacional 9, a freguesia de Carmões é detentora de um interessante património natural e arquitectónico, do qual se destaca:

Igreja Paroquial de São Domingos de Carmões

A Igreja Paroquial desta freguesia, consagrada a São Domingos, é de fundação antiga, muito embora o que hoje se encontra seja uma remodelação setecentista, nomeadamente no que se refere à decoração geral e à composição dos altares.

Cruzeiro

O Cruzeiro da freguesia está situado em São Domingos de Carmões e é um ponto de encontro na Procissão dos Passos.

Capela de Nossa Senhora da Piedade

Situada na Corujeira, a Capela de Nossa Senhora da Piedade foi construída no século XVIII, tendo sido restaurada muito recentemente.

Passos

Os Passos são cinco edificações em pedra, com portas em madeira e altar no interior, que tentam lembrar os actos de Paixão de Cristo. Os Passos estão construídos no percurso entre São Domingos de Carmões e a Corujeira, caminho da procissão, tendo sido inaugurados em 11 de Abril de 1905.

Árvores Centenárias

Principalmente localizadas nas várias quintas e casas da freguesia, as árvores centenárias constituem uma das maiores riquezas naturais de São Domingos de Carmões.

Minas e Fontanários

Na freguesia de Carmões são catorze as minas e fontenários que se podem encontrar.

Moinhos de Vento

Na freguesia existe um total de cinco moinhos de vento: dois em Alfeiria e três em São Domingos de Carmões, embora nenhum se encontre a funcionar.

Casas e quintas

É ainda de salientar as inúmeras casas de habitação, quintas e casais do século passado que têm mantido a sua traça original.

Associativismo

A maior parte dos lugares da freguesia de Carmões possui uma associação, cujo objectivo passa por dinamizar a população local com iniciativas culturais, recreativas e desportivas. Mas, hoje em dia, as suas actividades resumem-se à exploração do bar da colectividade, à realização de almoços de comemoração do aniversário da colectividade ou a “matanças de porco”. São exemplo disso:

Também a Casa do Povo de São Domingos de Carmões assume fins neste domínio. Existe ainda uma outra colectividade, a Associação Recreativa de Alfeiria, que, neste momento, se encontra encerrada. Apesar das iniciativas destas associações serem limitadas, é de salientar a continuidade na realização da festa anual e dos tradicionais leilões por parte da colectividade da Carrasqueira, e dos bailes de Carnaval em São Domingos de Carmões.

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