Castro Laboreiro é uma freguesia portuguesa do concelho de Melgaço, situada na Serra do Laboreiro com perto de 100 km² de área e 726 habitantes/censos (2001). Densidade populacional: 8,1 h/km².
Foi vila e sede de concelho entre 1134[?] e 1855. Era constituído apenas pela freguesia da sede e tinha, em 1801, 1.284 habitantes e, em 1849, 1.512 habitantes.
Toponímia
O seu nome vem de duas palavras Castrum, Castro – povoação fortificada pelo povo castrejo, de raça celta, que, depois do seu nomadismo durante milhares de anos nos planaltos, vivendo da caça e da pesca, e depois do pastoreio, se fixou nos outeiros para ali viver em comunidade e se defender das tribos invasoras, desde quinhentos anos antes de Cristo até ao século VI da era cristã: Laboreiro – do Latim “Lepus”, leporis, leporem, leporarium, lepporeiro, leboreiro.”
Caracterização
A freguesia de Castro Laboreiro, localizada no planalto com o mesmo nome, em plena serra, numa extensa área dentro do Parque Nacional da Peneda Gerês, dista vinte e cinco quilómetros da sede do concelho. Confronta com terras da Galiza, a norte e nascente, Gavieira (Arcos de Valdevez), a sul e poente e Lamas de Mouro, a poente.
O Padre Aníbal Rodrigues, num estudo sobre os dólmenes de Castro Laboreiro, a que não faltam apontamentos poéticos, descreve Castro Laboreiro assim:
“Constitui uma região de extraordinária beleza, onde os seus vales amenos, os planaltos extensos e a serra agreste se harmonizam maravilhosamente, dando á paisagem cambiantes de rara e grandeza. Banhada pelas águas cristalinas do rio Laboreiro e embalada pelas maviosas canções da sua própria corrente, é uma região bela, cheia de microclimas, desde a terra fria que produz apenas batata, centeio e pastagens, até à parte quente e ribeirinha, em que se cultiva toda a espécie de cereais, fruta e vinhos.”
Localidades Brandas e Inverneiras
Tem mais de 40 lugares, distribuídos pelas brandas e pelas inverneiras – que são os lugares mais altos ou os mais baixos, onde o povo se resguarda do frio intenso dos agrestes Invernos ou do calor trazido pelos estios desabridos.
As brandas, nos lugares mais altos, são mais agradáveis e produtivas na época do calor, servindo aos animais também melhores oportunidades de alimentação – é assim uma espécie de casa comum de veraneio da população e gados da freguesia e de visitantes vindos de fora. Aqui os principais lugares são: Vila, Várzea Travessa, Picotim, Vido, Portelinha, coriscadas, Falagueiras, Queimadelo , Outeiro, Adofreire, Antões, Rodeiro, portela, Formarigo, Teso, Campelo, Curral do Gonçalo, Eiras, Padresouro, Seara, e Portos.
As inverneiras, nas zonas mais baixas, servem de refúgio ao frio e estão localizadas nos vales da freguesia. Os seus lugares: Bico, Cailheira, Curveira, Bago de Cima e Bago de Baixo, Ameijoeira, Laceiras, Ramisqueira, João Lavo, Barreiro, Acuceira, Podre, Alagoa, Dorna, Entalada, Pontes, Mareco, Ribeiro de cima e Ribeiro de Baixo.
É um ciclo que se repete há milhares de anos neste planalto elevado a uns mil metros acima do nível do mar. Daqui se estabelece uma longa linha de horizontes com a vizinha Espanha (para onde se poderá seguir pela estrada da Ameijoeira).
História
O rio Laboreiro ajuda também à composição de todo um conjunto de extraordinária beleza, serpenteando serra abaixo, até se juntar ao rio Lima. Ligando as suas margens, permanecem as pontes que as várias civilizações que por aqui passaram foram construindo ao longo dos tempos. São segundo citado trabalho do Padre Aníbal Rodrigues:
“…pontes romanas e românicas, da época de ocupação romana: a da Cava da Velha (monumento nacional), e românicas, do século XII, como a de Dorna, da Assoreira ou da capela, de Varziela, das Cainheiras, da Vila, do Rodeiro, das Veigas e dos Portos (estilo celta).”
De facto, a ocupação humana de Castro Laboreiro é comprovável até ao longo passado de quatro ou cinco mil anos. Nesta região desenvolveram-se sucessivamente duas grandes culturas que atingiram um grau elevado de civilização: a cultura dolménica e a cultura castreja. Aqui pode encontrar-se ainda hoje, mais de uma centena de antas ou dólmenes (será talvez a maior concentração peninsular de dólmenes pré-históricos); alguns menires; a Cremadoura, a poente da Vila, onde se incineravam os cadáveres para serem recolhidas as cinzas em vasilhames de barro (no Mesolítico); doze castros, de há dois mil e quinhentos anos, pinturas e gravuras rupestres.
Castro Laboreiro foi vila e sede de concelho desde 1271 até 1855. Teve tribunal, paços do concelho e cadeia, bem como alcaide e governador do castelo. Recebeu foral, em Lisboa, a 20 de Novembro de 1513, conferindo-lhe o nome de Castro Laboreiro. Tinha foral velho, dado por D. Afonso III, em Lisboa, a 15 de Janeiro de 1271, que a elevada vila, dando-lhe simplesmente o nome de Laboreiro. Um dos seus privilégios, concedido por vários reis e confirmado por D. João V, era o de não se recrutarem aqui os soldados.
Esclarece no entanto o Padre Aníbal Rodrigues:
“Pertença do condado de Barcelos até 1834, comenda da Ordem e Cristo desde 1319, Castro Laboreiro ocupou um papel de grande relevo, quer na independência da Pátria quer na Guerra da Restauração, desde 1319, Castro Laboreiro ocupou um papel de grande relevo, quer na independência da Pátria que na Guerra da Restauração, desde 1640 a 1707. Defendida pelo seu inexpugnável castelo, manteve-se sempre fiel ao ideário pátrio, sem nunca se vender ao estrangeiro. Desde 1136, data em que D. Afonso Henriques visitou Castro Laboreiro, até ao presente, o povo castrejo conservou-se sempre coerente consigo mesmo e de um portuguesismo a toda a prova”.
Era da casa de Bragança, que apresentava o reitor (que tinha de rendimento anual seiscentos mil réis, e o seu co9adujuntor vinte alqueires de centeio e dez mil réis, tudo a pago pela encomenda). A igreja foi primitivamente vigairaria da matriz de Ponte de Lima, depois abadia do bispo de Tui, que D. João Fernandes de Sotto Maior trocou, em 1308, com o Rei D. Dinis.
Património
Edificado
Castelo de Castro Laboreiro
O Castelo de Castro Laboreiro, diz o povo ter sido obra dos mouros. Pinho Leal, no seu, “Portugal Antigo e Moderno”, afirma mais certo ser atribuível aos romanos. O Padre Aníbal Rodrigues coloca-o, porém no ano de 955, fundado por São Rosendo, governador do Val del Limia, desde Maio desse ano, por nomeação de D. Ordonho III, rei de Leão. D. Afonso Henriques rodeou-o de muralhas e, nos princípios do século XIV, quando caiu um raio no paiol de pólvora, que fez todo o polígono ir pelos ares, D. Dinis ordenou a sua reedificação.
- Ver artigo: Castelo de Castro Laboreiro
Pelourinho e Igreja Matriz
No campo da monumentalidade construída, merecem finalmente destaque o pelourinho, de 1560, que é monumento nacional, e a Igreja de Santa Maria da Visitação ou Igreja Matriz de Castro Laboreiro, imóvel de interesse público, que foi construída primitivamente no século XII, em estilo românico. O coro, a torre e a capela-mor datam de 1775 e ostentam o estilo joanino ou de D. Maria Pia. Possui uma magnífica pia baptismal, do século XII, e preciosas imagens, que abrangem um largo período que vem desde o século XIV até ao século XVII.
Outros pontos de interesse
- Ponte Celta dos Portos
- Ponte de Dorna
- Ponte da Capela
- Ponte de Varziela
- Ponte das Caínheiras
- Ponte das Veigas
- Ponte Nova da Cava da Velha
- Ponte Velha
- Ponte do Rudeiro
- Ponte de Assureira ou Ponte de São Brás, Capela de São Brás e moinho de água a nascente da ponte
- moinhos
- fornos comunitários
Natural
- Cascata do Laboreiro
Festas e romarias
- Senhora da Visitação e São Bento - 13 de Julho
- Senhora dos Remédios - Agosto
- Santa Maria (Vila) - Primeiro Domingo de Julho
Cão de Castro Laboreiro
O Cão de Castro Laboreiro é uma raça de cão portuguesa de grande tamanho. Originário da freguesia de Castro Laboreiro, é um cão lupóide de tipo amastinado, sendo mais ligeiro que as restantes raças de cães de gado. Um grupo de criadores e apaixonados da raça, de diversos pontos do país, conscientes do perigo de extinção deste animal dócil, valente e extraordinário guarda, fundaram em 20 de Outubro de 2006 a Associação Portuguesa do Cão de Castro Laboreiro, (APCCL) com sede na freguesia.
"Conta-me como foi", em Castro Laboreiro
O elenco da série "Conta-me como foi" deixou os estúdios de Lisboa e passou uma semana a filmar na aldeia de Castro Laboreiro, perto de Melgaço, no extremo Norte de Portugal. O resultado é um episódio especial de 90 minutos em que se narra uma ida da família Lopes à terra dos antepassados de "António" (interpretado por Miguel Guilherme). No ‘Morris Marina' da época viajam ainda "Margarida" (Rita Blanco), a sogra "D. Hermínia" (Catarina Avelar) e os 3 filhos do casal Lopes, a que dão vida os actores Fernando Pires, Rita Brütt e Luís Ganito.
Neste episódio, que foi para o ar no domingo, dia 5 de Abril de 2009, os Lopes saem de Lisboa para visitar "D. Perpétua", mãe de "António", que se encontra gravemente doente em Castro Laboreiro, terra ancestral da família.
As filmagens duraram uma semana e envolveram uma equipa de 50 pessoas, entre actores, produtores, técnicos e caracterizadores.
Bibliografia
- Dicionário Enciclopédico das Freguesias: Braga, Porto, Viana do Castelo; 1º volume, pág. 423 a 439; Coordenação de Isabel Silva; Matosinhos: MINHATERRA, 1996
Ligações externas
- Blog Longe de Castro Laboreiro
- Blog Castro Laboreiro
- Site da Câmara Municipal de Melgaço
- CRIADOS EM LIBERDADE - Site oficial do afixo "Villa Laboreiro"
- Preservação, Recuperação e Selecção das Tradicionais Linhagens de cães de Trabalho da raça Castro Laboreiro
- Cachorros Castro Laboreiro de Qualidade Superior
- Site oficial da Associação Portuguesa do Cão de Castro Laboreiro
Fotografias
Galeria dos nossos visitantes
As fotografias desta secção, em todos os artigos, são colocadas pelos nossos leitores. Os créditos poderão ser observados por clicar no rodapé em files e depois em info. As imagens poderão possuir direitos reservados. Mais informações aqui.
Galeria Portuguese Eyes
As fotografias apresentadas abaixo são da autoria de Vítor Oliveira.
Mapa
Artigos relacionados
Artigos subordinados a este (caso existam):
Adicione abaixo os seus comentários a este artigo
Comentários