Comissão de Melhoramentos de Ceiroquinho

Comissão de Melhoramentos de Ceiroquinho
Ceiroquinho

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Devido ao grande surto de emigração dos naturais da aldeia de Ceiroquinho, principalmente para Lisboa e outras cidades e estrangeiro, estes fundaram em Lisboa, em 5 de Julho de 1942 , uma Comissão de Melhoramento para unir os Ceiroquinhenses e promover alguns melhoramentos na sua terra natal.

História

A Comissão de Melhoramentos de Ceiroquinho foi fundada em 9 de Julho de 1941, mas só foi oficializada em 5 de Julho de 1942. Foi portanto em 1942 que começou a sua actividade. Nos seus 50 anos de existência, a Comissão de Melhoramentos de Ceiroquinho esteve sempre em intensa actividade, como provam os livros de actas da assembleia geral, os de autos de posse e os diversos livros de actas e escrituração das direcções.

Todos os anos as direcções fizeram, como mandam os estatutos, a sua assembleia geral ordinária para apresentar aos sócios o relatório e contas da sua actividade, prova evidente do grande interesse para resolver os problemas mais cadentes da povoação de Ceiroquinho.

As causas que levaram os ceiroquinhenses residentes em Lisboa à fundação da sua Comissão de Melhoramentos de Ceiroquinho foram muitas e variadas, umas remotas outras próximas.

Antecedentes remotos

Já em 1923, para não recuarmos mais longe no tempo, os ceiroquinhenses residentes em Ceiroquinho, Lisboa e Estados Unidos, em perfeita união e espírito de sacrifício, construíram uma nova capela no cimo da povoação, em substituição da existente no fundo da mesma, bastante pequena e construída há mais de trezentos anos pelos nossos antepassados. Era então mordomo de Santo António, José Francisco e foi ele o grande impulsionador deste melhoramento digno de realce.

Decorreram alguns anos e em 1930 uma comissão composta por Américo Fernandes, José Francisco, António Nunes, Manuel Fernandes de Campos, António Francisco e Adelino Alves conseguiu levar a efeito a construção de uma estrada carreteira entre a rua da Ribeira e Fonte das Salgueiras, tendo a Câmara Municipal de Pampilhosa da Serra dado um subsídio de mil escudos para o pagamento das expropriações dos terrenos por onde passava a dita estrada feita somente pelos habitantes de Ceiroquinho.

Em 1937 os ceiroquinhenses decidiram construir uma escola em Ceiroquinho, com residência para os professores, a qual estava pronta a ser inaugurada em 1938. Para este importante melhoramento todos os ceiroquinhenses espalhados pelo mundo cerraram fileiras, numa união e num querer impressionantes que desorientou descrentes e convenceu incrédulos. O movimento foi tão forte que não houve dificuldades e críticas (e foram tantas!) que não se vencessem. A escola, com residência para a professora, foi depois doada pela povoação de Ceiroquinho à Camara Municipal de Pampilhosa da Serra e considerada nesse tempo a segunda melhor do concelho. Foi um grande triunfo para os ceiroquinhenses a construção da sua escola. Nela aprenderam a ler e escrever muitas gerações e, por isso, os ceiroquinhenses têm por ela uma estima, um carinho e um amor muito grande. A escola custou algumas dezenas de contos e o Estado apenas deu 4 contos para a compra do mobiliário e a Câmara Municipal de Pampilhosa da Serra 1.000$00. O resto foi produto de subscrição entre os ceiroquinhenses e dias de trabalho oferecidos graciosamente pelos habitantes de Ceiroquinho, enquanto o terreno onde foi construída foi oferecido por Américo Fernandes. Faziam parte da Comissão José Francisco, Joaquim Francisco e Manuel Pereira dos Santos.

Em 1939 foram construídas duas pontes na ribeira, o caminho para a fonte, fonte velha e ainda uma rua que circunda a povoação pelo lado nascente. Para custear estes importantes melhoramentos, que orçaram em algumas dezenas de contos, foi vendida uma cinta de cepas para carvão nos limites de Ceiroquinho, por seis mil escudos e o resto foi produto de subscrição e de muitos dias de trabalho oferecidos graciosamente pelos ceiroquinhenses.

Todos estes melhoramentos, grandes e importantes sem dúvida para a época, constituem na nossa opinião as causas remotas da nossa Comissão.

Motivos para a fundação da Comissão

Entusiasmados por amigos de outras terras que já tinham a sua Comissão organizada e oficializada, os ceiroquinhenses resolveram também fundar a sua colectividade devidamente organizada, que veio a orientar os destinos de Ceiroquinho e substituir as Comissões que se improvisavam sempre que se iniciava qualquer melhoramento e se dissolviam após a sua conclusão. Por isso, o aparecimento da Comissão de Melhoramentos de Ceiroquinho não foi mais que a concretização da obra construtiva que se vinha realizando no decorrer de cerca de vinte anos. Foi em Lisboa onde a ideia se concretizou devido à grande colónia ceiroquinhense aqui residente.

Alguns fundadores são unânimes em afirmar que não houve individualidades a destacar no processo da fundação da colectividade. A ideia partiu dum imperativo que animava a alma dos ceiroquinhenses, bastava que alguém agitasse a ideia. Foi o incansável regionalista Manuel Alves que deu o grito de chamada, convocando os ceiroquinhenses para uma reunião que teve lugar numa sala da Leitaria Alegrete, em Lisboa, onde compareceram muitos ceiroquinhenses e onde esteve presente o grande jornalista Luís Ferreira (Ti Luís), que foi mais tarde sócio da nossa colectividade.

Esta reunião foi preparatória a fim de saber a opinião dos ceiroquinhenses. A ideia foi bem aceite e foi marcada nova reunião para o dia 9 de Julho de 1941, na rua Capelo, onde se fundou a Comissão para agrupar todos os ceiroquinhenses. Em 5 de Junho de 1942 a Comissão de Melhoramentos era oficializada, sendo a sua primeira gerência assim constituída: Assembleia Geral - André Alexandre, presidente; e Maico dos Santos e Eduardo dos Santos, secretários. Direcção - Manuel Alves, presidente; Manuel Nunes Ramos, vice-presidente; Manuel dos Santos Graça e Américo Pereira, secretários; António Alexandre, tesoureiro; e Anibal Vicente dos Santos e Manuel de Almeida, vogais. Conselho Fiscal - António Pereira, presidente; José Nunes de Almeida, se-cretário; e António Pereira dos Santos e Manuel Antunes, vogais.

As primeiras décadas

Em 1942, o primeiro ano, apesar dos seus escassos recursos financeiros, a Comissão contribuiu com 927$00 para a reparação da escola e da estrada da Lomba da Missa. Recebeu um subsidio de 800$00 dos ceiroquinhenses residentes nos Estados Unidos e 3.940$00 da Junta de Freguesia de Fajão. Com estes donativos pôde a Comissão iniciar já alguns melhoramentos de maior importância para Ceiroquinho.

No ano de 1943 a Comissão manda arranjar algumas ruas da povoação, onde gastou 232$00, e mandou construir a Ponte dos Palheiros, que custou 818$68. Os ceiroquinhenses comemoraram o primeiro aniversàrio da sua Comissão no dia 8 de Agosto com justificada alegria.

Em 1944, a Comissão criou uma Comissão de Beneficência, que distribuiu durante alguns anos vários donativos aos ceiroquinhenses mais carecidos. Eram os pobres a dar aos mais pobres, num gesto de solidariedade e humanidade que é digna de registo. No final deste ano de 1944 a Comissão apresentava um saldo de 3.092$20.

A gerência de 1945 teve uma acção bastante activa e digna de realce. Em 31 de Julho reuniu em sessão extraordinária e deliberou oficiar à Câmara Municipal de Pampilhosa da Serra para incluir nos melhoramentos rurais a Estrada da Lomba das Porcas e os arruamentos. A Câmara deu um donativo de 1.000$00 e a Junta de Freguesia de Fajão, 11.636$00. Foi neste ano que a Comissão se lançou na sua maior obra - a estrada da Lomba das Porcas - que ligava Ceiroquinho à estrada Rolão-Fajão. Este empreendimento canalizou quase toda a verba que a Comissão conseguiu obter até 1953, data da sua inauguração. No entanto, nesse período de oito anos a Comissão mandou executar variadissimos melhoramentos, mantendo-se sempre em grande actividade.

No final do ano de 1945 o balancete apresentava um saldo positivo de 14.930$75.

O chafariz no centro da povoação só viria a ser comparticipado em 1948, após persistentes diligências junto daquele organismo público. Neste ano foi reparado o caminho para o Açor das Boiças (lugar vizinho e muito amigo de Ceiroquinho), onde se gastaram 250$00.

O ano de 1948 foi de grande esperança para os ceiroquinhenses, pois foram iniciados os trabalhos de captação de água (primeira fase), subsidiados pelo Estudo no montante de 15.670$50. Este melhoramento, há tantos anos esperado, ia ser uma realidade e foi inaugurado em 1953.

Ceiroquinho foi das primeiras terras do concelho de Pampilhosa da Serra a levantar as estrumeiras nas ruas da povoação. O hábito de colocar matos nas ruas, para fazer estrume, era uma prática bastante arraigada na mentalidade das gentes serranas e que era foco de muitas doenças. Os ceiroquinhenses compreenderam a situação e todos colaboraram nessa ideia colectiva de fazerem da sua aldeia uma aldeia lavada, limpa e progressiva. Hoje orgulha-se de ter as ruas mais limpas do concelho.

1950 foi um ano memorável para a história de Ceiroquinho. No dia 4 de Fevereiro chegou pela primeira vez um automóvel a Ceiroquinho, conduzido pelo nosso conterrâneo Manuel dos Santos Graça, sendo seu proprietário o sócio benemérito António Ferreira Marques. Era um carro Ford. Neste ano a Comissão também esteve representada na Exposição Regionalista, realizada na vila de Arganil, com algumas fotografias e a nossa bandeira.

Exposição bastante interessante já pelo seu significado e pela força regionalista que se estava a desenvolver por toda a Beira-Serra.

Em 1951 a Comissão contribuiu com 1.320$00 para ajuda da instalação do telefone em Fajão, sendo 320$00 produto de subscrição entre os ceiroquinhenses, que apesar dos seus fracos recursos nunca deixaram de contribuir para os melhoramentos úteis à sua freguesia. No ano seguinte, em 15 de Junho, foi a vez da inauguração do telefone público, um melhoramento de grande importância para os ceiroquinhenses.

Em 1953 foi inaugurada a estrada da Lomba das Porcas, que tinha sido iniciada em 1945 e custou à Comissão de Melhoramentos mais de sessenta mil escudos. Esta estrada ligava Ceiroquinho à estrada Rolão-Fajão, e à sede do nosso concelho. A inauguração do chafariz no centro da povoação foi feita pelo presidente da Junta de Freguesia de Fajão, tendo a obra sido feita pelo Estado e custado cerca de sessenta contos. Água pura e fresca saía abundante do novo chafariz, estando finalmente realizado o sonho de tantos anos de espera, que pareciam séculos, por este útil melhoramento.

Em 1956, concretizou-se a construção de uma nova estrada onde pudessem transitar autocarros. Em 30 de Junho entraram triunfalmente em Ceiroquinho dois autocarros com a excursão vinda de Lisboa. A estrada de Macadame, com cerca de 5 quilómetros, foi assim inaugurada e nela se gastaram quase 70 contos. Foi ainda inaugurada na escola uma biblioteca, que custou à Comissão 2.838$50, sendo os livros oferecidos pelo Estado e por particulares.

No ano de 1959 a Comissão despendeu 23.005$90 na construção da torre da capela, 3.289$60 na compra de um sino para a mesma, 1.222$00 em diversos arruamentos e 759$50 na reparação da estrada da Lomba da Missa.

Em 1965 foi construído um troço de estrada entre o Cabeço do Seixo e o Campo da Bola, que custou 40 contos. Em 1968 foi concluído um lindo jardim à fonte dos nossos antepassados, pela importância de 39.000$00. Este jardim ‚ o primeiro do concelho em beleza e, com grande orgulho dos ceiroquinhenses, é também a sua sala de visitas. Quem visita Ceiroquinho não deixará de admirar este pitoresco recanto no abraço das águas das duas ribeiras e beber a água cristalina da bica sempre corrente a sair da rocha .

Luz eléctrica na década de 70

O ano de 1972 chegou finalmente e foi inesquecível para a Historia de Ceiroquinho, pois no dia 17 de Junho foi inaugurada a luz eléctrica em Ceiroquinho, a terceira aldeia da freguesia de Fajão a ter este privilégio. Melhoramento importante e pelo qual os ceiroquinhenses esperaram 12 anos. A festa da inauguração foi grandiosa e a Comissão empenhou-se para que tudo corresse bem. Organizou uma excursão de dois autocarros e vários automóveis, e em Ceiroquinho ofereceu um almoço regional onde estiveram presentes os srs. Governador Civil de Coimbra, presidente da Câmara de Pampilhosa da Serra, presidente da Junta de Freguesia de Fajão e representantes de muitas colectividades congéneres.

Em 1975 foi construído o Largo da Eira e o seu empedramento em paralelepípedos, bem como a rua até ao Largo das Cordovises à entrada da povoação.

Década de 80

Os ceiroquinhenses pensam agora numa ligação condigna à estrada do Vale do Ceira, que já se encontra no Colmeal e que se espera seja construída muito em breve pelos Municípios de Góis, Arganil e Pampilhosa da Serra e ligue também à estrada Rolão-Fajão. Estrada importante, visto que em certos dias de tempestades de neve na serra as aldeias ficam isoladas e não têm possibilidade de deslocação pela estrada da serra. Esta via ‚ por conseguinte a única alternativa. Assim, a Comissão mandou farer um troço de estrada com mais de um quilómetro até à povoação dos Algares das Boiças, onde gastou 355.450$00, aí estando parada até 1985, data em que foi construída até à povoação das Boiças.

Em 1982 a Comissão mandou construir uma piscina com 26 metros de comprimento e 7 de largura pela importância de 1.070.000$00. Foi a primeira piscina construída na serra, entre rochedos com a água sempre num local aprazível.

Em 1987 foi construído um lavadouro público à Fonte, que custou 365.000$0O, melhoramento há muitos anos reclamado pelas mulheres e raparigas da nossa terra. Com água corrente natural, onde se pode lavar a roupa sem apanhar chuva ou sol, nas melhores condições higiénicas.

Década de 90 e o balanço de 50 anos de história

A Comissão já tem seis delegações, prova evidente de uma união perfeita e cooperante de todos os ceiroquinhenses, com aproximadamente 500 sócios no activo. Em 1992 a Comissão faz 50 anos de existência, efeméride comemorada com muito brilho e participação dos ceiroquinhenses no dia 15 de Março, com a participação de quase duzentas pessoas, onde na mesa de honra ainda marcaram presença seis sócios fundadores.

Podemos afirmar que a história de Ceiroquinho desde que a sua Comissão de Melhoramentos foi fundada está intimamente ligada a esta. Nada há em matéria de melhoramentos onde a Comissão não tenha actuado, quer monetariamente, quer como orientadora, quer ainda como dialogante com as autarquias locais na resolução dos problemas de Ceiroquinho.

Cronologia

A sua obra desde 1942 até hoje é digna de realce:

  • 1943- Levantamento das estrumeiras e pavimento das ruas
  • 1950- Conclusão de uma estrada de ligação a Fajão que permitiu o acesso do primeiro automóvel em 4 Fevereiro
  • 1952- Construção de um chafariz público
  • 1952- Instalação do telefone público
  • 1953- Construção da estrada da Lomba das Porcas
  • 1956- Estrada da lomba da missa
  • 1959- Rectificação e alargamento da estrada da Lomba da Missa para nela circularem autocarros
  • 1968- Construção dum jardim público e fonte
  • 1972- Electrificação da povoação
  • 1975- Construção dum largo no centro da povoação
  • 1982- Construção de uma piscina para adultos e para crianças e um lavadouro público
  • 1983- Caminho de acesso à piscina
  • 1986- Abertura de um estrada de ligação à povoação de Boiças
  • 1987- Revestimento da piscina em azulejos
  • 1988- Alcatroamento da estrada da lomba da missa pela Câmara Municipal
  • 1994- A casa de Cultura e Recreio foi posta ao serviço da aldeia depois de uma grande reparação da escola primária
  • 1997- Foi inaugurado um parque de merendas à volta da Casa de Convívio com coreto, churrasqueira, casas de banho e arrecadação

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