Por terras de MONTARGIL

Por terras de MONTARGIL

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Extractos/Síntese
da
História de Montargil

O povoamento da zona remonta a cerca de cem mil anos, ao período Paleolítico, já então privilegiada de caça e pesca, com as populações a fixarem-se junto ao rio, Mais tarde ( 5 000 anos A.C.) e vindos do litoral ,novas migrações se verificaram ,novas populações por aqui se fixaram, do que são prova as 38 antas encontradas .São, aliás, diversos os “povos” que por aqui deixaram as suas marcas, sendo que dos “romanos” e nos primeiros séculos da Era Cristã o regista a “Necrópole de Santo André”.

Quanto à povoação foi D. Dinis que a fundou em 1315 (1277 da Era Cristã) e lhe deu “carta de foral” confirmada por D. Fernando em 1410( 1372 da Era Cristã) elevando-a à categoria de Vila.

No que respeita às origens do seu nome são várias as opiniões. Documentos antigos referem os de Monte argil ou Monte Argil, o que terá a ver com o facto da povoação estar situada numa elevação onde existe muita argila; por sua vez, enquanto outros sustentam que o nome é a corrupção de Monte Argila o que também é crível visto a construção geológica do terreno assentar em barro, Pinho Leal diz que o primeiro nome terá sido Monte Argila e vinha de Monte do Infeliz porque o antigo português argel significa infeliz, desgraçado, mofino. Há ainda quem defenda que o nome de Montargil advém de Montargis ,nome de uma cidade francesa de onde eram oriundos Cruzados que aqui se estabeleceram. Aliás, Alexandre Herculano diz ter sido estabelecido uma colónia de francos em Montalvo do Sor(Montalvo junto do Sor),que ficava perto da vila ,e é o actual Montalvo visto não ser conhecida qualquer outra povoação com este nome em toda a extensão do rio.E esta tese é reforçada por outras situações como Abrantes/Avranches, Tolosa/Toulouse, Seda/Sedan, Cano/Cannes e Benavila/Boneville.

Existe ainda uma lenda, que diz ter aqui parado um fidalgo para mandar ferrar o cavalo e que depois do serviço feito terá mandado montar o criado dizendo Montar Gil (que era o seu nome).Mas claro, isto é uma lenda.

Segundo o general João de Almeida (Roteiro dos Monumentos Militares Portugueses—volume III—1947)”no cimo do outeiro, cota de 1204m,em que está edificada a antiga vila de Montargil, que se levanta a 0,5 km. a poente da margem direita da ribeira do Sor, a 22,5 km. a sudoeste da vila de Ponte de Sor ,existem as ruínas de uma fortaleza medieval ,cujo traçado está ainda bem identificado.”
“Ignora-se a sua história mas dada a natureza e situação dela é de presumir que na origem da fortaleza tivesse consistido num castro lusitano do período calcolítico.”
“ Sabe-se que o castelo medieval foi mandado construir por Dinis em 1315,possivelmente sobre as ruínas de fortaleza lusitana ou mourisca.”

Administrativamente MONTARGIL integrou a Estremadura (onde se encontra em 1758,pertencendo então à Comarca de Santarém e, durante séculos, ao Patriarcado de Lisboa).Pertence depois ao Ribatejo de onde sai para o Alentejo em 1836 ( e para o concelho de Avis ,transitando também da Comarca de Chamusca para a de Fronteira).

Pensa-se que em épocas muito remotas a vila terá tido assento na Serra de Montargil pois ali se têm encontrado muitos objectos e sepulturas. Sendo que no sítio chamado Mesas ,na área da freguesia se encontraram restos de uma estrada lageada, possivelmente a estrada romana de Lisboa a Mérida no percurso Matusarum e Abeltério. Também na margem esquerda do Rio Sor, no sítio de S.Martinho, foram encontrados restos de uma povoação muito antiga, possivelmente luso-romana.

Em 1758 o então Prior de Montargil Frei Nicolau Valente Tolentino Ferreira Granada elaborou uma espécie de monografia que julga tratar-se das “Memórias Paroquiais” mandadas executar pelo Marques de Pombal, que nos foi facultada pelo professor Luís Mendes Pires com ortografia e a pontuação recente e da qual recolhemos alguns elementos:

Nesta altura, vila de Montargil constava de cento e cinquenta casas e tinha 532 pessoas, era sede de concelho, pertencia à comarca de Santarém, Patriarcado de Lisboa e Província da Estremadura. Não tinha qualquer aldeia ou lugar. Nos arredores existem 81 herdades e vivem 792 pessoas. Para além da Igreja Matriz, existem quatro ermidas—S.Sebastião,Santo António,S.Pedro e uma na Herdade de S.Martinho.

Quanto ao fornecimento de água, junta à vila, a um “tiro de bala”,há um poço, que mesmo servindo muita gente tem água suficiente e dizem os habitantes, que sendo a mesma um tanto salobra e grossa, os livra de “afloro”. Outra “fonte de bicas” que existe na vila, e distante um “tiro de peça”,fornece água mais fina e que faz curas de estômago e é muito saborosa, os Médicos o confirmam.

Não há Estação de Correios, pelo que as pessoas se servem da de Avis, que dista quatro léguas. Vão buscar as cartas no dia de quinta-feira e vão metê-las à sexta-feira de manhã.

O terramoto de 1755 não provocou aqui ruínas consideráveis, apenas algumas casas tiveram as suas aberturas.

Quanto à Serra de Montargil começa nesta vila, tem uma légua de comprimento e meia légua de largura e termina na Herdade do Bernardo. Da Serra sai um braço a que chamam de Portugal e é conhecido por Serra de Maltim e finaliza no Monte da Vinha.

As terras da Serra são todas cultiváveis. Nascem aqui algumas fontes com pouca abundância de água, a qual no entanto e a mandado dos médicos pode ser bebida sem ser fervida pelos doentes. As pessoas que a bebem com continuidade, vêem-se livres do “achaque do baço”.

Não consta que nas terras da Serra tenha havido ou haja “minas de metais alguns nem canteiros de pedra nem de outros metais de estimação”.Não se compreende por isso o ditado muito antigo, ”Serra de Maltim, quanto ouro e prata terão em ti”.

Existem aqui várias ervas e plantas medicinais, procuradas por pessoas de várias partes— Trevo, Ouroval, Almeiroio, Língua de Vaca, Diabelha ,Avenca, Unha-Gata , Milem-Rama, Sempre Noiva, Espargos, Erva Pinheira, Erva Mularinha ,Talheiro e muitas outras.Quanto à temperatura é seca e fria, de “flumonário”, por “cuja cousa há muitas pleurisias e catarrais.

Gados que aqui se criam bois, carneiros, ovelhas, cabras e porcos, cujas carnes são muito saborosa dada a qualidade dos pastos. Também se criam aqui lebres, coelhos e perdizes.

No que respeita ao Rio Sor que passa junto a esta vila, nasce no termo da cidade de Portalegre, junto a Alagoa, tem doze léguas de corrente e finaliza na freguesia de Santa Justa (termo das freguesia da Erra) onde entra no Raia passando a chamar-se Sorraia, que vai entrar no Tejo junto a Benavente. É um rio caudaloso, conservando sempre as suas águas com que continuamente moem os seus moinhos junto à margem, o que leva a que na força do verão aqui venha muita gente da Província do Alentejo que nas suas terras vêem os seus rios secarem n nessa altura do ano.
No Rio Sor entram algumas ribeiras entre elas a de Apçossa, a duas léguas da vila, que também conserva sempre a água e onde se situam “seis engenhos de moinhos que continuamente moem .“Entra também a Ribeira da Sagolga, que também corre todo o ano e fica uma légua distante da vila, assim como também a ribeiro de Vale Carvalhoso, que corre perto da vila a “um tiro de peça” e igualmente conserva sempre as suas águas que regam quantidades de hortas e pomares que estão nas suas margens: as frutas “são singulares, duram muito têm bom gosto e são vistosas pelo seu tamanho. Há ainda o Ribeiro de Margem, que corre também todo o ano e nas suas margens se cultiva milho e feijão.

O Rio corre de norte para sul e não é navegável por ser de pouca altura, a sua corrente é rápido e muito mais durante as cheias.

Peixes aqui existentes:—barbos, bogas, bordalos, pardelhas, enguias. As lampreias entram aqui quando seu tempo, e que quando das enchentes sobem a desovar mas não param aqui, indo fazer o seu acento junto à vila de Ponte de Sor onde são pescadas por serem de penedia a que se agarram.

Nas margens do Rio Sor cultivam-se trigo, cevada, centeio, milho grosso e miúdo, feijão frade, melancias e melões. As
árvores de fruto são azinheiras e sobreiros, e as silvestres são salgueiros, amieiros, tramagueiras, tamugeiras e freixos. As pessoas que costumam passar a vau este rio, pela sua frieza mesmo que sejam peludos perdem o cabelo. “Os seus próprios peixes criolos do mesmo rio, são conhecidos pela pouca espinha, o que não têm os mais peixes a que chamam de entrada, porque estes têm bastante espinhas e, por isso, se desconhecem dos outros”.

“Sem pagarem pensão alguma” os moradores desta Vila podem tirar agua para as suas culturas das margens. Já os moinhos pagam de pensão sete alqueires e meio de trigo por cada pedra que moer trigo que as outras não pagam nada. A pensão é paga ao “Ilustríssimo e Excelentíssimo Conde do Vimieiro, Comendador da Comenda desta Vila, por conhecença das mesmas águas que pertencem à dita Comenda.”

LINO MENDES 01/2013

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