Cristelo Covo é uma freguesia portuguesa do concelho de Valença, com 3,66 km² de área e 847 habitantes (2001). Densidade: 231,4 hab/km².
Distante três quilómetros da sede do concelho, a sua área limítrofe confronta com as freguesias de Valença, Gandra, São Pedro da Torre e Arão.
Localidades
A geografia de Cristelo Covo é composta pelos seguintes lugares: Casas Novas, Castanhal, Cidrões, Corgo, Covelos, Ervelho, Estrada, Fonte, Mira, Outeiro, Santa Luzia, Segadães, Seixosa, Senhora da Cabeça, Souto Magos, Troias e Veiga da Rua de Baixo.
História
Freguesia eminentemente piscatória, Cristelo Covo remonta as suas origens a épocas anteriores à nacionalidade: o topónimo Segadães, de Sagatus (plural Sagatanes), de cariz germânico, será disso prova concludente. No século XIII esta paróquia pertencia ao couto de Valença, conforme o atestam as Inquirições de 1258. Situava-se onde hoje é a Coroada (zona intramuros num outeiro superior ao da antiga praça).
Terra de devotos de Santa Maria de Cristelo, aqui se situa o antigo porto de Segadães, que aparece referenciado em documentos muito antigos e que era local de passagem para os peregrinos a Santiago de Compostela.
Ainda a respeito da história desta freguesia, no livro Inventário Colectivo dos registros Paroquiais Vol. 2 Norte Arquivos Nacionais /Torre do Tombo, pode ler-se:
«Em 1258, na lista das igrejas situadas no território de Entre Lima e Minho, elaborada por ocasião das Inquirições de D. Afonso III, Cristelo Covo, então denominada "Castrelo", é citada como uma das igrejas pertencentes ao bispado de Tui. Em 1320, no catálogo das mesmas igrejas, mandado elaborar pelo rei D. Dinis, para o pagamento de taxa. "Santa Maria de Crastello", actual Cristelo Covo, foi taxada em 60 libras. Em 1444, D. João I conseguiu do papa que este território fosse desmembrado do bispado de Tui, passando a pertencer ao de Ceuta, onde se manteve até 1512. Neste ano, o arcebispo de Braga. D. Diogo de Sousa, deu a D. Henrique, bispo de Ceuta, a comarca eclesiástica de Olivença, recebendo em troca a de Valença do Minho. Em 1513, o papa Leão X aprovou a permuta. Quando entre 1514 e 1532, o arcebispo D. Diogo de Sousa mandou proceder à avaliação dos benefícios eclesiásticos incorporados na diocese de Braga, Cristelo Covo rendia 160 réis e 19 búzios de pão terçado.
Em 1546, no registo da avaliação das mesmas igrejas efectuada no tempo do arcebispo D. Manuel de Sousa, Santa Maria de Cristelo rendia 20 mil réis. Na cópia de 1580 do Censual de D. Frei Baltasar Limpo, Santa Maria de Cristelo Covo, então denominada "Crestello Covas", era da apresentação do mosteiro de Ganfei e do arcebispo, a quem pertencia apenas uma quarta parte. Segundo Américo Costa, Santa Maria de Cristelo Covo foi abadia da apresentação dos marqueses de Vila Real, tendo passado depois para a Casa do Infantado. Em termos administrativos, pertenceu, em 1839, à comarca de Monção e, em 1852 à de Valença.»
Economia
A míngua crescente nas águas do Minho tem feito com que, paulatinamente, a população venha retornando mais e mais à terra. A freguesia, de resto, dispõe de uma vasta área de cultivo — a Veiga da Mira —, ainda não satisfatoriamente aproveitada.
Cristelo Côvo é uma freguesia suburbana de Valença. Ocupando uma área de 366 ha nas margens baixas do rio Minho, nela podem encontrar-se lado a lado zonas urbanas e zonas rurais.
A agricultura ocupa ainda cerca de 20% da população activa sendo de registar como nota positiva algumas iniciativas de jovens empresários agrícolas no sector da pecuária e da floricultura. As outras principais actividades industriais geradoras de emprego são a construção civil e a metalomecânica. Nos últimos anos não se tem registado investimento industrial na freguesia e a principal razão para isso é que o PDM não contempla um espaço para zona industrial. Toda a freguesia está dotada de distribuição de água ao domicílio e usufrui em 70% da rede de saneamento básico. A recolha do lixo é completa e realiza-se 5 dias por semana.
Nestes aspectos, Cristelo Côvo beneficia muito da proximidade com Valença. De resto tendo em conta esta proximidade, todos os serviços públicos e privados aí instalados e principalmente os comerciais, são de utilização corrente pelos habitantes da freguesia. Os acessos rodoviários são bons e a frequência das carreiras de transportes públicos é razoável. O caminho-de-ferro ainda é importante. Por tudo isso algumas carências não são sentidas a nível local, como é o caso de não existirem estabelecimentos de ensino pré-primário. Apenas há uma escola pública de ensino básico do 1.º ciclo. A restante escolaridade é realizada em Valença. Na área da saúde e da segurança social passa-se exactamente o mesmo.
No aspecto desportivo já existem algumas infra-estruturas que permitem a realização normal de actividades desportivas que são organizadas pela Sociedade Recreativa Segadanense. Quanto à cultura e lazer, a população beneficia de uma biblioteca pública, dos serviços de uma biblioteca itinerante e de instalações polivalentes capazes de albergar quase todas as realizações culturais e artísticas.
Neste campo, a freguesia tem mostrado um particular entusiasmo das suas forças vivas e é de esperar que este entusiasmo se vá estendendo a outras áreas sobretudo ao turismo. Na realidade, são vários os motivos que poderão servir para um desenvolvimento na área turística; a sua praia fluvial, a par com a zona ribeirinha do rio Minho, que sempre foi propícia à prática da pesca, a romaria à Nossa Senhora da Cabeça.
Heráldica
Parecer emitido em 18 de Setembro de 2001, pela Comissão de Heráldica da Associação dos Arqueólogos Portugueses. Publicado em Diário da República de 3 de Dezembro de 2001.
Brasão
Escudo de verde, um castelo de ouro, frestado e aberto de vermelho e lavrado de negro; em campanha, um barco de prata realçado de vermelho, com remos de prata, visto de proa e vogando sobre um pé ondado de prata e azul de três tiras. Coroa mural de prata de três torres. Listel branco, com a legenda a negro: “CRISTELO - COVO”.
Bandeira
Amarela. Cordão e borlas de ouro e verde. Haste e lança de ouro.
Selo
Nos termos da Lei, com a legenda: “Junta de Freguesia de Cristelo Covo – Valença”.
Artesanato
Alguns dos seus habitantes continuam a pescar nas águas do rio Minho e a produzir o seu próprio material de trabalho: o artesanato local, apesar de não ter a projecção de outrora, não está inactivo.
Festas e Romarias
Aqui, neste pitoresco cenário, tem lugar a festa mais importante da freguesia e uma das mais peculiares da região, a romaria à Senhora da Cabeça, na segunda-feira a seguir à Páscoa. O Lanço da Cruz dá início aos festejos tradicionais. No final da visita pascal, é organizada, na Igreja Paroquial de Cristelo Covo, a procissão em direcção à Senhora da Cabeça. Vão lá os romeiros a “cortar o raminho”, de recordação da santa. Junto ao rio Minho, o recinto fervilha de devotos e curiosos, à espera que o Compasso entre no barco principal, que é acompanhado por muitos outros, formando cortejo único em direcção à margem galega, onde outra multidão aguarda a chegada dos visitantes para beijarem a Cruz. Ouvem-se bombos, tambores e gaita-de-foles, estalejam foguetes. Há alegria e expectativa para ver o que as redes apanham. Hoje como ontem — apesar de serem já uma saudade os tempos do rio farto —, a (eventual e parca) pescaria servirá de oferenda ao pároco de Cristelo Covo.
Património
Dos seus monumentos, destacam-se a igreja paroquial (outrora situada no actual Campo da Feira, à Avenida de Cristelo), a Quinta de Santa Luzia e a Capela da Senhora da Cabeça. Esta localiza-se num parque com o mesmo nome, sítio aprazível, de onde se desfruta uma impressionante paisagem sobre o rio Minho, com vista para a vizinha Espanha.
Um local muito curioso em Cristelo Covo é a Fonte dos Quatro Abades. Conta a tradição que aqui, neste local que é limite de quatro freguesias, se juntavam os párocos das respectivas paróquias aquando da visita pascal. Merecem igualmente referência a de Esqueireira e a de Covelos.
Associativismo
Como representação institucional da freguesia de Cristelo Covo, a Sociedade Recreativa Segadanense trabalha em prol do desporto, em dois segmentos marcantes: o atletismo e o náutico (remo e canoagem), este último utilizando como óbvio local de treino e de competição a pista natural do rio Minho, chamada de Nossa Senhora da Cabeça. Aqui se situa, aliás, o Pavilhão Náutico.
Fotografias
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