Cristoval é uma freguesia portuguesa do concelho de Melgaço, com 4,74 km² de área e 619 habitantes (2001). Densidade populacional: 130,6 h/km².
É a freguesia mais a norte de Portugal e dista nove quilómetros da sede do concelho. Confronta com o rio Minho (com ligação à província espanhola de Pontevedra) a norte, o rio Trancoso (a província de Ourense na outra margem) a nascente, Fiães a sul, e Paços a poente.
No seu conjunto, o território de Cristoval estende-se em socalcos, pela encosta da serra, desde as belas zonas ribeirinhas do Trancoso e do Minho até aos sítios mais altos, verdadeiros miradouros donde se observam os horizontes de toda a região, em que sobressaem os amplos vales daqueles dois rios, e principalmente do Minho, que oferece a visão descansada das suas águas serpenteando por entre terras galegas e portuguesas.
Localidades
Compreende os seguintes lugares principais: São Gregório, Cevide, Ramo, Doma, Porta, Sobreiro, Marga, Pousadas, Campo de Souto, Esquipa, Granja, Cruz, Passal, Pico, Soalheira, Casais, Poços e Pedregal.
O lugar de São Gregório, o mais importante da freguesia, é a porta de fronteira mais a norte do território nacional. Por assim dizer, "aqui começa Portugal". Foi, durante muitos anos, posto fronteiriço de ligação a Espanha. A sua ponte internacional atravessa o pequeno mas encantador rio Trancoso, que, nascendo nos altos de Castro Laboreiro, garante a divisa com os vizinhos galegos desde Lamas de Mouro até Cristoval, aí entregando a missão de devisa ao rio Minho, que a leva à risca até ao fim, à foz, no oceano Atlântico, entre Caminha e La Guardia. Contudo é o lugar de Cevide, em termos geográficos, aquele que determina o extremo máximo ao norte de Portugal, é aí que termina o rio Trancoso com poucos metros de largura e com a Espanha na outra margem.
História
A antiga freguesia de São Martinho de Cristoval (topónimo de origem galega) era abadia de concurso ordinário no termo de Melgaço. Pertencia, no entanto, à comarca de Valença.
Aproveitou do foral dado a Melgaço pelo rei D. Manuel, em Lisboa, em 3 de Novembro de 1513. Em 1839 aparece inscrita na comarca de Monção, passando-se definitivamente, a partir de 1878, para o julgado e comarca de Melgaço.
O rio Trancoso (chamado, primeiro, Doma e, depois, Várzeas) serviu de fronteira a Portugal logo desde a Fundação, porquanto, de acordo com o Padre Bernardo Pintor:
"os documentos relativos a propriedades em Cristoval mencionam o rei de Portugal e os relativos a propriedades sitas na margem oposta mencionam o rei de Leão. Os documentos abrangem desde meados do século XII a meados do século XIII."
Referida nas Inquirições de 1258, o documento mais antigo em que é mencionado o nome da freguesia (tratava-se de uma doação) remonta, no entanto, ao ano de 1142. Outro, de 1210, é considerado muito importante para a história de Cristoval, pois — esclarece o Pe. Pintor:
"nos fala do Paço, que era onde morava o senhor da vila. João Raimundo e sua mãe doaram a Fiães uma herdade situada em Doma, chamada do Palácio, nome que geralmente deriva de Paço. Paço era a morada da autoridade, que poderia ser toda a terra de Cristoval ou apenas da "vila" de Doma."
Na área de Cristoval houve renhidas escaramuças aquando da Guerra da Restauração, levantando os Portugueses um forte sobranceiro à passagem do Trancoso. O sítio permanece conhecido pelo nome de Forte ou Trincheira. Em 1641, os Espanhóis entraram em Portugal e incendiaram as casas de Cristoval, não poupando sequer a igreja. Os nossos retaliaram, saltaram ao lado de lá e fizeram o mesmo.
Em livros antigos, vários autores referem especificamente o regato ou ribeiro que por aqui corre, o Trancoso, e as águas da fonte chamada do Padrão. Pinho Leal, diz sobre esta freguesia que "À água da fonte da pedra se atribui a virtude de curar a lepra e todas as moléstias cutâneas" e ainda que "é terra fértil e possui gado."
Heráldica
Parecer emitido em 9 de Julho de 2002, pela Comissão de Heráldica da Associação dos Arqueólogos Portugueses. Em 28 de Setembro de 2002, o Parecer, por proposta desta Junta de Freguesia, foi aprovado em sessão da Assembleia da Freguesia de Cristoval.
Brasão
Escudo de verde, pano de muralha de prata, lavrado e aberto de negro, entre duas faixas ondadas de prata, carregada cada uma de uma burela ondada de azul; brocante sobre o todo, báculo de ouro posto em pala. Coroa mural de prata de três torres. Listel branco, com a legenda a negro: “CRISTOVAL”.
Bandeira
Branca. Cordão e borlas de prata e verde. Haste e lança de ouro.
Selo
Nos termos da Lei, com a legenda: “Junta de Freguesia de Cristoval – Melgaço”.
Património
No campo do património cultural da freguesia, merece destaque o Cruzeiro de São Gregório, classificado como monumento nacional.
No Monte da Facha (topónimo que vem de Faro, Farol, Fogueira, de origem celta), onde está o importante Santuário de Nossa Senhora de Fátima, existem gravuras rupestres e ruínas de umas muralhas, de defesa castreja. Em tempos remotos, no Monte da Facha, foi edificada uma capela dedicada a São Gregório Papa.
A igreja paroquial desta freguesia, conserva ainda alguns vestígios da sua primitiva construção românica. A porta principal de arco redondo, é seguramente anterior ao século XVI. Terá sido de uma só nave com o seu altar e retábulo onde está o arco cruzeiro, cujo antão é coberto por uma cornija românica e rematada por uma cruz em pedra vazada. A sua torre é moderna.
Bibliografia
- Dicionário Enciclopédico das Freguesias
- Freguesias- Autarcas do Séc. XXI
- Inventário Colectivo dos registos Paroquiais Vol. 2 Norte Arquivos Nacionais /Torre do Tombo.
Fotografias
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