Dornes é uma freguesia portuguesa do concelho de Ferreira do Zêzere, com 19,00 km² de área e 714 habitantes (2001). Densidade: 37,6 hab/km².
A vila de Dornes situa-se no extremo norte do distrito de Santarém, eclesiasticamente pertence ao Bispado de Coimbra e turisticamente está integrada na Região de Turismo dos Templários.
Dornes faz fronteira, através do rio Zêzere (Albufeira de Castelo do Bode), com a freguesia de Cernache do Bonjardim, concelho da Sertã e distrito de Castelo Branco. No concelho de Ferreira do Zêzere faz fronteira com as freguesias Águas Belas, Beco e Paio Mendes.
A 10 km a nordeste de Ferreira do Zêzere, Dornes situa-se numa pequena península à beira-Zêzere, numa enseada da albufeira do Castelo do Bode. É uma das mais curiosas do centro de Portugal, quer pela sua localização, pelas vistas e pelo pitoresco do casario, como pelas lendas e tradições que lhe estão associadas.
Localidades
Compõem esta freguesia a vila de Dornes, sede histórica e religiosa da freguesia e os lugares de Barrada, Cagida, Carril, Casal Ascenso Antunes, Casal da Mata, Frazoeira, Joaninho, Junqueira, Lameirancha, Macieira da Rocha, Peralfaia, Quinta da Benta, Quintas, Ribeiro da Coroa, Rio Cimeiro, Rio Fundeiro, Salão de Baixo, Salão de Cima e Vale Serrão.
História
Terra muito antiga, será mesmo anterior à fundação da nacionalidade, como o atestam os monumentos e os vestígios arqueológicos que por aqui se têm encontrado. Já na primeira dinastia alguns documentos que lhe fazem referência, sendo documentada a presença de um religioso de Dornes no Foral de Arega, em inícios do século XIII.
Ainda no século XIII há referências à Comenda Templária de Dornes. Mais tarde, no século XV, Dornes, enquanto Comenda Mor da Ordem de Cristo teve por Comendador D. Gonçalo de Sousa, homem muito influente, da Casa do Infante D. Henrique, e que aqui mandou construir, em 1453, a Igreja de Nossa Senhora do Pranto. Este local de culto deu à povoação, parte da importância que esteve na origem, em 1513, da atribuição do Foral Manuelino.
Foi sede de concelho entre 1513 e 1836. Era constituído pelas freguesias de Beco, Dornes e Paio Mendes. Em 1801 tinha 2.287 habitantes e 43 km². Do "modus vivendus" das gentes de Dornes, destaca-se a produção e comercialização da madeira de castanho, tradição que já encontramos descrita desde o século XIV e que se manteve até finais do século XIX. Também no século XIX, a reforma de Rodrigo da Fonseca, veio extinguir o concelho de Dornes, integrando-o desde 1835, no concelho de Ferreira do Zêzere. Do século XIX para cá, a freguesia de Dornes tem sido um polo de atracção turística e a sala de visitas do concelho de Ferreira do Zêzere em função das suas paisagens deslumbrantes sobre o Zêzere e também em virtude da grande carga histórica e monumental que as suas aldeias encerram.
Património
A dominar as casas baixas e predominantemente brancas fica a Torre de Dornes, uma edificação pentagonal, que se pensa ter sido construída pelos cavaleiros templários para vigiar o profundo vale do Zêzere.
A fundação da aldeia remonta ao século XII e está ligada ao aparecimento de uma imagem milagrosa de Nossa Senhora do Pranto. A primeira igreja foi mandada construir pela rainha Santa Isabel (filha do rei de Aragão e esposa do rei português D. Dinis) em finais do século XIII, substituída por uma de maiores dimensões no século XV. A Igreja de Nossa Senhora do Pranto possui um órgão de tubos oitocentista, imagens de pedra de Nossa Senhora do Pranto e de Santa Catarina, um púlpito de 1544 e um quadro a óleo denominado «Descanso na Fuga para o Egipto».
Festas e romarias
A romaria de Nossa Senhora do Pranto faz-se a 15 de Agosto e atrai grande multidão.
Tradições
Lenda de Nossa Senhora do Pranto
De todas as lendas, merece destaque a lenda de Nossa Senhora do Pranto de Dornes. Desta lenda parece resultar a grande devoção que por toda esta região existe pela padroeira desta Vila, Nossa Senhora do Pranto. Conta-se que Guilherme de Pavia, feitor da Rainha Santa Isabel, perseguia um veado na Serra Vermelha quando ouviu um doloroso choro. Mas por mais que procurasse não conseguia encontrar de onde vinham tais gemidos. Resolveu então ir contar a novidade à Rainha Santa. Para seu espanto, esta não só sabia o motivo da viagem, como o local exacto onde procurar.
“… e lhe disse que buscasse no lugar onde ouvia os gemidos e que ahi acharia huma imagem de Virgem Maria Nossa Senhora com outra de seu Santíssimo Filho morto em seus braços, o que elle fez, e entre huns matos, que estavão na áspera Serra da Vermelha…achara escondida a admirável e milagrosa imagem…”.
Veio depois a Rainha admirar o achado que mandou erguer uma capela. À terra chamou Vila das Dores, a actual Dornes. Da outra margem do rio (Cernache) o povo contestou e revoltou-se porque reclamavam para si a imagem que tinha sido encontrada na Serra da Vermelha, pertencente àquela localidade e termo da Sertã e não a Dornes. Por diversas vezes a quiseram levar e outras tantas vezes a imagem de Nossa Senhora do Pranto com seu Filho nos braços desapareceu misteriosamente e voltou a aparecer em Dornes, no seu lugar, no altar da Ermida.
Gastronomia
Destacam-se na gastronomia local os pratos confeccionados a partir dos peixes do Rio, como seja o Ensopado de Peixe. De entre as espécies aqui mais encontradas, destacam-se a carpa, a boga, o barbo e o achegan. Contudo também na classe das carnes encontramos algumas especialidades tais como o Leitão à Ferreirense ou o Cabrito assado, ambas comuns a outras freguesias deste Concelho.
É igualmente importante a tradição vinícola nesta freguesia. Assim, esta freguesia está na Região demarcada de Tomar e caracteriza-se pela subsistência de alguns produtores locais que comercializam o excedente das suas produções. Da doçaria regional, merecem destaque os “Bolos dos Santos” e num espectro mais Concelhio, as tigeladas ferreirenses, que também se podem encontrar à venda ao público.
Artesanato
São já poucos, hoje, os residentes desta freguesia que se dedicam à população artesanal. Até há poucos anos atrás era relativamente fácil adquirir em Dornes as famosas rodilhas que por aqui se faziam em grande quantidade e em diversos modelos e tamanhos. Hoje encontramos “vestígios” dessa antiga tradição no atelier de D. Elvira Nunes Cotrim, em Dornes.
É possível, no entanto, encontrar ainda algumas pessoas que resistem ao tempo, como sejam o Sr. Francisco Inácio Cotrim, residente em Casal Ascenso Antunes, que dedica algum do seu tempo à cestaria do vime.
Em Dornes, pode-se ainda ver um artesão a moldar e montar um barco tradicional, o Sr. José Alberto da Conceição Ferreira que se dedica à construção destas embarcações, as quais podemos encontrar em muitas margens do Zêzere e não só.
Personalidades
Aqui nasceram muitos dos heróicos combatentes que por volta de 1650 se bateram nas fronteiras para assegurar a independência nacional. De entre os visitantes ilustres, destaca-se Alfredo Keil que em 1890, estando hospedado na Estalagem dos Vales, ensaiaria com a então Sociedade Filarmónica Carrilense a primeira orquestração da marcha: "A Portuguesa", sendo por isso o Carril um dos berços do actual hino nacional de Portugal.
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