Duas Igrejas é uma aldeia da freguesia de Ferreira de Aves, concelho de Sátão, inserida no distrito de Viseu, na Beira Alta.
Inserida num vale, rodeada por uma vegetação densa e muito verdejante. É uma das aldeias que lutam contra a desertificação, só a beleza daquele vale se transfigurou para enfrentar uma vida diferente, daquela gente que por lá ainda vive, no seu dia-a-dia.
Descendo pelo vale, a primeira aldeia chama-se Covelo. Soito, a povoação seguinte e a mais pequena do vale, foi um lugar que não cresceu muito. Embora a emigração para França e Suíça exista, os emigrantes fizeram pouco investimento na sua terra Natal. Caminhando um pouco mais, encontramos Casfreires, a aldeia mais populosa do vale, com um passado histórico muito rico. Continuando a descer, deparamos com um pequeno aglomerado de casas hoje totalmente abandonadas, mas que em tempos viveram algumas famílias, de seu nome Moita. Quase já em ligação com a anterior, chegámos ao Carvalhal, bastante populoso, talvez a aldeia que mais produz na agricultura. Os habitantes são humildes, trabalhadores, mas também bebem os seus copos de vinho, uma característica de timbre da terra, falam um pouco mais alto que qualquer uma das suas congéneres, por isso fora apelidada de chabouqueiros. A Vila da Ribeira, é a penúltima do vale, aldeia pequena que pouco evoluiu nos últimos anos, não por ser pobre, mas por os seus habitantes serem um pouco forretas nos gastos. Quase cinquenta por cento da população são emigrantes, que nestes últimos anos estão a regressar à sua terra de origem, já com suas belas reformas do estrangeiro e uma boa conta bancária.
Chegamos finalmente a Duas Igrejas. A população infelizmente escassa, como acontece em quase todas as aldeias, vive em função do que a terra lhes dá. Os mais novos abandonam a povoação, procurando ganhar a vida noutras paragens, os mais velhos vão resistindo e mantendo as tradições, lutando contra a desertificação, tentado manter o que os seus antepassados lhes deixaram com herança, outros regressaram de vez dos países onde emigraram durante décadas, mas que a saudade os obrigou a regressar. O risco de se transformar, numa aldeia fantasma, já foi mais iminente do que hoje em dia, nesse sentido vão se construindo habitações para quem regressa e de quem constitui nova família.
Houve uma melhoria geral das condições rodoviárias de acesso e circulação no Vale da Ribeira. Actualmente, a circulação de autocarros já é possível, o que há alguns anos atrás nunca se imaginou. Qualquer pessoa que se quisesse deslocar, se não tivesse meio de transporte próprio, teria de andar vários quilómetros a pé, para ir ao médico, à farmácia, ir fazer algumas compras e ir para a escola. A carreira (como lhe chamavam), só passava em Lamas, aldeia do outro lado da serra, que nos levaria à vila (Sátão) ou à cidade (Viseu).
Descer pelo vale e caminhar por todas as aldeias, para conhecer, depara com um autêntico museu de rara beleza ao ar livre. O som repousante das levadas. O verde florido dos campos. O cheiro agradável do pinheiro e da giesta. Os momentos onde o tempo se sente. A autenticidade…
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