Espinhel é uma freguesia portuguesa do concelho de Águeda, com 11,95 km² de área e 2.799 habitantes (2001). Densidade: 234,2 hab/km².
Localizada na zona sudoeste do concelho, a freguesia de Espinhel tem como vizinhos as freguesias de Óis da Ribeira e Águeda a norte, Recardães a leste, Barrô a sueste e Fermentelos a oeste, e o concelho de Oliveira do Bairro a sudoeste. A freguesia é banhada pelo rio Águeda.
É a nona freguesia do concelho em área, a sétima em população e a nona em densidade demográfica.
A localidade de Casal de Álvaro, desta freguesia, foi anteriormente vila e sede de concelho.
Localidades
- Casainho de Baixo
- Casal de Álvaro
- Espinhel
- Oronhe
- Paradela
- Vascos
- Piedade
História
Não há dúvidas que o território de Espinhel é povoado desde tempos pré-históricos, tendo daqui emigrado sucessivamente para outras paragens milhares de pessoas, quer para povoamentos forçados de outros locais do reino, após a constituição da nacionalidade, como mais tarde na colonização de territórios ultramarinos, ou mais recentemente nas vagas da emigração, que demandaram muitos outros destinos em diversos países.
A Freguesia de Espinhel, situada a cerca de 5 km da sede do Município, faz parte integrante do Concelho de Águeda, desde a sua constituição em 1834, na sequência da reforma administrativa, que extinguiu os antigos forais como órgãos autárquicos, em consequência dos efeitos da revolução liberal de 1820.
Em termos de toponímia, Espinhel poderá vir do Latim vulgar spinum, que significa “espinho”, havendo registos de outras antigas grafias, como por exemplo: Spinitello, Spinelle, Spinel, Spiel.
Espinhel, Paradela e Oronhe, como povoações mais antigas da Freguesia, aparecem mencionadas em documentos que remontam à época da primeira reconquista cristã, no século IX, constando também estas localidades de uma relação de terras próximas do antigo foral de Recardães, com datação do ano de 982, conforme o “Inventário de Portugal”, nº IV, de Nogueira Gonçalves. O Rei D. Afonso IV, o Bravo, que reinou entre os anos de 1325 e 1357, integrou Espinhel no dote real para o casamento da Infanta D. Maria com D. Fernando de Aragão.
Com um complexo território montanhoso de arenito vermelho dos períodos geológicos do Triássico e do Cretácico, com cobertura de saibros do Jurássico, de florestação abundante, intercalando com vales sedimentares de férteis aluviões, a origem de Espinhel perde-se na bruma do tempo, tendo sido Vila rural romana, devido a situar-se dentro das rotas militares e comerciais, bem como à fertilidade da terra e à abundância de água, pela sua natureza fortemente ribeirinha.
Mais tarde, devido à preponderância de Espinhel na organização militar medieval da região, onde a hegemonia do guerreiro Cavaleiro Vilão ditava a lei com o fio da espada e a ponta das lanças, lançadas pelos seus servos da gleba, aproveitou tal facto às forças portucalenses comandadas por D. Afonso Henriques, o fundador da Nacionalidade, que aqui estacionaram e onde prepararam o avanço para a conquista de Montemor e Coimbra. À falta de fortificações militares na região, como são os Castelos, a morfologia geográfica local muito acidentada de montes e rios, ofereceu aos conquistadores as necessárias linhas de defesa natural. Na circunstância, o alojamento real esteve situado na povoação de Oronhe, situada na margem direita do rio Águeda. Segundo um cronista da época, situa aqui uma curiosa relação do nosso primeiro rei, com a mulher de um comandante das suas tropas, fazendo jus à sua fama de ter tanto de valentia como de mulherengo.
Como consequência da importância em termos de história, das rotas e capacidade militar, dos recursos agrícolas e florestais, bem como da abundância em materiais de construção usados na época, Espinhel teve atribuído Comenda Real e depois foi constituído Vigararia da poderosa Casa de Bragança, onde possuía a Quinta das Lágrimas local, que hospedava periodicamente membros da realeza, com destaque para os Reis D. Manuel I e D. Luís. Esta herdade real funcionava como extensão da famosa e trágica Quinta das Lágrimas de Coimbra, onde foi assassinada D. Inês de Castro no ano de 1355.
A antiga Vila de Casal de Álvaro, foi sede de foral concedido por D. Manuel I em 10 de Setembro de 1514. Também D. Manuel I atribuiu ainda a Espinhel carta de foral. A dimensão territorial espinhelense de outrora, foi muito maior que actualmente, nomeadamente quando se estendia para além do rio Cértima, pela actual Freguesia de Oiã e até ao Troviscal, cujas áreas foram desbravadas e povoadas a partir de Espinhel, após o avanço para Sul das forças portucalenses, sendo Perrães [deriva de "pé rans”, ou seja “ao pé de rãs”] o primeiro povoado ali criado. Depois de séculos de vida em comum, Oiã separou-se de Espinhel em 1798.
Economia
Até meados do século passado a população de Espinhel dedicava-se essencialmente à agricultura e produção florestal, com a piscicultura um lugar de importância na alimentação das populações locais. Actualmente, do ponto de vista económico, o sector primário continua a representar um papel importante para as gentes desta localidade.
No que respeita ao sector secundário, esta freguesia tem representação significativa no que refere às indústrias de mobiliário, da cerâmica, de metalomecânica diversa, da electrónica, do vestuário e da construção civil, funcionando como uma grande fonte de empregabilidade.
O sector terciário tem alguma expressão nesta freguesia pela diversidade de estabelecimentos comerciais, sobretudo na área da restauração.
Património
Natural
Com um relevo acidentado de extraordinária beleza, Espinhel é muito provavelmente a Freguesia mais ribeirinha de Portugal, sendo banhada pelos Rios Águeda, Cértima e Levira, pela Lagoa da Pateira e ainda pelas caudalosas e navegáveis Valas Real e Galinheiras. O Vale do Cértima e os seus arrozais constituem importantes zonas húmidas que servem de habitat a uma grande variedade da vida aquática, aves e outra fauna terrestre selvagem, de valorizável significado para a manutenção da biodiversidade na região.
Como outro ponto de referência da Freguesia, temos o muito procurado, acolhedor e grande Parque da Pateira, Espinhel, situado na margem nascente da maior lagoa natural de Península Ibérica, com um microclima único de especial frescura nos dias cálidos de verão, que aliado à rara beleza natural do local, surpreende os visitantes. Chama-se Pateira à lagoa, por ter sido um local de eleição de D. Manuel I, que nesta área costumava caçar patos.
As admiráveis formações rochosas de arenito vermelho, do período geológico do Triássico, que ficaram expostas com a abertura em 1998/1999 da nova estrada variante do Serpel, tem vindo a merecer grande interesse para o estudo científico, especialmente pela Universidade de Aveiro.
Colectividades
- ARCEL - Associação Recreativa e Cultural de Espinhel
- GCJA - Grupo Coral Jovem da ARCEL
- ARCÉNICA - Grupo de Arte Cénica da ARCEL
Ligações externas
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