Guardão é uma freguesia portuguesa do concelho de Tondela, com 18,77 km² de área e 1.834 habitantes (2001). Densidade: 97,7 hab/km².
Guardão, freguesia do concelho de Tondela e do distrito de Viseu tem como freguesias limítrofes Barreiro de Besteiros, Castelões, Mosteirinho, São João do Monte e Silvares, pertencentes ao mesmo concelho, Varzielas, do concelho de Oliveira de Frades e Alcofra, do concelho de Vouzela.
Localidades
Enquadrada pela Serra do Caramulo, dista cerca de 20 km da sede concelhia e abrange as seguintes povoações: Cadraço, Carvalhinho, Caselho, Ceidão, Guardão de Cima, Guardão de Baixo, Janardo, Jueus, Laceiras, Caramulo, Pedrógão.
Até à reforma de Passos Manuel em 1836, foi sede de concelho uma das suas povoações: Janardo, tendo depois sido integrado no de Tondela. Uma das suas povoações foi elevada a vila em 1 de Fevereiro de 1988: Caramulo (antiga Estância Sanatorial para tratamento da Tuberculose).
História
A antiguidade da povoação, anterior à fundação da Nacionalidade Portuguesa, é comprovada pelo Castro de São Bartolomeu, situado num cabeço a 631 metros de altitude, onde se encontram inúmeros vestígios de outras épocas, como cerâmicas ou moedas medievais, cuja origem se desconhece, mas que facilmente se poderá ligar à existência de uma feira na região, desde o período de formação de Portugal.
Pensa-se que Guardão constituiria um dos extremos da "civitas" romana. Na Capela de São Bartolomeu, há uma inscrição que é um término augustal:
IMP(eratore).CAESAR(e).DIVIF[ilio]/XIII(décimatertia)TRIB(unitia).POTEST[ATE]/AVGVST(o).INTER/[AN]IE(n)SES.Q(uintus).ARTICLEI[VS]/5[C]AVSA.COGNI[TA] — Pelo Imperador César Augusto, filho do divino, detentor do Poder Tribunício pela décima terceira vez. Os Iteranienses. Quinto Articuleio, por causa conhecida.
Chega-se até ao Castro pela estrada Tondela-Caramulo, após a segunda entrada para a povoação do Guardão de Baixo, seguir por um caminho à esquerda e depois sempre em frente até à capela.
Um outro vestígio da ocupação romana é um troço de via, com cerca de 3,50 metros de largura, que continua a ser uma rua da povoação e está classificado como Imóvel de Interesse Público.
Em 1207, a pedido de Egas Niger e outros povoadores, D. Sancho I concedeu, por cinquenta morabitinos, carta de foro e de povoação a Guardão, cujos limites eram semelhantes aos da actual freguesia: da Portela das Várzeas pelo Padrão da Messe ao Caramulo de Alcoba, daí ao Carvalhinho, onde está o canto entre o Figueiral e Janardo, até à Pedra do Bolo, donde por Misarela iria ter de novo ao Padrão da Messe.
Afirmava-se, no foral, que o mordomo do rei só podia intervir em três pleitos-furto, rouço e homicídio; o cargo de mordomo ou serviçal não seria obrigatório para os habitantes; estes não estavam obrigados a dar pousada ao rico homem e só teriam de ir a apelido ou chamada na presença do rei; os homens bons tinham jurisdição sobre as questões entre o fisco e os habitantes e nos demais litígios; o concelho estava autorizado a aplicar as leis e regulamentos locais, podendo os moradores alienar a sua herdade e o seu casal, desde que o novo possuidor pagasse o foro.
Das Inquirições de Afonso III, resulta que Randulfo Pelágio recebeu o Guardão em prestimónio de D. Sancho I e, posteriormente, D. Afonso II doou-o ao mestre Amberto. Após a morte do rei, Amberto declarou que a terra lhe tinha sido doada e, por isso, tinha legitimidade para vendê-la, o que veio a acontecer, a Ferdinandus Johannis, tenente de Besteiros, o qual povoou, em senhorio do rei, Caselho e Jueus.
Nos finais do século XIV, Guardão pertencia a João Fernandes Pacheco, mas, em virtude da sua adesão ao partido castelhano, as terras reverteram a favor da Coroa Portuguesa. D. João I doou-as, a 6 de Abril de 1398, a Gonçalo Lourenço de Gomide, bisavô do Vice-Rei da Índia, Afonso de Albuquerque.
Mas a 21 de Outubro de 1446, Gonçalo Lourenço e Enes Leitoa, sua esposa, venderam ao rei o Couto de Guardão
“pelo preço de mil quinhentos dobras de ouro, com sua jurisdiçam, com todas as suas entradas e saydas e direitos e pertenças, foros e geiras e padroado da ygreja”.
Posteriormente, D. João I fez nova doação do Couto, agora a seu filho, o Infante D. Henrique, primeiro Duque de Viseu que, por sua vez, o cedeu por doação a Pedro Gonçalves Currutelo, escudeiro de sua casa e a sua mulher, D. Branca de Sousa. Passaram, depois, para os Castelo Branco, de Leiria. Até que integraram a vasta doação feita por D. João II, em 29 de Maio de 1489, a seu cunhado, duque de Beja e futuro rei de Portugal, D. Manuel I, que veio a atribuir novo foral, a 10 de Fevereiro de 1514.
Com a reforma administrativa de 1836, passou a integrar o concelho de Tondela. Por força da Lei n.º 25/88, de 1 de Fevereiro a povoação de Caramulo foi elevada à categoria de vila.
Património
Desde a sua calçada romana, junto à igreja matriz, no Guardão de Baixo, passando pelo Pelourinho de Janardo e inscrição romana no interior da Capela de São Bartolomeu, no castro com o mesmo nome, há vários motivos de interesse para visitar a freguesia do Guardão. A secular Festa das Cruzes, que decorre na Quinta-Feira da Ascenção é um bom motivo para subir a serra do Caramulo.
- Troço de Calçada Romana de Guardão
- Pelourinho do Janardo
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