A região onde se situa Leiria já é habitada há longos tempos, apesar de sua história precoce ser bastante obscura.
- Ver também: Toponímia de Leiria
História remota
O rio Lis
A ocupação da bacia hidrográfica do rio Lis pelo homem remonta ao período Paleolítico Inferior (2,5 milhões de anos atrás), onde surgiram os primeiros utensílios em pedra. Numa publicação do parque Arqueológico Vale do Côa (1996), os autores referem que os vestígios de material paleolítico em Portugal são duvidosos e insuficientes para confirmar a presença do homem em época tão recuada em território português. Leiria situa-se na antiga Lusitânia que, de acordo com a descrição de Plínio, começava a partir do Douro. Arroteia (1996) refere que, do ponto de vista linguístico, apesar de haver escassez de testemunhos, a presença dos fenícios por volta do século X a.C. teria deixado marca linguística como o ‘ipp’ – elemento toponímico que serviu para designar Olispo (Lisboa) e Collipo (Leiria).
Ocupação Romana
Os Turduli, um povo indígena da Ibéria, estabeleceu um povoado junto à cidade actual de Leiria (a cerca de 7 km). Essa povoação foi depois ocupada pelos Romanos, que a expandiram sob o nome de Collippo. As pedras da cidade anciã romana foram usadas na Idade Média para construir parte de Leiria.
No que diz respeito à ocupação dos romanos em Collipo (as ruínas situam-se em São Sebastião do Freixo, freguesia da Barreira), são vários os testemunhos que associam essa região, o «municipium» de Collipo, ao actual distrito de Leiria. Dentro da Lusitânia romana, Leiria, em conjunto com Alcobaça, Santarém, Tomar e Conímbriga, compunha a rede urbana e administrativa dessa grande região. Leiria e a sua região foram, durante séculos, palco de sucessivas vagas de ocupação. E a sua estabilização só ocorreu no período da Reconquista.1
Nacionalidade
Além do Rio Lis, a cidade de Leiria tem outro grande símbolo identitário: o Castelo datado de 1135, que desempenhou um papel fundamental na unidade nacional durante a Reconquista.
Pouco é conhecido sobre a área nos tempos dos Visigodos, mas durante o período de domínio árabe, Leiria era já uma vila com praça. A Leiria moura foi capturada em 1135 pelo primeiro rei de Portugal, D. Afonso Henriques, durante a chamada Reconquista. Essa localidade foi brevemente retomada pelos mouros em 1137, e mais tarde em 1140. Em 1142, Afonso Henriques reconquistou Leiria, sendo desse ano o primeiro foral, atribuído para estimular a colonização da área.
Os dois reis esforçaram-se por reconstruir as muralhas e o castelo da vila, para evitar novas incursões mouras. A maioria da população vivia dentro das muralhas protectoras da cidade, mas já no século XII uma parte da população vivia na sua parte exterior. A mais antiga igreja de Leiria, a Igreja de São Pedro, construída em estilo românico no último quartel do século XII, servia a freguesia exterior às muralhas.
Idade Média
Durante a Idade Média, a importância da vila aumentou, e foi sede de diversas Cortes. As primeiras Cortes realizadas em Leiria foram em 1254, durante o reinado de Afonso III. No início do século XIV (1324), D. Dinis mandou erguer a torre de menagem do castelo, como pode ser visto numa inscrição na torre. Esse rei construiu também uma residência real em Leiria (actualmente perdida), e viveu por longos períodos na cidade, que ele doou como feudo à sua esposa, a Rainha Santa Isabel. O rei também ordenou a plantação do famoso Pinhal de Leiria, próximo da costa com o Oceano Atlântico. Mais tarde, a madeira deste pinhal seria usada para construir as naus que serviram aos Descobrimentos portugueses, nos séculos XV e XVI. Durante o século XV, os judeus desenvolveram nesse concelho uma das mais notáveis comunidades, ao ponto de empreenderem uma florescente actividade industrial.
No fim do século XV, o rei D. João I construiu um palácio real dentro das muralhas do castelo. Este palácio, com elegantes galerias góticas que possibilitam vistas maravilhosas da cidade e da meio envolvente, ficou totalmente em ruínas, mas foi parcialmente reconstruído no século XX. D. João I foi também o responsável pela reconstrução da Igreja de Nossa Senhora da Pena, localizada dentro do perímetro do castelo, num estilo gótico tardio.
Por volta do fim do século XV, a cidade continuou a crescer, ocupando a área que se estende desde a colina do castelo até ao rio Lis. Em Leiria foi impresso o primeiro livro em Portugal. O rei D. Manuel I deu à localidade um novo foral em 1510, e em 1545 foi elevada à categoria de cidade, tornando-se sede de Diocese. A Sé Catedral de Leiria foi construída na segunda metade do século XVI, numa mistura dos estilos renascentista (gótico tardio) e maneirista (renascimento tardio).
Actualidade
Comparando com a Idade Média, a história subsequente de Leiria é de relativa decadência. No entanto, no século XX, a sua posição estratégica no território português favoreceu o desenvolvimento de indústrias diversas, levando a um grande desenvolvimento da cidade e da sua região.
De facto, durante vários anos, Leiria foi das poucas capitais distritais que não era a cidade mais populosa do próprio distrito, sendo suplantada pela cidade de Caldas da Rainha. Contudo, nos últimos anos a cidade tem-se desenvolvido de forma extraordinária, e é já um dos 25 principais centros urbanos de maiores dimensões do país.
Actualmente, a presidente de câmara é Isabel Damasceno Campos Costa, pelo PSD.
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