História de Penedono

História de Penedono
Penedono

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São antiquíssimas as terras de Penedono. Por todos os lados se depara com testemunhos de uma remota ocupação humana, cujos primórdios se perdem na névoa espessa dos tempos.

Antes da nacionalidade

Da cultura dolménica chegaram até nós ecos significativos. Por exemplo, o topónimo Antas, de uma das freguesias do concelho, tem a sua origem, precisamente, naqueles monumentos pétreos, de finalidade religioso-funerária, que os homens do Neolítico, com esforço sobre-humano, levantaram há milhares de anos por estes confins da Beira. Nos visos dos montes, implantaram-se os castros; e os Romanos rasgaram os seus caminhos através destas serranias ásperas, onde vieram encontrar o ouro e a prata, metais preciosos, sempre apetecidos.

Por aqui erraram, pilhando haveres e aniquilando vidas, hordas de povos bárbaros, alanos, vândalos, suevos e godos, oriundas do leste europeu. E dois séculos após, outros povos invasores, vindos do Norte de África – os Muçulmanos – aqui viriam fixar-se por longo tempo, até serem definitivamente expulsos, na segunda metade do século XI, por Fernando Magno, rei de Leão.

Data de 960 o primeiro documento conhecido, onde o nome de Penedono é referido na forma Pena de Dono, o que quer dizer, segundo a opinião mais comummente aceite, Penha ou Castelo de Dono, sendo Dono um nome pessoal, vulgar no século X. Tal documento é uma carta, pela qual uma riquíssima dona, a "deovota" Flâmula (ou Chama), encontrando-se doente e temendo o dia da sua morte, lega a sua tia Mumadona, fundadora do mosteiro de São Salvador de Guimarães, inúmeras propriedades, castelos e povoações, aquém e além-Douro, incluindo salinas em Aveiro, para que tudo fosse vendido, revertendo o produto da venda em benefício dos cativos, peregrinos e mosteiros. Entre os castelos legados, figuravam os de Trancoso, Moreira, Longroiva, Numão, Vacinata, Almendra, Pena de Dono, Alcobia (será Alcarva?…), Sernancelhe e Caria, e bem assim outras "penellas et populaturas".

Século XII ao Século XIX

Nos finais do século XII, pertencia a "villa de penna de dono" à coroa dos Reis de Portugal. Com o intuito de incrementar o seu repovoamento, outorgou-lhe D. Sancho I, juntamente com seus filhos, no ano de 1195, carta de foral, pela qual são concedidos aos moradores, especialmente aos cavaleiros vilãos, muitos privilégios.

Em Outubro de 1217, foi foral confirmado por D. Afonso II, filho e sucessor de D. Sancho I, juntamente com a sua mulher, a rainha D. Dulce, e seus filhos, os infantes D. Sancho, D. Afonso e Dona Leonor.

"A importância de tal confirmação – sublinha Mário Guedes Real – ressalta do número e qualidade das pessoas que nela intervieram como confirmantes, nada menos do que oito bispos: Estêvão, arcebispo de Braga; Martinho, bispo do Porto; Pedro, bispo de Coimbra; Soeiro, bispo de Lisboa; Soeiro, bispo de Évora; Pelágio, bispo de Lamego; Bartolomeu, bispo de Viseu; Martinho, bispo da Guarda; e ainda Martinho João, alferes-mor do Rei; Pedro João, mordomo da Cúria; e mais doze Senhores da Corte, sendo sete como confirmantes e cinco testemunhas".

Em 1321, reinando D. Dinis, existiam em Penedono três igrejas paroquiais, das invocações de São Pedro, São Salvador e Santa Maria Madalena, cujas rendas foram calculadas, respectivamente, em 50, 40 e 100 libras cada uma. No decorrer do tempo, extinguiu-se a paróquia de Santa Maria Madalena, repartindo-se os fregueses pelas de São Pedro e São Salvador. Hoje já só existe a de São Pedro.

O último foral de Pena de Dono data do tempo de El Rei D. Manuel I, o Venturoso. Trata-se do "foral novo", subscrito por Fernão de Pina, a 27 de Novembro de 1512. As rendas e os direitos anuais, devidos à Coroa, fixados em 2.970 réis, deviam ser pagos pelos moradores e concelho ao alcaide do castelo da vila. Do gado miúdo (ovino e caprino) que sem licença entrasse nos montados, levaria o concelho 1 real por cabeça; e do gado vacum, 10 reais.

Seguem-se os capítulos de Armas, Sentenças e Gado do Vento, referentes, o primeiro, à pena de arma; o segundo, à execução das sentenças; e o terceiro ao gado do vento, isto é, o gado encontrado a vaguear pelos montes, sem dono conhecido. Entre os direitos particulares, são mencionados a portagem e o forno de cozer pão.

Do Cadastro da População do Reino, elaborado em 1527 por ordem de D. João III, consta que na vila de Penedono e seu termo havia então 486 moradores ou fogos, o que equivalia a cerca de 1500 habitantes. O lugar mais populoso era o das Antas, com 130 moradores, seguindo-se Castaínço com 85, a Beselga com 82 e a Prova com 78. Em penúltimo vinha a Vila com 73 e, por fim, Alcarva com 48. Só as Antas, por conseguinte, contavam quase um terço do total da população do concelho.

Em 1708, segundo refere o Padre Carvalho da Costa, pertencia Penedono à comarca de Pinhel. Contava a vila 350 vizinhos (portanto, cinco vezes mais que em 1527), repartidos por duas paróquias, de São Salvador e de São Pedro, abadias do padroado real. Tinha Casa da Misericórdia, Hospital e cinco ermidas e sete freguesias no termo, a saber, Granja, Castainço, Alcarva, Prova, Antas, Beselga e Ourozinho. Pedro Álvares Cabral de Lacerda e Valadares, descendente de D. Fernando Afonso Correia, senhor de Farelães e Valadares, era o alcaide-mor do castelo.

Na segunda metade do mesmo século, quando D. Joaquim de Azevedo, abade de Cedavim, compunha a sua História Eclesiástica da cidade e Bispado de Lamego, já Penedono, ao deixar de fazer parte da comarca de Pinhel, passara para a de Trancoso.

Por decreto de 23 de Dezembro de 1873, foi suprimido o julgado de Penedono, apenas ficando a existir o concelho. Este, por seu turno, seria extinto em 1895, por decreto de 7 de Setembro, mas de novo restaurado em 1898, por decreto de 13 de Janeiro, com todas as freguesias que o constituíam antes da extinção.

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