História geológica de Loriga

História geológica de Loriga
História de Loriga

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A formação geológica do Vale de Loriga, onde está situada a vila com o mesmo nome, está directamente relacionada com a formação da própria Serra da Estrela por isso não se pode dissociar uma da outra. Para que se entenda melhor, é necessário saber como se formou a Serra da Estrela e nela o espaço que hoje abrange a freguesia de Loriga.

A Serra da Estrela sendo a mais elevada de Portugal Continental, com 1991 metros de altitude, impõe-se por se erguer bruscamente entre áreas aplanadas e pouco elevadas, a superfície da Beira Baixa a SE e o planalto da Beira Alta a NW.
Do ponto de vista geológico, a Serra da Estrela é um afloramento granítico com cerca de 280 milhões de anos (Paleozóico), entrecortado aqui e além por filões de quartezíticos, por depósitos glaciários e fluvioglaciários e interrompido a NE por complexos xistograuvaquicos e anteordovícicos que também o rodeia a Sul e a SW.

Presume-se datarem de cerca de 65 milhões de anos (Paleozóico) as principais linhas de fractura que condicionaram grandemente o relevo e a estrutura actual da Serra da Estrela, bem como o encaixe da rede hidrográfica da região, tendo-se verificado o levantamento tectónico somente no final do Terciário (finais do Miocénico início do Pliocénico) por efeitos da orogenía Alpina que submeteu o maciço a movimentos epirogénicos.

No tempo geológico, a Era Quaternária tem particular interesse, porquanto é nesse período que decorre a evolução rápida do homem, se estabilizam os climas regionais, se define a forma exterior da crosta terrestre nas zonas com cobertura glaciária.

Durante a última glaciação, uma acentuada baixa de temperatura invade a Europa e à acumulação de sucessivas camadas de neve e de gelo nas elevações, seguiu-se o desprender e deslizar vagaroso, para mais baixos níveis das enormes massas de gelo. Na Serra da Estrela a diversidade de línguas glaciárias existentes deveu-se sobretudo à topografia pré-glaciárica e às condições climatéricas durante a glaciação. A posição do Sol no verão relativamente à orientação dos vales, bem como os ventos dominantes no inverno, teriam sido dois factores importantes dessa glaciação. Nesta superfície onde houve gelos móveis, as rochas brilham ao sol devido ao seu polimento provocado pela abrasão dos materiais por eles transportados. Este trabalho erosivo gerou no terreno enormes degraus denominados escadarias de gigante, e rochas arredondadas lembrando o dorso de ovelhas e por isso designadas de “aborregadas”. Um dos principais factores que contribuíram para estas formas foi a direcção do movimento do gelo que no primeiro caso seria perpendicular às fendas do granito e no segundo teria a mesma direcção.

Os glaciares que mais se afastaram atingiram o seu fim, ao encontrar menores declives e temperaturas que os fundem. Morreram, deixando amontoados de calhaus mal rolados e detritos que transportaram, que salpicaram a paisagem com o aparecimento de alongados e amontoados blocos com tamanhos diversos, as moreiras, que constituíram a carga transportada pelos glaciares, posteriormente depositada por perda de capacidade de transporte, assim como, alguns blocos de grande dimensão designados por blocos erráticos, que foram deixados em locais distantes da sua origem.

Como resultado de tais movimentos foi adquirida uma estrutura em degraus orientados, evidenciando nos patamares os restos da aplanação primitiva, que foi modelada por diferentes tipos de erosão, destacando-se na designada "Serra dos Cântaros" a acção dos glaciares Wurmianos (cerca de 27 mil anos). O planalto do cimo da Estrela teria sido coberto por uma calote de gelo (cerca de 80 metros de espessura, para alguns investigadores) da qual divergiram os antigos glaciares em número de sete, muitos dos traços desses antigos glaciares encontram-se por toda a área da Serra e vão desde circos gigantescos glaciares a vales com perfis em U.

O valor paisagístico da Serra da Estrela impõe-se pela variedade do mosaico que a constitui, os seus vales profundos divergindo dos cimos, dão à paisagem, pelo vigor do encaixe, uma grandeza de montanha pincelada pela diversidade vegetal, ribeiras, lagoas, e no sopé, as povoações em xisto ou em granito. Contudo, ganha especial importância numa área restrita, por nela existir uma morfologia única no nosso país, devido à glaciação, a par de uma vegetação de zimbro anão e cervum inigualável em qualquer outra paisagem portuguesa. É de salientar ainda a quantidade de caos de blocos nas zonas periglaciares, comuns a todas as montanhas graníticas, que contrasta com a sua inexistência nas zonas outrora cobertas de gelo.

Loriga

Como se disse, são vários os vales de perfil transversal em U, modelados pelas massas de gelo em movimento, cujos perfis longitudinais podem possuir socalcos deprimidos por vezes com lagos correspondendo a troços de menor resistência à acção abrasiva do glaciar.
Um desses vales imponentes é o de Loriga, que começando na mais elevada altitude da Estrela 1991 metros, desce abruptamente até à Vide a 290 metros, acolhendo no seu percurso pequenas povoações como Cabeça, Casal do Rei ou Muro.

Tendo como povoação central a Vila de Loriga, a 7 Km da origem junto ao planalto da Torre, este vale está cavado em nítidos e numerosos degraus bem acentuados que constituem planos de aluvião arrelvados, e representam antigas lagoas assoreadas dispostas em série como pérolas de colar, e ainda também todo um vale repleto de história, onde é bem visível os vestígios glaciares, espécies vegetais raras duma floresta que cobria as encostas antes e após a glaciação.

A permanência de muito desses vestígios glaciares, as marcas de pastores transumantes, um mundo belo de socalcos construídos para a cultura do milho e também o passado e o presente da industria têxtil, presume-se mesmo que a Vila de Loriga é das povoações mais antigas da Serra da Estrela.

História de Loriga

Referências

  • FERREIRA, N. e VIEIRA, G. - 1999 - "Guia geológico e geomorfológico do Parque Natural da Serra da Estrela. Locais de interesse geológico", Instituto Geológico e Mineiro e Instituto da Conservação da Natureza, Lisboa.
  • DAVEAU, S. – 1971 - “La Glaciation de Serra da Estrela”, Finisterra, vol. VI, Lisboa

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