A Igreja de São Sebastião é um edifício de características arquitectónicas muito simples e curiosas situado na localidade de Espiçandeira, freguesia de Meca, concelho de Alenquer.
Esta Igreja de estrutura arquitectónica muito equilibrada, cativa o visitante que fica deslumbrado com a beleza e magnificência da azulejaria, profusa, de cores fortes e brilhantes de diamante e em formas variadas predominando o figurino do xadrez. Construída, assim se julga, nos finais do século XVI, portanto à volta dos anos 1590, constituiu sede de freguesia e paróquia de São Sebastião, até mais ou menos ao ano de 1850.
A porta principal é de arco de volta inteira ladeada de pilastras almofadadas, tal como acontece na porta lateral voltada para a estrada municipal; só que esta é encimada com a construção de uma concha que por cima dela aparece uma cruz esculpida na pedra, e dois relevos de figuras humanas, um de cada lado. A característica das conchas é peculiar nesta Igreja, já que no seu interior há uma no tecto do púlpito e outra formando uma semi-abóboda em semi-círculo, no tecto do altar-mor.
Ao entrarmos no templo, do lado direito há um painel de azulejos, de sete mosaicos de altura por cinco de base, representando São Sebastião, e do lado esquerdo outro painel de igual tamanho, sobre "O Baptismo de Cristo". As paredes laterais desta Igreja estão reforçadas com quatro pilastras de cada lado e os espaços de parede entre elas, estão forrados, de alto a baixo, com lindíssimos azulejos, e no topo, painéis, ao todo em número de sete, assim distribuídos: dois sobre São Sebastião; três sobre alegorias sebásticas das três setas coroadas; um para uma Custódia e o outro com a figuração de "o Menino Salvador".
O púlpito, situado no lado direito, é adossado à parede, de construção singela mas muito curiosa, pelas elegantes colunas que ostenta, e todo ele está favorecido pelo enquadramento espectacular dado pela beleza dos azulejos circundantes de cores reluzentes de verde e azul com desenhos geométricos delicados e impressionantes. Como já se referiu, mas é bom realçar, o tecto interior do púlpito tem na pedra o desenho de uma concha, feito a escopo e a cinzel, mas já algo gasta pelo tempo, de 400 anos passados. A outra concha da Igreja, é a concha gigante no tecto semi-esférico por cima do altar-mor. É uma construção de engenharia e arte que deixa extasiado o visitante atento. Descendo os olhos pela parede abaixo, vemos um nicho com um Cristo na Cruz. Ainda, no altar-mór ao centro, está uma imagem de grande valor, de "São Sebastião", no lado direito a Rainha Santa Isabel, e no lado esquerdo, uma imagem de Nossa Senhora de Fátima. Na sacristia há a referenciar duas imagens de pedra e bem decoradas: uma de São Roque com o anjo aos pés; a outra, de Santo António.
Nesta Igreja está bem patente um valioso sarcófago colocado perto do púlpito. Em pedra e apoiado por três leões de pedra, contém os restos mortais de Frei João Boto Pimentel, da Ordem de São João Baptista e Comendador de Tábora e Aboim, e de Santarém e de Nossa Senhora da Portela , de Vez e de São João de Valladares. Faleceu em 1683 e descendia de Ruy Botelho Boto, cujo pai foi reformador dos forais reais. Tinha parentesco com a família Lobos do Alvito e possuíam uma quinta em Espiçandeira. Há ainda descendentes vivos, de um dos ramos de família, e são residentes, como julgamos em Torres Vedras, mais propriamente em São Domingos de Carmões. Um outro túmulo, mas este no pavimento, e em prolongamento do degrau para o altar-mor, diz respeito a um capitão-mor, talvez falecido em guerra na Costa de Melinde, costa oriental de África, em cuja pedra está a data de 1617, uma época humilhante para Portugal, sob o domínio filipino, e em que perdemos diversas fortalezas e cidades na região de Melinde e na Índia, como por exemplo Ormuz.
Bibliografia
- Roteiro do Concelho de Alenquer - Março de 1992
- Alemquer e o seu Concelho, de Guilherme João Carlos Henriques - 1873
- Alenquer-Concelho Multissecular e Monumental, de Luís Manuel Rucha Venâncio
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