Igreja do Salvador de Unhão

Igreja do Salvador de Unhão
Unhão

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A Igreja do Salvador de Unhão, classificada como Imóvel de Interesse Público desde 1950, integra o percurso turístico-cultural da Rota do Românico do Vale do Sousa. Está situada na freguesia de Unhão, concelho de Felgueiras.

A Igreja do Salvador de Unhão é um estimável testemunho da arquitectura românica portuguesa. O portal principal, de excelente qualidade, apresenta um conjunto de capitéis vegetalistas considerados entre os melhores esculpidos de todo o românico do Norte de Portugal.

Apesar das transformações que foi recebendo ao longo do tempo, conservou-se a epígrafe que regista a Dedicação de uma igreja anterior, em 28 de Janeiro de 1165. A referência ao Magister Sisaldis nesta epígrafe e a existência de uma série de siglas com um S de grande dimensão parecem indicar o nome do mestre da obra, elemento raro no panorama da arquitectura românica portuguesa.

A matriz de Unhão, de planta longitudinal, conserva a nave de construção românica. Nesta nave, construída durante a primeira metade do século XIII, é patente o encontro de soluções decorativas próprias da região do Vale do Sousa com outras provenientes da região de Braga.

A imagem de Nossa Senhora do Leite é uma escultura em calcário policromo de origem desconhecida. Apresenta uma iconografia da época gótica apesar da rigidez das formas.

História

Na linha das edificações da arte românica, influenciada pela antiga cultura romana, mas implementada na região do Condado Portucalense em plena Alta Idade Média, dá-se atenção a monumento medieval eminente como é a igreja do Unhão, distinta em frontaria de corpo saliente, encimado por gablete, a sua importante empena decorativa.

De entre os exemplares de igrejas de estilo românico que perduram nesta área da região do Vale do Sousa, a do Unhão eleva-se naturalmente, sendo, como se sabe, a mais antiga entre as do concelho de Felgueiras, ao que se refere ser de «construção anterior às demais, sagrada em 1165»1, data que, na transposição da era de César para a actual, corresponde à antiga de 1203, sabendo-se que só no tempo de D. João I se introduziu em Portugal o costume de contar os anos pela Era de Cristo. A sua fundação é, efectivamente, anterior à nacionalidade e, de acordo com documentação coeva, foi erguida a mando de D. Gonçalo de Sousa, o 4º Sousão, que escolhera a “Quintãa d’Unhom” para sua residência e mandou construir dali perto a igreja, tendo a terra recebido privilégio de Honra por seu palácio então haver sido pousada do rei, constando que D. Afonso Henriques esteve hospedado nessa casa senhorial diversas vezes, uma das quais, em 1165, teve laivos de história de adultério constante dos livros de linhagens. Poucos anos mais viveu aquele Senhor do Unhão, pois, no meio das informações relativas à construção da igreja haver sido no século XII, há também notícia de D. Gonçalo ter falecido em 1179. Vem assim a edificação da sua igreja de tempos condais, tendo acompanhado existencialmente a antiga Honra e posterior administração de Julgado, em eras precedentes da instituição do velho concelho Unilanense.

Em recuo de enquadramento, note-se que a génese de Unhão provém de uma propriedade principal, villa Hunilani, a referida quinta, cuja raiz deriva dum topónimo de origem germânica, de antropónimo godo Hunilanem, afirmando pertença de Hunila, daquela origem. Seu nome veio depois em escritos dos anos 983 e 1059 já na forma de Unioni, para mais tarde, aquando das Inquirições, aparecer em 1220 como Onom e Onhom, enquanto em 1258 era por Unam e Unham. Sempre, nesses comenos, com a presença maioral daquela quinta que, entretanto, em 1122, passara à posse do aludido Conde Sousão D. Gonçalo de Sousa, no tempo do qual a terra, contando as imediações, foi agraciada com a categoria de Honra, atribuída por D. Afonso Henriques. Na evolução dos séculos a Honra do Unhão teve jurisdição de Julgado e, a partir de 1515, quando recebeu Foral, foi extenso Concelho, posteriormente dissolvido em 1836, englobado em administração criada em Barrosas, conhecendo ainda outras transformações ao passar em 1853 para Lousada até que, por fim, foi a freguesia do Unhão incorporada, em 1855, no concelho de Felgueiras.

Desse passado histórico advém valor patrimonial bem patente no templo que ficou a ser sua igreja paroquial. Possui a derivada freguesia «uma das mais características igrejas românicas do Vale do Sousa», cujo pórtico é mesmo tido como dos melhores de seu género, obra prima atribuída a artistas locais que trabalharam sob orientação de mestres construtores asturianos e hispano-godos, com contribuição de moçárabes vindos de Coimbra, graças à prosperidade vivida nesse tempo de primazia da linhagem dos Sousas, esbracejada aos Condes Sousãos do Unhão (podendo dizer-se como que uma primeira dinastia desses titulares, anteriores aos Condes do Unhão da sucessão de Silvas e Menezes procedentes).

Esse saliente pórtico, que se pode dizer emblemático da edificação, é formado por quatro arquivoltas, das quais três lisas, enquanto a exterior apresenta moldura ornamental de bilhetes, ou seja incluindo composição de pequenos toros em friso encadeado numa divisão de fracções idênticas, com separação por espaços vazios iguais, à espécie de rendilhado. Tais arcos dessa entrada nobre, formando ultra semicírculo, apoiam-se em fustes, de três pares de colunas de diferentes formatos, dos quais no do meio ressalta forma prismática. Sob a concentração dos mesmos arcos e sobranceiro à porta, distingue-se tímpano ostentando simbologia da Eternidade, de adorno a cruz pátea formada em círculo perfurado. Por cima, da mesma espécie de galeria coberta, combina uma pequena janela de tipo arcossólio, a lembrar um nicho, de fresta, também com arquivoltas sobrepostas em duas colunas adossadas às jambas, ombreiras do vão. Junto ao pórtico e simetricamente laterais aos arcos do portal, assenta no fronteiro adro um par de cruzes-calvário, idênticas a outras que, dispostas em torno da igreja, completam o número das 14 estações da Via-Sacra. As paredes laterais são encimadas por cachorreia, cujos cachorros simples são alternados por alguns ornamentados, assim como possui umas frestas na ala norte, ornada mais uma que as outras, entre as paredes da silharia em cujas pedras estão esculpidas algumas siglas (algo que pode ter a ver com antigo costume dos obreiros deixarem suas marcas de cantaria2). Junto a escadas laterais à torre sineira, mantém-se colocada no chão uma arca tumular de pedra, sem tampa, de resto de antigo sarcófago, na companhia de uma também solta peça granítica de velha lavra.

Ostentando por fora ainda todo esse esplendor, no interior, porém, nota-se ter sofrido modificações no decurso dos tempos, sendo o retábulo barroco, bem como o revestimento de azulejo na capela-mor se revela de fase diferente da arquitectura do templo, por entre aspectos também não condizentes, como a torre que foi acrescentada (mas essa por motivo de derrocadas acontecidas, originando que primeiramente perdeu a cruz do campanário e o teto aquando do terramoto de 17553 e depois houve desmoronamento da sineira primitiva, em 1785). É muito referida, sobre particularidades da igreja românica do Unhão, a sua pia baptismal, em pedra lavrada de fábrica antiga, assim como preserva púlpito com telas salientes. Em obras feitas em 2005 e 2006 (aquando de restauro efectuado na campanha da Rota do Românico do Vale do Sousa), foram-lhe acrescentadas algumas peças modernas e sem estilo para fazer efeito de trono e sacrário.

Está esta igreja classificada como monumento por Decreto-Lei desde 5 de Janeiro de 1950.

Bibliografia

Crónica inserta parcialmente no jornal Semanário de Felgueiras, da autoria de Armando Pinto; e explanada em livro futuro, já intitulado "Remembranças Felgueirenses - Recordações e Curiosidades do Concelho de Felgueiras", do mesmo autor.

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