Do património da vila de Góis, entre alguns notáveis monumentos, que impõem a que neles nos detenhamos, destaca-se a igreja matriz. A construção original é do século XV mas sofreu grandes modificações nos séculos seguintes. A frontaria data do século XIX. O interior é de uma só nave. A capela-mor, coberta por uma abóbada manuelina, contém um retábulo dos fins do século XVIII ou princípios do século seguinte e foi construída no século XVI, sob o risco de Diogo de Castilho, precisamente quando a arte gótica se ia extinguindo no nosso país.
Passa-se do corpo à ousia por um alto e largo arco, proporcionando à altura das abóbadas, cujas nervuras de pedra granulosa e avermelhada cobrem dois tramos desiguais, um quadro e outro trapezional, com as intersecções do artezonado assinaladas por chaves discóides, lavradas com florões, medalhas e brasões. Exteriormente, a armação das ogivas denuncia-se pelos botaréus, coroados de gárgulas, do mais acentuado carácter gótico nas três fases da cabeceira.
Pode reconhecer-se ainda, ponto por ponto, a obra realizada por mestre Castilho em satisfação das exigências do contrato referente a benfeitorias ordenadas por D. Luís da Silveira, senhor do morgadio de Góis, em edifício da sua terra. "O estromento que me fez dobrigação das obras da capela maior da igreja e dos Paços Novos de Góis, entre o Mestre das Obras e o Senhor Luís da Silveira", há largos anos descoberto e publicado em "Um Túmulo Renascença", é uma das mais notáveis peças documentais que podem apresentar-se para esclarecimento da técnica e terminologia das construções manuelinas, representativas do gótico final.
Na igreja encontra-se também o túmulo de D. Luís da Silveira (conde de Sortelha e embaixador de D. João III na corte de Carlos V) e de seus familiares, aparatoso mausoléu formado por uma arca, com a estátua do fidalgo, armado e em oração, enquadrada por um baixo-relevo evocativo da Assunção de Nossa Senhora. Data de 1513 e é trabalho muito perfeito: o riquíssimo estilo renascença tem neste monumento um completo e bem conservado exemplar. É feito em pedra de Ança, e os mais diversos lavores, em que os emblemas cristãos se misturam com os mitológicos, adornam com profusão esta preciosa peça de elevado valor artístico. Pelo seu realismo, é atribuído a Hodart, célebre imaginário francês.
No altar-mor admiram-se algumas pinturas sobre madeira do século XVI. A pia baptismal, da mesma época, tem bojo canelado e ostenta as armas dos donatários.
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