Lamego é uma cidade portuguesa no Distrito de Viseu, Região Norte e sub-região Douro, com cerca de 18.218 habitantes no perímetro urbano e cerca de 11.000 no centro histórico. O município está situado na margem sul do rio Douro, a cidade fazia parte da tradicional província de Trás-os-Montes e Alto Douro e, segundo alguns, fazia parte da Beira Transmontana, da qual era a principal cidade. Considerada uma cidade monumental, sendo uma diocese portuguesa.
É sede de um município com 166,71 km² de área e 26.484 habitantes (2006), subdividido em 24 freguesias. O município é limitado a norte pelos municípios de Mesão Frio e Peso da Régua, a leste por Armamar, a sueste por Tarouca, a sudoeste por Castro Daire e a oeste por Resende.
Cidade antiquíssima, datando já do tempo dos romanos, foi reconquistada definitivamente em 1057 por Fernando Magno de Leão aos mouros; quando os distritos foram instituídos em 1835 por uma reforma de Mouzinho da Silveira, Lamego foi inicialmente prevista como sede de distrito; mas nesse mesmo ano a sede do mesmo foi deslocada para Viseu, devido à sua posição mais central.
É sede da diocese de Lamego (a única diocese portuguesa que não corresponde a uma capital de distrito), e no concelho são numerosos os monumentos religiosos, dos quais se destacam a Sé Catedral, a Igreja de São Pedro de Balsemão e o Santuário da Nossa Senhora dos Remédios, que dá também o nome à Romaria anual cujo dia principal é o 8 de Setembro, que é também o feriado municipal.
Conhecida também pela sua gastronomia, nas qual se destacam os seus presuntos, o "cabrito assado com arroz de forno" e pela produção de vinhos, nomeadamente vinho do Porto, de cuja Região Demarcada faz parte, e pelos vinhos espumantes.
Freguesias
- Almacave
- Avões
- Bigorne
- Britiande
- Cambres
- Cepões
- Ferreirim
- Ferreiros de Avões
- Figueira
- Lalim
- Lazarim
- Magueija
- Meijinhos
- Melcões
- Parada do Bispo
- Penajóia
- Penude
- Pretarouca
- Samodães
- Sande
- Sé
- Valdigem
- Várzea de Abrunhais
- Vila Nova de Souto d'El-Rei
Toponímia
A formação do topónimo Lamego desde sempre foi alvo de muitas teorias. Segundo alguns autores, o topónimo terá sido construído a partir do radical lígure lam, ao qual um gentílico terá juntado o sufixo aecus, resultando Lamaecus, tendo sido o primeiro possessor de um fundo agrário. Para outros, Lamego terá tido origem na povoação greco-celta Laconimurgi. Ainda existe a teoria baseada na referência de urbs Lemacenorum da autoria de Ptolomeu, do século II. Porém, a questão da toponímica de Lamego continua ainda hoje por desvendar, na medida em que são apresentadas diversas propostas, no entanto não existem provas em concreto.
Segundo um conceituado autor:
"O topónimo Lamego compõe-se dum radical lígure ou ambro-ilírio Lam, e o sufixo aecus, revelador dum gentílico. Lamaecus era, pois, o nome dum possessor dum fundo agrário hispano-romano, instituído no século III junto ao burgo que se ia desenvolvendo à roda do castelo."1
História
Perde-se na bruma do tempo a origem de Lamego. Em tempos remotos habitaram esta região Lígures e Túrdulos que, na fusão com os Iberos, deram Lusitanos. Durante a presença romana, a região de Lamego era habitada pelos Coilarnos, como testemunham vários achados arqueológicos como aras, estelas, cipos e outros monumentos.
Pela localização do castelo, apenas acessível por poente, tudo leva a crer que lá houvesse um castro. As Inquirições Afonsinas (século XIII) citam o Castro de Lameco como sinónimo de uma fortificação medieval. Destruída pelos romanos, os habitantes tiveram que descer dos seus abrigos alcantilados para se dedicarem ao cultivo das terras, influenciados pela civilização de Roma. Lamego torna-se cristã quando o rei dos Visigodos Recaredo I se converte ao Cristianismo. Em 570, no Concílio de Lugo, aparece-nos referenciado Sardinário como Bispo de Lamego.
O rei visigodo Sisebuto, durante o seu reinado entre o ano de 612 e 621, cunha aqui moeda, o que atesta bem da importância comercial, cultural e histórica de Lamego. Seguem-se tempos alternativos de paz e guerra. Ora cristã, ora árabe, mudou de mãos várias vezes até que Fernando Magno de Leão a conquistou definitivamente em 29 de Novembro de 1057. Perdeu entretanto a sede de diocese, sendo esta restaurada em 1071.
Em 1128, no alvor da nacionalidade, o aio do nosso primeiro rei, D. Egas Moniz, tem a tenência de Lamego e residência em Britiande, ficando senhor de Riba–Douro, entre o Paiva e o Távora, alcançando ainda terras de Côa. Em 1191 D. Sancho I concedeu-lhe carta de couto. Lamego foi crescendo à volta de dois pólos: Sé e Castelo. Em 1290, D. Dinis deu carta de feira à cidade (Viterbo, 1962), chegando a vir mercadores de Castela e de Granada, comercializando as especiarias e os tecidos orientais.
Durante o século XV fruiu as vantagens de uma situação privilegiada, numa das mais concorridas vias de trânsito do Ocidente da Península, ligando as cidades de Além-Douro, Braga e Guimarães, por Alcântara e Mérida a Córdova e a Sevilha. Rota preferida na Romagem a Compostela (Albuquerque, 1986). No entanto, dois importantes acontecimentos fizeram mudar completamente a vida económica e social desta região: a conquista de Granada que lançou fora da Península os últimos mouros, levando consigo o ânimo comercial; e a descoberta do caminho marítimo para a Índia, enfraquecendo todo o comércio de Lamego.
D. Manuel outorgou-lhe foral novo em 1514. Ainda durante o séc. XVI é nomeado bispo de Lamego D. Manuel de Noronha, um dos mais notáveis prelados de Lamego. Ocupando a mitra durante dezoito anos, foi apelidado “o grande construtor” e é com ele que começa verdadeiramente o culto a Nossa Senhora dos Remédios.
Nos séculos XVII e XVIII começam a ser construídos, em Lamego, os solares, a que não é certamente alheio o incremento do comércio do vinho generoso do Douro e a protecção que lhe foi dada pelo Marquês de Pombal com a criação da Região Demarcada do Douro e Companhia Geral da Agricultura das Vinhas do Alto Douro. Na segunda metade do século XIX, sob a presidência do Visconde Guedes Teixeira, Lamego conhece o caminho da modernização com a abertura de novas avenidas, ainda hoje consideradas as mais importantes da cidade.
Em 1835, Lamego foi capital de distrito mas haveria de a perder em favor de Viseu, pelo decreto de Dezembro desse mesmo ano, criado pelo ministro do reino, Luís Mouzinho de Albuquerque. Em 1919, com a tentativa de restauração monárquica, Lamego tem de novo a sede efémera de capital de Distrito, por apenas vinte e quatro dias (Almeida, 1968). Já após a implantação da República e sob a presidência de Alfredo de Sousa, Lamego conhece novo surto de desenvolvimento, sendo nessa altura coberto o rio Coura, que até então passava a descoberto pela baixa da cidade.
Economia
Apesar desta mudança registada na empregabilidade e no emprego, a actividade agrícola do concelho representa ainda uma importante fonte de riqueza, proveniente sobretudo do sector vitivinícola, já que o concelho, como os restantes concelhos do eixo, encontra-se integrado na Região Demarcada do Douro. Para além da produção do vinho do Porto, regista-se igualmente uma clara aposta nos vinhos de mesa com Denominação de Origem Controlada (DOC) e na produção espumantes, os quais assumem-se como um importante cartaz promocional a nível nacional e internacional.
O tecido empresarial de Lamego é constituído por unidades de pequena dimensão, o emprego é pouco qualificado e diminuto, o volume de negócios e a riqueza gerada têm uma relativa representação. Mesmo em sectores como o turismo, onde se identificam algumas potencialidades e para o qual são reconhecidas algumas vocações do concelho, a dinâmica registada é suficiente, podendo todavia haver melhoramentos neste sector. Esta situação foi reforçada com a recente conclusão da A24, assumindo-se como factor determinante na atracção da procura regional.
Ao nível industrial possui uma zona industrial de pequena dimensão localizada na freguesia de Cambres.
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