Midões

Midões
Tábua



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Midões é uma freguesia portuguesa do concelho da Tábua, com 19,98 km² de área e 1.757 habitantes (2001). Densidade: 87,9 hab/km².

A freguesia de Midões está situada no limite nordeste do concelho de Tábua, distrito de Coimbra, junto à margem esquerda do rio Mondego. O seu orago é Nossa Senhora das Neves, celebrada anualmente a 4 de Agosto.

Toponímia

O topónimo "Midões" deriva do baixo-latim "(Vílla) Midonis", "a quinta de Midão", aludindo ao nome de um antigo proprietário.

História

Relativamente ao povoamento do território da freguesia, diz a tradição que Midões deve ter tido origem numa antiquíssima cidade com o nome "Nabril" Sabe-se que a região foi habitada pelos romanos, tendo aparecido várias pedras lapidares, duas das quais foram aplicadas nas paredes laterais da capela de São Sebastião.

No ano 969, Midões foi doada, com todo o seu território, ao Mosteiro de Lorvão. Nesta época, destacou-se na freguesia uma personagem que é hoje lendária, Dom Paz, pois ele foi a primeira individualidade autêntica em Midões, a ele se devendo o foral que tornou Midões num verdadeiro município, após o coutamento outorgado por D. Afonso Henriques.

No século XII, o senhorio da terra dividia-se pela Sé de Coimbra e pelo referido Mosteiro de Lorvão, que possuía a maior parte do território. Os bens do Mosteiro foram coutados por D. Afonso Henriques, a 20 de Março de 1133, e os da Sé, a 13 de Novembro de 1169. Possuía uma parte da freguesia, a abadessa de Lorvão, D. Marinha Gomes, que em Junho de 1257 lhe deu foral, concedendo-lhe assim alguns privilégios.

Midões deteve já alguma importância administrativa, tendo mesmo formado concelho independente, por via de Foral Novo, dado por D. Manuel, com o nome de "Midães". Porém, este concelho veio a ser extinto em 31 de Dezembro de 1853, pelo que Midões passou então a integrar o concelho de Tábua. O concelho era constituído, até ao início do século XIX, pelas freguesias da sede e de Póvoa de Midões. Tinha, em 1801, 2.035 habitantes e 29 km². Mais tarde foram-lhe anexadas as freguesias de Candosa, Covas e Vila Nova de Oliveirinha. Em 1849 tinha 6.282 habitantes e 63 km². O concelho foi suprimido em 1853. O título de Visconde de Midões foi dado por D. Maria II, em 1837, a Roque Ribeiro de Abranches Castelo Branco.

Eclesiasticamente, Midões foi uma vigairaria da apresentação da mitra de Coimbra. A actual Igreja Paroquial foi inaugurada a 15 de Agosto de 1822, substituindo uma anterior que se situava no lugar do cruzeiro.

Heráldica

Parecer emitido nos termos da lei nº 53/91, de 7 de Agosto.

Brasão

Escudo de prata, oliveira arrancada, de verde, frutada de negro, entre duas ovelhas bordaleiras, de negro, realçadas de prata, a da dextra volvida; campanha diminuta ondada de azul e prata de quatro tiras. Coroa mural de prata de quatro torres. Listel branco, com a legenda a negro: "MIDÕES - TÁBUA".

Bandeira

Esquartelada de azul e branco. Cordão e borlas de prata e azul. Haste e lança de ouro.

Selo

Nos termos da Lei, com a legenda: "Junta de Freguesia de Midões - Tábua".

Simbologia

Os símbolos heráldicos da Freguesia de Midões encontram-se registados na Direcção Geral das Autarquias Locais com o nº 260/2003 de 21 de Agosto.

As Ovelhas, Bordaleiras e Oliveira representam as actividades económicas de maior tradição na freguesia: a olivicultura e a ovinicultura. As Burelas Ondadas representam os rios Mondego, Seia e Cavalos que constituem a maior parte das fronteiras geográficas da freguesia de Midões.

Economia

Apesar da agricultura e a olivicultura serem as actividades de grande tradição em Midões, o certo é que a par destas, a pecuária e a ovinicultura têm também resistido, encontrando-se ainda pelos pastos da freguesia alguns rebanhos, com as ovelhas bordaleiras, características da região. Para além destas, outras actividades se têm vindo a expandir em Midões, como é o caso da indústria e do comércio que têm impulsionado o progresso e desenvolvimento económico da freguesia.

No sector primário, trabalha cerca de 25% da população activa de Midões, em actividades como a pecuária, a ovinicultura (produção de leite para o famoso Queijo da Serra da Estrela e simultaneamente a produção de carne), a suinicultura, com alguma produção industrial, assim como produção do tipo familiar, e ainda a apicultura. No caso da agricultura, salienta-se a viticultura, com algumas vinhas a produzirem uvas de qualidade para a produção de vinho VQPRD (Região Demarcada de Dão). Destaca-se igualmente a olivicultura, a produção de alguns cereais, quer de regadio, com especial realce para o milho e feijão, quer de sequeiro, como é o caso das aveias forrageiras e ainda a cultura da batata de consumo.

A floresta, por outro lado, assume também grande importância nesta freguesia, com especial realce para o cultivo do pinheiro bravo (madeira e lenha) e do pinheiro manso (lenha e pinhão).

Conforme se pode verificar pelas percentagens acima referidas, a maior parte da população trabalha no sector secundário. Esta estende-se por actividades como a construção civil, lagares de azeite, oficinas de automóveis, carpintarias e padarias.

O sector terciário é, de facto, o que menos população activa ocupa, ou não fosse esta uma região rural do interior, no entanto, contamos neste sector, com três estabelecimentos do 1º ciclo do ensino básico, um centro de saúde, correios, autarquia local e uma instituição bancária e um vasto comércio das mais variadas actividades.

Em busca de melhores condições de vida, cerca de 5% dos habitantes emigrou para diferentes países. Porém, como não esquecem a sua terra natal, regressam todos os anos, investindo em variadas áreas da freguesia.

Festas e romarias

Na freguesia, realizam-se festas em honra de Santo Amaro, no lugar com o mesmo nome, a 15 de Janeiro, durante um dia; de São Sebastião, no Couto, a 20 de Janeiro, por dois dias; de Nossa Senhora das Neves, Padroeiro, em Midões, no segundo fim-de-semana de Agosto, que se estende por três dias; de Santa Ana, em Vila do Mato, no último fim-de-semana de Agosto, durante três dias; de Nossa Senhora do Campo, em Casal da Senhora, no primeiro fim-de-semana de Setembro, por três dias; de Nossa Senhora da Esperança, em Touriz, no segundo fim-de-semana de Setembro, que se estende por três dias; e de São Miguel, na capela com a mesma invocação, a 29 de Setembro, com a duração de dois dias.

Para além destas festividades, realiza-se ainda o Desfile Carnavalesco em Domingo Gordo, bem como outras actividades tradicionais ligadas ao Carnaval, como sejam os pisões, caqueiradas e a Corridela do Entrudo.

Feiras

Na Freguesia, efectuam-se feiras, às segundas-feiras, entre os dias 16 e 22 de cada mês; e a Feira Anual de São Miguel, a 29 de Setembro.

Tradições

Danças e cantares

A região da Beira Alta possui diversas danças que a caracterizam e individualizam, expressas em singulares, alegres e inigualáveis "modas de roda", repletas de ritmo, jovialidade e vivacidade, das quais se salientam "Ponteada", "Menina Ligeira", "Vira da Mocidade", "Carrasquinha", "Quem me dera ser pombinha" e "Prá frente é que brinca a gente". Característica da região é também a cantiga de desafio, como é exemplo o "Fado Mandado" em que dois cantadores vão respondendo, alternadamente, às provocações jocosas, sempre num clima de saudável convivência.

Datados de finais do século XIX e princípios do século XX, as danças e cantares regionais eram apreciados nos bailes e festas populares, nas romarias aos locais de culto da região (Nossa Senhora das Preces e Nossa Senhora do Mont'alto, entre outros), nas desfolhadas do milho e em todos os momentos em que imperava a boa disposição e a alegria de dançar e cantar. Actualmente, são apresentados, ao longo do ano, em festas regionais e em festivais folclóricos e etnográficos.

Trajes característicos

São diversificados e pretendem reproduzir, de forma autêntica, os usos, hábitos e costumes antigos dos antepassados. Deste modo recuperaram-se os seguintes trajes:

  • A queijeira munida dos utensílios próprios para fazer, artesanalmente, o queijo e o requeijão, como sendo, o ferrado para tirar o leite e o ancinho para fazer o queijo.
  • O pastor apresenta-se munido do seu cajado, a manta e a ferrada para tirar o leite, enquanto guardava o rebanho.
  • O moleiro, que transformava os cereais em farinha na ribeira ou no rio, em construções rudimentares, em moinhos ou azenhas movidas pelas forças das águas, andava pelas terras vizinhos com o seu jerico e os sarrões à procura de cereais ou na entrega de farinha.
  • O resineiro, com a sua roupa suja e remendada, retirava a resina dos pinheiros, espécie florestal dominante na região, com a raspadeira e trazia o latão para a guardar.
  • O camponês e a camponesa saíam de casa ao romper da manhã para a "amanha das fazendas", longe de casa na maior parte das vezes, tendo então a mulher de levar o almoço e a merenda na cesta e o vinho na cabaça ao marido.
  • O serrador serrava com a sua serra a madeira para a construção ou trazia para casa a lenha necessária para fazer frente aos invernos rigorosos.
  • O fato domingueiro (rico ou pobre) era usualmente utilizado para os acontecimentos festivos, como festas populares, fogueiras ou nos folguedos domingueiros.
  • O romeiro e a romeira deslocavam-se às festas em honra do seu santo padroeiro (Senhor das Almas, Santa Eufêmia, entre outros), para lhe pedirem auxilio, protecção para as culturas, tratar de negócios e, ao mesmo tempo, divertirem-se, dançando e cantando ao som do bandolim ou da concertina.

Jogos e brinquedos tradicionais

De acordo com as memórias dos mais velhos, recuperaram-se os jogos da malha, do fito, da cartas (Sueca), das corridas de sacos, da quebra de púcaros e do pau ensebado. Estes jogos eram praticados, usualmente, aos fins de semana e feriados.

Actualmente, para além de ser passatempo das tardes domingueiras, são ainda parte integrante de programas e de festas, sendo também aproveitados por associações recreativas para promoção de convívios.

Artesanato

Para não esquecer a manufactura do passado, permanece viva a arte da queijaria, com origem, desde o tempo em que o homem se dedicou à pastorícia, através da confecção dos famosos queijos da Serra da Estrela, requeijão e queijo fresco, com leite de ovelha, sal e cardo. Estes produtos podem ser degustados e adquiridos em diversas casas particulares, em queijarias e feiras de artesanato.

Personalidades

Dom Paz

Surge referenciado como o patriarca da vida politica de Midões, sendo responsável pela atribuição do seu foral.

Roque Ribeiro de Abranches Castelo Branco

Nasceu em Midões a 15 de Julho de 1770, era filho de Luís Ribeiro de Abreu Castelo-Branco (fidalgo-cavaleiro da Casa Real e cavaleiro professo na Ordem de Cristo). Esteve envolvido na revolução de 24 de Agosto de 1820 preparada pela Junta Revolucionária. Devido à sua luta pelas causas liberais, no ano de 1837 foi-lhe atribuído, através de D.Maria II, o titulo de Visconde de Midões. Faleceu a 6 de Abril de 1884.

João Victor da Silva Brandão

Nasceu no lugar de Casal da Senhora, a 1 de Março de 1825. Foi baptizado na Igreja Matriz de Midões, a 26 do mesmo mês, sendo seus padrinhos Roque Ribeiro de Abranches Castelo Branco e D. Júlia, sua esposa. Casou com D. Ana Eugénia de Jesus Correia Nobre. Apoiante das causas liberais, João Brandão envolveu-se em lutas contra seguidores de D. Miguel (absolutistas) pelo que lhe foram atribuídos vários delitos. Acusaram-no ainda do homicídio do Padre Anunciação de Portugal, crime pelo qual foi condenado a trabalhos públicos em África, onde viria a falecer em 1880.

Património

Associativismo

  • Associação Recreativa e de Melhoramentos de Vila do Mato
  • Comissão de Melhoramentos de Touriz
  • Associação Recreativa Casalense
  • Grupo Desportivo Tourizense
  • Liga Regional Coitense
  • Rancho Folclórico de Midões

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