Miranda do Corvo é uma vila portuguesa no Distrito de Coimbra, região Centro e sub-região Pinhal Interior Norte, com cerca de 7.500 habitantes.
É sede de um município com 126,98 km² de área e 13.622 habitantes (2006), subdividido em 5 freguesias. O município é limitado a nordeste pelo município de Vila Nova de Poiares, a leste pela Lousã, a sueste por Figueiró dos Vinhos, a sudoeste por Penela, a oeste por Condeixa-a-Nova e a noroeste por Coimbra. O território do concelho de Miranda do Corvo é atravessado pelos Rio Ceira, pelo Rio Dueça e pelo Rio Alheda. O primeiro nasce na freguesia da Cumieira, no vizinho concelho de Penela e entra no de Miranda por um vale estreito, próximo da povoação da Retorta; segue em curvas, por um vale apertado até Albarrol, onde se desafoga um pouco para de novo entrar, abaixo de Godinhela, noutra garganta até quase às proximidades da vila; passa então a poente da vila, a algumas centenas de metros por detrás do Cristo-Rei, onde recebe as águas da ribeira do Alhêda; e novamente enfia por um vale de curvas apertadas, até que desagua no Ceira, sensivelmente entre os lugares de Ceira e Vendas da Serra.
Recebeu foral de D. Afonso Henriques a 19 de Novembro de 1136.
Freguesias
- Lamas
- Miranda do Corvo (freguesia)
- Rio Vide
- Semide (da qual faz parte a aldeia do Senhor da Serra)
- Vila Nova
História
A origem do nome da freguesia, será latina: advirá de mirandus - atalaia ou miradouro -, que corresponde à primitiva função do cabeço onde foi construído o castelo e onde hoje se vê a igreja matriz.
Chamou-se no início do século XVI Miranda de Coimbra e ainda de Podentes, e só no 3º quartel desse século se começou a chamar do Corvo, que era - e é - povoação próxima, ao tempo muito importante por se localizar na estrada real para as Beiras. Há também quem afirme que à ribeira do Alhêda se chamava antigamente rio Corvo.
Capital da Chanfana
Miranda do Corvo reclamou o titulo de Capital da Chanfana uma vez que, segundo a lenda, a chanfana teria surgido no Mosteiro de Semide. Até finais do século XIX, todos os agricultores e rendeiros eram obrigados ao pagamento dos foros. Assim, o Mosteiro recebia dos moradores do seu couto os foros a que estavam obrigados. Galinhas, vinho, azeite, dias de trabalho, cabras e ovelhas, eram formas de pagamento. Durante o mês de Agosto e até ao dia de São Mateus, as freiras de Semide recebiam as suas «rendas».
Muitos dos moradores, porque eram pastores, pagavam com cabras e ovelhas. Ora, como as freiras não tinham disponibilidade nem meios para manter tão grande rebanho, descobriram uma fórmula para cozinhar e conservar a respectiva carne, aproveitando o vinho que lhes era entregue pelos rendeiros, o louro que tinham na sua quinta, bem como os alhos e demais ingredientes. Surge, assim, a chanfana que era religiosamente guardada ao longo do ano nas caves frescas do mosteiro. A carne assada no vinho mantinha-se no molho gorduroso solidificado, durante largos meses.
Segundo outros, terá sido durante a terceira invasão francesa que as freiras inventaram esta fórmula gastronómica para evitar que os soldados franceses roubassem as cabras e as ovelhas da região. Finalmente, há quem diga que a receita da chanfana nada tem a ver com o Mosteiro de Semide, mas apenas com as invasões francesas. Diz-se, então, que, quando as tropas francesas andaram pela região da Lousã e de Miranda do Corvo, a população envenenou as águas para matar os franceses. Mas era preciso cozinhar a carne habitualmente consumida (de cabra e de carneiro) e, como a água estava envenenada, utilizou-se o vinho da região. A chanfana é um prato típico, não só no concelho de Miranda do Corvo como de praticamente toda a região centro. É muito apreciada e servida em bastantes restaurantes da zona. De salientar que constitui o prato «obrigatório» quando decorrem as festas religiosas anuais, nomeadamente na vila, pelo São Sebastião.
Miranda do Corvo organiza anualmente a "Capital da Chanfana" na última semana de Abril. Trata-se de um conjunto de iniciativas culturais e recreativas de defesa da gastronomia local.
Património
Miranda desenvolveu-se em redor do morro do antigo castelo num emaranhado de ruas e escadas estreitas que fazem da zona histórica da vila uma das mais características do país. Do alto do Calvário, junto à igreja matriz e à torre sineira, vislumbra-se uma panorâmica de toda a vila e das vertentes da serra da Lousã. Neste local sugerimos uma visita à Igreja Matriz. Esta igreja tem por patrono o Salvador. D. Henrique e D. Teresa doaram a igreja à Sé de Coimbra, indirectamente, isto é, autorizaram o presbítero Árias a fundar a igreja, parecendo deduzir-se que foi em época anterior à incursão moura de 1116.
Em relação a construções anteriores à actual, há documentos comprovativos de uma nos finais do século XIV. O actual edifício provém duma reconstrução do último quartel do século XVIII, substituindo a velha igreja do século XV, por esta se ter arruinado completamente a ponto de ser demolida em 1785. A data de 1786 na porta principal corresponde ao início dos trabalhos. É um templo vasto e regularmente proporcionado. A frontaria segue o esquema neoclássico da igreja distrital usual à época: duas pilastras em cada lado, elevando-se a parte média; porta de cimalha e verga curvas, encimada pela janela do coro. O interior é de uma só nave, muito ampla. A cabeceira contém o retábulo principal e os colaterais datados do fim de setecentos.
Junto à igreja Matriz encontra-se a Torre Sineira. Pertencia ao desaparecido Castelo Medieval, que com a perda de importância estratégica se foi deteriorando, até ao seu completo desaparecimento.
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