Mosteiro de Tibães ou Mosteiro de São Martinho de Tibães, englobando a Igreja de Tibães e o Cruzeiro de Tibães, situa-se em Mire de Tibães, concelho de Braga e foi fundado no século XI. Propriedade do Estado Português e afecto ao Instituto Português do Património Arquitectónico/Ministério da Cultura está classificado como Imóvel de Interesse Público desde 1944 e encontra-se, desde 1994, protegido por uma Zona Especial de Protecção. O cruzeiro do terreiro é Monumento Nacional desde 1910.
História
Fundado em finais do século XI, quando o condado portucalense começava a afirmar-se e os monges de Cluny introduziam a regra monástica de São Bento, arvorou-se, com o apoio real e as concessões de Cartas de Couto, num dos mais ricos e poderosos mosteiros do norte de Portugal. A crise demográfica e económica que, a partir de meados do século XIV, se instalou em Portugal veio reflectir-se duramente no quotidiano monástico de Tibães que viveu um longo período de decadência material e espiritual. Com o século XVI, e na persecução das resoluções do Concílio de Trento, o Mosteiro de São Martinho de Tibães recebe a nova reforma monástica, participa na fundação da Congregação dos Monges Negros de São Bento dos Reinos de Portugal e torna-se Casa Mãe de todos os mosteiros beneditinos. Espaço monumental belíssimo, assume-se, durante os séculos XVII e XVIII, como importante centro produtor e difusor de culturas e estéticas, transformando-se num dos maiores e mais importantes conjuntos monásticos beneditinos e num lugar de excepção do pensamento e arte portugueses.
Com a extinção das Ordens Religiosas em Portugal, em 1834, o mosteiro é encerrado e os seus bens, móveis e imóveis, vendidos em hasta pública ou integrados em colecções de museus e bibliotecas nacionais Este processo só terminaria em 1864 com a compra, por privados, de grande parte do edifício conventual.
Desafectado das suas funções iniciais, com excepção das de igreja e de residência, o Mosteiro de São Martinho de Tibães virá assistir, sobretudo a partir dos anos setenta do século passado, à delapidação do seu património nuclear, à degradação e mesmo à ruína. Desta situação é resgatado em 1986 pela compra pelo Estado Português da maior parte da propriedade em uso privado.
Arqueologia
Claustro do Refeitório
A limpeza dos entulhos superficiais, cuja acumulação se terá iniciado com o incêndio de 1894, permitiu identificar com rigor os traçado e alinhamento das paredes principais e secundárias, bem como a modulação das arcarias do claustro ao nível do rés-do-chão, a partir dos restos de paredes e/ou alicerces e das marcas de assentamento das bases das colunas.
Na banda Sul os cortes escavados confirmaram a localização do refeitório, que se estendia da cozinha até à porta que actualmente liga o claustro à horta pelo lado Sul, fazendo-se o acesso, através de degraus e uma porta, junto ao “lavatório” na confluência com a ala poente. Uma outra passagem, em arco de volta perfeita, ladeada por dois “armários” embutidos na parede, fazia a ligação directa à cozinha, do lado Oeste.
Da organização do espaço interior do refeitório setecentista conservam-se parte do poderoso pavimento central em lajes de granito, que se estendia a todo o comprimento da sala, rodeado pelos lados Norte, Este e Sul por um degrau, obtido pelo recorte do solo. Nas paredes restam algumas das mísulas de granito que suportavam os assentos dos bancos, com respaldos revestidos por azulejos policromos (colocação registada no ano de 1677). Embutido a meio da parede Sul, confirmou-se a localização do púlpito, com uma pequena janela rasgada para o exterior, ao qual se acedia por três estreitos degraus.
No lado Norte do claustro definiu-se o perfil topográfico do subsolo, confirmando a existência de um acentuado desnível natural no sentido poente-nascente, marcado a partir do terço final da ala. Confirmou-se também a sobreposição das construções de princípios de seiscentos aos restos de construções anteriores que foram totalmente demolidas para permitir a fundação dos alicerces das paredes do século XVII no solo natural, relevando a grande profundidade destes - atingem cerca de 6 metros, obrigando a um grande aterro para elevar os pavimentos ao nível do pátio do claustro.
Entre o espólio recolhido nesta zona, destaque para uma tijela de porcelana do século XVI, para um prato de faiança setecentista com o brasão da ordem Beneditina portuguesa e para uma estátua de Santa Escolástica em terracota, do século XVIII.
Museu
Nos tempos áureos, dada a sua importância no mundo imperial português, o Mosteiro era detentor do maior e mais valioso espólio da região. Possuía todo tipo de arte de então reconhecida, desde pintura, escultura, uma enorme colecção de livros sobre variadíssimos temas, artigos provenientes das antigas colónias, arte sacra, entre outros. Mas devido à sua venda em 1834, a maior parte do espólio foi perdido. Em 1986, após a aquisição pelo Estado Português, é iniciado o processo de recuperação do espólio. Desde essa data existe uma enorme "luta" e pesquisa para o readquirir.
O museu no presente possui apenas uma parte desse espólio, embora a "luta" e pesquisa ainda se mantenham activas. Além desse espólio, o museu foi enriquecido com novas peças relacionadas com o Mosteiro e a congregação Beneditina. É ainda possível percorrer o "Percurso Museológico", onde se aprecia a área envolvente ao Mosteiro, a sua arquitectura, as ruínas de edifícios anteriores, a mata, os jardins, e diversos campos agrícolas (hortos, pomares, milheirais…).
Curiosidades
Este mosteiro, pelas suas características singulares, foi o palco escolhido para a XXIII Cimeira Ibérica que se realizou nos dias 18 e 19 de Janeiro de 2008. Nessa cimeira participaram 11 ministros portugueses, 10 espanhóis e os respectivos chefes do governo. Esse encontro ficou também marcado pelo lançamento da construção do Laboratório Internacional Ibérico de Nanotecnologia na cidade de Braga.
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