Ourique é uma vila portuguesa pertencente ao Distrito de Beja, região Alentejo e sub-região Baixo Alentejo, com cerca de 3.000 habitantes.
É sede de um município com 660,15 km² de área e 6.199 habitantes (2001), subdividido em 6 freguesias. O município é limitado a norte pelos municípios de Santiago do Cacém e Aljustrel, a leste por Castro Verde e Almodôvar, a sul por Silves e a oeste por Odemira.
Ourique recebeu foral de D. Dinis em 1290.
Freguesias
Arqueologia
No que se refere aos vestígios arqueológicos do Concelho de Ourique, destacamos o Castro da Cola e o Cerro do Castelo/Forte de Garvão. O Castro da Cola que domina o cimo de um monte, junto da ribeira do Marchicão e próximo do rio Mira, começou a ser ocupado nos inícios da Idade do Bronze. Classificado como Monumento Nacional, o seu dispositivo defensivo completava-se por cercas muralhadas, de que ainda existem vestígios. Integra-se no Circuito Arqueológico do Castro da Cola, constituído por vários monumentos megalíticos, povoados calcolíticos e necrópoles das Idades do Bronze e do Ferro.
Quanto ao Cerro do Castelo/Forte de Garvão, este está implantado numa elevação. Do povoado fortificado restam muros feitos de pedra sobreposta e de taipa. Crê-se ter sido ocupado, pelo menos, desde a Idade do Bronze final. Foram encontrados muitos vestígios de romanização, tendo sido ainda ocupado durante o período árabe. Foi Decretado Imóvel de Interesse Público em 1990.
História
A fundação de Ourique é tradicionalmente datada de 711, ano da entrada dos muçulmanos na Península Ibérica. Contudo, vários factores apontam para uma existência mais recuada. São conhecidos diversos assentamentos populacionais, desde os tempos pré-históricos, locais documentados por diversas campanhas arqueológicas. Desde o Paleolítico, Calcolítico, Idade do Ferro e do Bronze, às presenças proto-históricas, romanas, celtas, árabes, um grande número de povos se cruzaram nestas terras.
Quanto à origem do topónimo de Ourique, esta poderá estar entre Ouro (pela proximidade com explorações auríferas) e orik (da palavra árabe para desgraça ou infortúnio, no seguimento da derrota mourisca na Batalha de Ourique).
Dever-se-á também aos muçulmanos a edificação do Castelo de Ourique, estrutura militar lendária e que ainda hoje preenche memórias.
Este Castelo terá, com toda a probabilidade, alternado várias vezes entre o Crescente e a Cruz, consoante a sorte de armas.
Nos tempos da reconquista teria um papel essencialmente de atalaia defensiva, tendo como guarda avançada o Castro da Cola.
Uma das referências mais importantes ao nosso Castelo é feita pelo cronista árabe Ahmed Benmohmed Arrazi que, no século X, se lhe refere como um dos mais fortes do termo de Beja.
Batalha de Ourique
A importância geográfica e estratégica de Ourique e do seu território, ou termo, é reconhecida ao longo dos séculos, pelo que sempre desempenhou ao Sul um importante papel militar e comercial, ao estabelecer ligação com o vale do Sado e com a serra algarvia. Desta forma, constituiu-se como uma das componentes centrais na conquista do território aos muçulmanos, tendo sido testemunha da célebre Batalha de Ourique. A Batalha de Ourique, ocorrida nos Campos de Ourique a 25 de Julho de 1139, foi decisiva para a Independência de Portugal. Lideradas por Afonso Henriques, as tropas cristãs venceram com grandes dificuldades os muçulmanos comandados pelo governador de Santarém. Segundo a lenda, antes da refrega Cristo terá aparecido a Afonso Henriques, garantindo-lhe a vitória, confiando nas motivações religiosas que moviam o nosso Príncipe. Desta forma, a Batalha que se seguiria estava, de certa forma, protegida pelo poder divino. A vitória em toda a linha contra os “cinco reis mouros”, permitiu que em seguida e em pleno campo da peleja, Afonso Henriques fosse aclamado pelo seu exército como Rei de Portugal. As Armas da Vila de Ourique evocam este passado glorioso: num campo de sangue, um guerreiro (representando El-Rei D. Afonso Henriques), vestido de ferro, com o braço direito levantado empunhando uma espada, monta um cavalo, sobre terra firme.
Tradição pecuária
Ourique tem também uma grande tradição pecuária, numa zona que corresponde aos Campos de Ourique. Esta localização resulta na concessão da Carta de Feira Anual por D. Dinis, em 14 de Junho de 1288. Esta feira tinha a duração de um mês (de 15 de Abril a 15 de Maio).
Já na primeira metade do século XIII o termo de Ourique foi frequentemente zona de atrito entre oficiais régios e da Ordem de Santiago, os primeiros interessados na actividade pecuária, enquanto que os segundos queriam conservar os montados ameaçados pela pressão dos pastores e dos seus gados. Os pastos de Ourique constituem-se, até finais do século XIV, como os mais vastos do reino. A relevância económica que Ourique vinha alcançando foi premiada por D. Dinis.
Vila e Cabeça de Comarca
Em 8 de Janeiro de 1290, e estando o Rei Lavrador em Beja, foi concedida Carta de Foral a Ourique, sendo por isso elevada a Vila, algo que significou a emancipação da localidade. Mais tarde torna-se também Cabeça de Comarca, tendo a jurisdição de muitos concelhos limítrofes.
A Vila de Ourique pertenceu à Ordem de Santiago, andando a sua Comenda na Casa dos Condes de Unhão. Gozava de voto em Cortes, com assento no banco 15º (o que demonstra a sua importância política), onde se fazia representar por procuradores eleitos pela Câmara. Em 20 de Setembro de 1510, D. Manuel I atribui novo Foral a Ourique, confirmando os privilégios dados por D. Dinis. No primeiro “numeramento” da população portuguesa, em 1527, Ourique e o seu termo tem 582 habitantes, o que fazia desta vila uma das mais povoadas de Além-Tejo.
Em 1573, D. Sebastião, na sua jornada ao Alentejo e ao Algarve, visita Ourique. Segundo os relatos do cronista João Cascão, El-Rei veio jantar a Ourique e foi recebido pelos homens-bons da localidade, bem como por uma companhia de Ordenanças de cinco bandeiras, constituída por mil homens. Foi a melhor ordenança que acharam em todos os lugares que percorreram. D. Sebastião assistiu ainda a danças e ouviu missa, provavelmente na antiga Matriz (que ruiu no século XVIII), e aqui se demorou duas horas a jantar.
Património
Quanto ao património imóvel edificado, Ourique tinha Casa da Misericórdia (destaque para as portas de cantaria lavrada) e Hospital, remontando ambos ao século XVII.
Património imóvel religioso
O património imóvel religioso teve sempre bastante importância para as gentes de Ourique, como comprova a existência no seu termo das Ermidas de São Sebastião, São Lourenço, Nossa Senhora do Castelo (mais tarde Igreja Matriz), bem como as Ermidas ainda existentes de São Luís, São Brás e Nossa Senhora da Cola.
No que se refere à Igreja Matriz de Ourique, este templo é de arquitectura maneirista, barroca e rococó. Reconstruída no século XVIII, a mando de D. João V, depois dos graves danos do terramoto de 1755, possui uma elegante fachada principal, com trabalhos de argamassa de feição rococó. No interior são de salientar os altares e outros elementos de talha dourada e policromada.
Já a Igreja de Nossa da Cola ou Ermida de Nossa Senhora da Cola, de grande devoção e história célebre, foi desde muito cedo um dos lugares de peregrinação mais importantes do Baixo Alentejo. No início do séc. XVIII, temos a informação de que a romaria do dia da Natividade de Nossa Senhora, 7 e 8 de Setembro, já então a mais importante, era organizada pelos grandes proprietários da região.
A igreja, cuja edificação será anterior ao século XVI, possui uma belíssima talha dourada, e a imagem de veneração é muito antiga. Esta Igreja está profundamente relacionada com o Castro da Cola.
No concelho
Na Freguesia de Garvão podemos destacar a Igreja Matriz de Garvão. Esta igreja é um exemplar da arquitectura manuelina, característica dos pequenos templos edificados no Baixo Alentejo durante o reinado de D. Manuel I. Situada no limite da povoação, perto do cemitério velho, a igreja data do século XVI. Em 1685 foram construídos os anexos. A torre sineira é do século XVIII.
Quanto à Freguesia de Panóias destacamos a Igreja de São Romão. Conta a lenda que São Romão foi aqui sepultado, no que terá sido um mosteiro de eremitas de Santo Agostinho. Na igreja venera-se uma cabeça que se diz ser de São Romão.
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