Pampilhosa da Serra

Pampilhosa da Serra
Sub-região Pinhal Interior Norte



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Foto de Vítor Oliveira

Lista de Municípios Portugueses


Pampilhosa da Serra é uma vila portuguesa no Distrito de Coimbra, região Centro e sub-região Pinhal Interior Norte, com cerca de 1.500 habitantes.

É sede de um município com 396,49 km² de área e 5.220 habitantes (2001), subdividido em 10 freguesias. O município é limitado a norte pelo município de Arganil, a nordeste pela Covilhã, a leste pelo Fundão, a sul por Oleiros e Sertã, a sudoeste por Pedrógão Grande e a oeste por Góis. O concelho pertence à antiga província da Beira Baixa e é comarca. É sede da recente Comunidade Inter-Municipal do Pinhal (CIP), da qual fazem parte os municípios de Arganil, Castanheira de Pera, Figueiró dos Vinhos, Pedrógão Grande, Sertã e Oliveira do Hospital.

Freguesias

As freguesias de Pampilhosa da Serra são as seguintes:

História

O território Pampilhosense é hoje bem diferente do da época da sua fundação. Com efeito, até finais do séc. XVI, este concelho compreendia uma única paróquia, a de Nossa Senhora do Pranto da Pampilhosa, a que se seguiram, as de Cabril, Pessegueiro e Machio, respectivamente no princípio do séc. XVII, na primeira metade do séc. XVIII, e no princípio do Século XIX.

Pampilhosa terá recebido o estatuto de Vila no ano de 1308, graças ao rei D. Dinis, segundo a inscrição existente nos antigos Paços do Concelho. Todavia, o documento original que comprova esta afirmação ainda não foi localizado.

"O Rei D. Dinis no anno de 1308 fez esta terra villa El Rei D. João I a confirmou contra a villa da Covilhã.em a demanda que tiveram no anno de 1500 feita em 1711."

Em 1380, foi anexada à Covilhã, por decisão do rei D. Fernando. Contudo, após a crise de 1383-1385, D. João I, dias depois de subir ao poder, em 10/4/1385, confirmou-lhe os seus títulos de Vila, com todas as jurisdições, como havia tido antes de 1380. A Covilhã, não se conformando com a decisão real, tentou por todos os meios anular os privilégios repostos à Pampilhosa. A demanda que então teve início só terminou em 1499, por intervenção de D. Manuel I que confirmou a carta de privilégios dada por D. João I. Finalmente, em 20/10/1513, o Foral Novo, de D. Manuel I, confirma o Antigo Foral desta vila, que havia sido dado por pessoa particular.

No plano fiscal, nos séculos XV e XVI a Pampilhosa integrava o almoxarifado de Abrantes, a cujo almoxarife (oficial superior do fisco) competia receber as rendas reais e executar as respectivas dívidas. Em termos judiciais, a Pampilhosa, em 1525, pertencia à comarca de Tomar. No entanto, quando Abrantes se tornou cabeça de correição, em 3/12/1533, integrou esta comarca até 1547, altura em que voltou a ser transferida para a comarca de Tomar onde permaneceu até 1811. Nesta data passou a integrar a comarca de Arganil. Foi comarca durante um breve período, de 1892 a 1895, o que só voltaria a acontecer no século vinte.

A divisão administrativa de 24/10/1855, suprimiu o concelho de Fajão, determinando a anexação, de cinco das suas seis freguesias, ao de Pampilhosa: Dornelas do Zêzere, Fajão, Janeiro de Baixo, Unhais-o-Velho, Vidual. Também na mesma data, foi anexada à Pampilhosa a freguesia de Portela do Fojo que compreendia lugares da freguesia de Álvaro e de Alvares.

A evolução populacional

As primeiras manifestações da presença do Homem registadas na região actualmente ocupada pelo concelho de Pampilhosa da Serra datam dos finais do segundo milénio, inícios do primeiro milénio a. C. Com efeito, o enquadramento posicional da região ocupada por este concelho, no conjunto do território português, com a Beira Litoral a Poente e a Beira Baixa a Nascente, permitiu-lhe uma situação de convergência entre estas duas importantes regiões do país, factor que terá contribuído para a fixação da população. Outro factor determinante terá sido a abundância de água. Com efeito, no concelho correm os rios Ceira a norte, a ribeira de Unhais a meio e o rio Zêzere a sul. A par destes há ainda outros cursos de água dignos de nota, nomeadamente as ribeiras de Carvalho (Pampilhosa da Serra), Praçais (Cabril) e Pessegueiro.

O primeiro numeramento da população portuguesa realizado no século XVI (1527-1532) refere a existência de 1.200.000 habitantes, enquanto que em 1640 já se registavam cerca de 2 milhões de habitantes. Quanto à Pampilhosa, em 1537, contava com 137 vizinhos, número este ainda bastante reduzido quando comparado com outros concelhos circunvizinhos, nomeadamente, Arganil que tinha 310 vizinhos, Góis 321, e Lousã 525. Durante os séculos XVII e XVIII a população do concelho continua a crescer, mas é no séc. XIX, a partir de 1855, que a população do concelho aumenta significativamente como consequência da ampliação da sua área geográfica. A estatística de 1864 atribui-lhe 10. 963 habitantes distribuídos por 2.038 fogos. Na primeira metade do séc. XX, o concelho atinge o seu age populacional. Com efeito, o censo de 1940 atribui-lhe 15.527 habitantes. A partir da década de 40 dá-se o declínio, devido essencialmente ao fenómeno migratório, que continuará pelas décadas seguintes até à actualidade.

A evolução económica

O concelho Pampilhosense integra uma vasta região situada entre as serras de Estrela e da Lousã, que exerceu, entre 1064 e 1147, um papel de fronteira. Uma zona montanhosa favorecia a criação de núcleos de habitantes quase independentes, até certo ponto meio esquecidos dos soberanos e dos potentados da corte, que preferiam ter aí fortes pontos de resistência e agressividade contra os inimigos em vez prósperos centros produtores de onde pudessem tirar abundantes impostos.

Os habitantes da montanha dedicavam-se, pois, à pastorícia, cultivavam as terras que desbravam, fabricavam os tecidos com que cobriam o corpo e defendiam vigorosamente o seu território, contra as invasões e pilhagens que se sucediam com alguma frequência. Em verdade, tratava-se de uma população pacífica, que apenas pretendia tirar da terra o seu sustento. Foi esta população que se fixou e desenvolveu em Pampilhosa - Vila e no seu termo.

A agricultura que desempenhou durante séculos um papel fundamental na economia pampilhosense. Em 1712, sabe-se que "o seu termo recolhe bastante centeyo, muyta cereija e castanha; as vinhas são umas emparreiradas, outras em latadas ou embarradas em carvalhos, amieiros e outras árvores", enquanto que, em 1758, os curas do Cabril e de Pessegueiro informam que os frutos predominantes nas suas freguesias são a castanha e o azeite.

Na luta pela sobrevivência, os serranos não só aproveitaram as áreas mais férteis, situadas junto aos cursos de água mais significativos, como, simultaneamente, foram conquistando terrenos à serra, uma vez que os primeiros eram insuficientes para o sustento das populações que teimavam em aumentar. O Homem destas paragens esforçou-se, heroicamente, e obrigou a terra a fornecer-lhe aquilo de que precisava. Assim, as serranias outrora povoadas de plantas silvestres e mato foram dando lugar a campos cultivados de plantas úteis.

A produção de azeite, a par da castanha e do milho, constituíram, durante séculos, as componentes características da produção agrícola pampilhosense. Contudo, no primeiro quartel do século XX, os castanheiros, atacados por doença (a tinta), começaram a definhar e acabaram por desaparecer não tendo, actualmente, esta produção não tem qualquer significado na economia da região.
A captação e condução de água para rega mereceram a atenção das nossas gentes. Um pouco por todo o concelho construíram-se canais para condução das águas, denominadas levadas, que garantiam o êxito das culturas mesmo nos estios mais prolongados. A divisão de águas tornou-se uma necessidade, utilizando-se durante séculos, convenções estabelecidas amigavelmente. Outras vezes, foi necessário recorrer às autoridades judiciais para prevenir possíveis conflitos. Por exemplo, conhece-se a escritura de partilha amigável de uma levada entre moradores do lugar de Cavaleiros de Baixo (Fajão), datada de 1715. Contudo, só a partir de 1867, com base no Código Civil começa a surgir a regulamentação para uso de águas, tendo sido elaborada uma Lei de Águas, do Serviço de Hidráulica, que presidia à distribuição de águas de rega.

Sendo Pampilhosa um concelho entre serras é natural que a pastorícia tenha tido um papel relevante na sua economia. Na verdade havia algum gado caprino como informa em 1758, o autor das Memórias paroquias. A criação de animais, tanto para apoio aos trabalhos árduos da lavoura como para produção e abastecimento de carnes também terá tido a sua importância. Durante séculos as populações criavam os seus gados que depois de abatidos conservavam na salgadeira ou no azeite contribuindo para o sustento das populações ao longo do ano. Já a caça era uma actividade a que não estava ao alcance de todos, havendo regras para caçar. (Foto com uma junta de bois)

A exploração florestal constituiu uma actividade com algum relevo na economia do concelho, contudo, a defesa e o incremento da floresta só se iniciaria no século XX com o aparecimento do pinheiro bravo. Graças ao desenvolvimento florestal foram criadas no concelho fábricas de aguarrás, pez e resina. Todavia, a partir da década de 70, do século XX, os incêndios começaram a atingir esta região provocando graves prejuízos económicos e ambientais.

A pesca, embora não sendo aqui uma actividade de grande importância, deu também algum contributo para a alimentação dos serranos. De 1758, chega-nos a informação de que os rios criavam barbos, bogas, bordalos enguias e trutas … as pesqueiras são livres e no estio costumase pescar”. As outras espécies (sardinha e o bacalhau) que constituíam o alimento destas gentes, chegavam de outros locais, como da Figueira da Foz ou do Porto.

A produção de mel teve também algum relevo nos séculos XIX e XX. A cera, derivada do mel, era igualmente comercializada.

Em 1758 ainda não havia notícia de exploração de minério no concelho. Apenas se suspeitava da existência de uma veia de pedras que pareciam estanho no lugar de Pescanseco. Contudo, a sua exploração começou a ter algum significado na década de vinte contribuindo de forma discreta para o desenvolvimento do concelho. Os minerais mais abundantes parecem terem sido o ouro e o estanho e foram explorados um pouco por todo o concelho. Outros minerais, como o chumbo e o zinco encontram-se no Alto concelho. O chumbo ocorre em Ceiroco, Meãs, Unhais-o-Velho, Dornelas, Adurão e Malhada do Rei. No lugar de Ceiroco (Fajão) existia uma mina de Chumbo e Zinco que começou a laborar por alvará de 9 de Dezembro de 1918. Havia ainda duas minas de zinco situadas respectivamente, na Lomba das Vargens (Fajão) e na Ribeira de Asno (de Unhais) que tiveram alvará 16 de Março de 1923.

Segundo a geografia comercial e Industrial de João Félix, citado por J. M. Baptista, de 1875, havia no concelho da Pampilhosa 44 lagares hidráulicos e 62 moinhos, cujos proprietários eram normalmente as pessoas mais gradas da região, que os exploravam através de criados ou de arrendamento.

A cultura do linho, no século XIX, teve alguma importância na economia concelhia, como atestam os registos paroquiais das freguesias de Nossa Senhora do Pranto e de São Simão de Pessegueiro. Por eles sabe-se que a maioria das mulheres se dedicava à fiação do linho. Para além do cultivo e da fiação do linho as mulheres dedicavam-se à sua tecelagem fabricando o seu próprio vestuário. Havia também alguma indústria, como refere Pinho Leal, em 1867 "há neste concelho fábricas de bureis, picotilhos e panos brancos, tudo de qualidade grosseira". Em 1875 havia no concelho sete dezenas de teares de linho e 54 teares de lã. Um dos teares encontrava-se na aldeia de Carvalho, como revela o testamento de uma moradora datado de 1861: "Deixo a minha filha Luiza, …, e a parte que me pertence no meu tear de tecer linho". Os tecidos saídos dos teares eram posteriormente macerados no Pisão – sistema hidráulico semelhante à azenha, tornando-os mais firmes e lisos.

Para a construção das habitações recorria-se à matéria-prima da região, nomeadamente ao xisto para as paredes exteriores e à madeira de castanho para os interiores. Para cobrir as habitações utilizavam-se as lousas – lâminas de xisto e, mais tarde, a telha, que também aqui seria produzida, dado que em 1875, havia cinco fornos de telha. É possível que paralelamente ao fabrico da telha tivesse ocorrido algum fabrico de louça de barro.

O desenvolvimento agrícola, florestal e pecuário conduziu naturalmente à actividade comercial. Os produtos comercializados foram o azeite, a aguardente de medronho, os cereais e o carvão. Das mercadorias importadas, apara além do pescado do mar, uma das que deve ter assumido algum relevo foi o sal, tão necessário à conservação dos alimentos.

Religião

O priorado de Pampilhosa começou por ter uma única freguesia, com a sua igreja paroquial e prior de apresentação do mosteiro de São Pedro de Arganil. Pertenceu ao bispado da Guarda desde tempos imemoriais, tendo sido transferido, em 1882, para a diocese de Coimbra. As freguesias rurais encontravam-se anexadas à igreja matriz, cujo prior, de um modo geral, lhes apresentava o pároco.

Em Pampilhosa e no termo existiram ao longo dos séculos várias associações locais, nomeadamente confrarias ou irmandades, que testemunham a religiosidade dos pampilhosenses. Estas associações tinham como finalidade promover o culto público da divindade e da Virgem, ou a veneração dos santos da particular devoção dos fregueses.

Encontram-se documentadas as seguintes confrarias:
Na Vila

  • Santo António
  • Nossa Senhora do Rosário
  • Santíssimo Sacramento

No termo

Assistência

No que se refere à Assistência, e de salientar a existência da Santa Casa da Misericórdia fundada no século XVI, por iniciativa particular de Simão Pires, um pampilhosense que deixou os seus bens para a fundação de uma capela (Capela da Misericórdia, situada na Praça) e na qual o benemérito foi sepultado, no ano de 1600.

Teve uma Albergaria fundada no final do século XVI e cuja administração passou para a Misericórdia por alvará de 29/11/1824. Com a doação perpétua dos bens da albergaria, a Misericórdia passou a dispor de maiores benefícios. Simultaneamente, ocorreu um maior apoio pecuniário quer por parte das pessoas mais gradas da terra quer de outras, que embora de menores recursos tinham, no entanto, grande devoção.

Foi provedor desta instituição, ainda no século XIX, o prior da Pampilhosa Francisco Inácio Freire (pároco da Pampilhosa nomeado por decreto de 6 de Fevereiro de 1850), natural do lugar de Carvalho. A eleição deste clérigo, em 1859, foi muito proveitosa para a Misericórdia, pois de 1860 a 1890 o número de inscritos atingiu as 8 dezenas. Na verdade, "este homem, quer pela sua ascendência moral, quer pelo seu prestígio, era muito querido e considerado pelos pampilhosenses do seu tempo". Pertenceram também à Misericórdia Bento José Freire e o padre José Freire Barata também naturais de Carvalho; os padres José Alves Henriques de Carvalho, António Quaresma Caldeira e José Nunes Almeida.

A partir de 1890 a Misericórdia entrou em declínio. Por volta de 1933-1935, um grupo de pampilhosenses constituído por António Carlos de Oliveira, Jaime Henriques da Cunha, Pompeu Alexandre das Neves, Porfírio Carneiro, padre Aníbal Dias Pacheco e o Dr. Cipriano Nunes Barata tomou a iniciativa de fazer ressurgir a velha Misericórdia do velho município, com novas características. Procedeu-se à inscrição de novos irmãos, tendo-se obtido algumas dezenas de associados e constituir-se a primeira mesa que teve como provedor o Dr. Cipriano Nunes Barata.

Arquitectura religiosa

Matriz de Nossa Senhora do Prato

Desconhece-se a data da sua fundação, contudo, já existia em 1321. Nessa data foi colectada em 110 libras, para a guerra contra os mouros. O padroeiro foi o Mosteiro de São Pedro de Arganil, sendo mais tarde transferida para o colégio de Santo Agostinho. Em 1758, o padroado pertencia ao real colégio de Santa Cruz de Coimbra. Tinha cinco altares, sendo o altar-mor dedicado a Nossa senhora do pranto e os restantes dedicados ao santíssimo Sacramento, a Nossa Senhora do Rosário, às Almas e a Nossa Senhora dos Remédios. Em 1907 sofreu um incêndio devastador, sendo reconstruída entre 1908 e 1911.

Capela da Misericórdia

É uma construção simples, existindo na sacristia restos de pinturas em madeira do antigo retábulo. Na coxia central encontra-se a pedra tumular de Simão Pires, cuja inscrição revela que este faleceu em 1600 e deixou toda a sua fazenda para a Casa da Misericórdia.

Arquitectura civil

Casa do Arco

A casa do Arco (situada na Rua dos Barreiros) da qual resta apenas o arco, a Casa da Câmara e Cadeia, e a Casa que pertenceu à família Melo e Nápoles, todas situadas na Praça ou junto a ela. A Casa da Câmara em 1792 pertencia a João de Lemos da vila da Sertã e o concelho pagava-lhe anualmente 2.000 réis de renda.

Pelourinho

Símbolo histórico e afirmativo da autonomia municipal encontrava-se normalmente no meio da Praça, defronte da Câmara. Mas do pelourinho pampilhosense apenas resta o capitel que se encontra no Museu Municipal.

Fontanário

Situa-se na Praça e foi mandado erigir na segunda metade do séc. XIX (1863) pelo Barão de Louredo, Manuel Lourenço Baeta Neves, natural da Sandinha (Góis), mas cujas origens maternas o ligavam à Pampilhosa. Foi devido a este acto benemérito que a Praça passou a ser designada por Praça Barão de Louredo, mas apenas a partir de 26-3-1909, por decisão camarária.

Quinta de Nossa Senhora da Memória

Esta quinta localiza-se nos Padrões (Portela do Fojo) e constituiu moradia temporária de antigos fidalgos de Coimbra, que obtiveram as terras por doação do prior do Crato. O brasão que ainda lá se encontra foi, segundo o genealogista José caldeira, concedido a Manuel José da Fonseca Barata, Fidalgo Cavaleiro da Casa Real e Cavaleiro professo da Ordem de Cristo, em 18 -2-1787.

Casa da Amoreira

A Casa da Amoreira, uma casa com história, situa-se no centro da aldeia de Dornelas do Zêzere. É uma casa de dois andares com aspecto imponente, ostentando no lado direito o brasão do Arcebispo de Braga, D. Eurico Dias Nogueira, pois, actualmente, pertence à família Dias Nogueira. Terá sido edificada em meados do século XVIII pelo Alferes Manuel Dias de Carvalho (1682/1773) e seu irmão Padre José Dias de Carvalho (1698/1782), que foi pároco de Dornelas desde 1729 até à morte. Da Casa da Amoreira faz parte uma capela situada no segundo andar, sendo a abobada de caixotões de madeira pintada e o retábulo de talha dourada.

Educação e Ensino

No domínio do ensino, os isolados serranos foram, durante séculos, na sua maioria analfabetos. Não havia escolas, excepto nos mosteiros e nas sés. O ensino era oral. O mestre ditava a lição, que o aluno aprendia de cor. Ensinava-se em primeiro lugar a ler e a escrever o latim que a partir do século XII já ninguém falava. O português tornou-se língua oficial com D. Dinis.

A partir do século XVI, as escolas multiplicaram-se, embora existisse apenas um mestre em cada povoação importante. No caso específico da Pampilhosa, temos conhecimento, nos finais do séc. XVIII, da existência de um professor de Gramática Latina. Chamava-se António David Leitão e fora nomeado por D. Maria II, em 1779. Nas restantes freguesias do concelho, é possível que, embora sem carácter obrigatório, fossem os párocos que iniciassem alguns dos seus paroquianos mais interessados, na arte da leitura e da escrita.

No século XIX, conhecem-se os nomes de alguns professores primários, nomeadamente os de José Alves Henriques de Carvalho e de José Nunes Almeida, ambos sacerdotes. O primeiro exerceu na Pampilhosa até 1834. Seguiu-se José Nunes Almeida nomeado professor da cadeira de ensino Primário da Pampilhosa em 27-7-1842. Mais tarde, em 4 de Agosto de 1851, foi nomeado professor da cadeira de Gramática Portuguesa e Latina, e de Latinidade do Concelho da Pampilhosa, António Quaresma Caldeira. No final do século XIX, já existia um professor primário em cada uma das sedes de freguesia e no início do século XX, muitas povoações do concelho tinham a sua escola primária. No jornal O Serrano, de 1907 pode ler-se a dado passo:

"Fizeram exame do primeiro grau, ficando aprovados 8 alunos da escola de Pecegueiro, 3 da de Carvalho, 5 da da Pampilhosa, 1 da de Fajão e 1 da de Praçaes."

Colectividades

É significativo o número de associações de carácter cultural e recreativo existente no concelho. Mas a mais antiga e com uma grande história para contar é sem dúvida o Grupo Musical Fraternidade Pampilhosense, criado no séc. XVIII e que actualmente tem uma escola de música e Banda Filarmónica. No entanto as colectividades mais importantes no concelho de Pampilhosa da Serra, são as Colectividades de caris regionalista.

Regionalismo

O que significa regionalismo é uma questão a que é difícil dar resposta. É que, se procurarmos em dicionários ou enciclopédias uma definição para esta palavra, decerto que encontraremos algumas, mas não acharemos uma só que possa traduzir, em toda a sua abrangência, o conteúdo dum termo que se tornou tão corrente entre as gentes oriundas dos concelhos de Arganil, Góis e Pampilhosa da Serra.

Na verdade, as definições que encontramos, ou por terem subjacente uma carga política, como a descentralização de funções para os órgãos próprios de determinada região, ou por transmitirem uma ideia de bairrismo, não expressam verdadeiramente o que é o “regionalismo” em toda a sua dimensão, ou seja, nada têm a ver com a ideia que levou os fundadores deste movimento a dar-lhe tal designação. Essa palavra “regionalismo”, que fez história entre a gente serrana e é alheia a quaisquer conotações de natureza ideológica, sejam elas de âmbito político ou confessional, exprime um sentimento muito peculiar das gentes daqueles concelhos, tem na sua génese um espírito gregário que privilegia a fidelidade às raízes e o valor da solidariedade e, como agente do desenvolvimento participado, visa a valorização das nossas aldeias para que nelas se possa viver cada vez melhor.

De tudo isto ressalta que o “regionalismo” é mais uma prática do que uma teoria alicerçada em definições de natureza semântica, é um estado de alma específico das gentes dos referidos concelhos, é uma marca social e cultural que as identifica como povo generoso e solidário, é um movimento que se preocupa com as pessoas e o seu bem-estar e que se esforça, há décadas, por fazer chegar até elas os benefícios do progresso.

Sendo tudo isso, talvez que a mais prática e expressiva definição de “regionalismo” seja aquela que assenta no conhecimento dos princípios em que se baseia e na obra que tem atrás de si, tal como um dia, já distante, um pampilhosense que foi um dos seus pioneiros, o Dr. Cipriano Nunes Barata, deixou escrito nas suas memórias:

“Onde existir um chafariz, um marco fontanário, uma escola, um jardim, uma cantina, uma ponte, um caminho vicinal, uma estrada, um telefone, uma lâmpada eléctrica a rasgar as trevas da noite, em suma, qualquer manifestação de progresso, é certo, certíssimo, ter havido ali a acção do regionalismo.”

No século XX, iniciam-se actividades de carácter regionalista e defesa do concelho. Surgem assim, diversos órgãos de comunicação escrita: O Serrano teve início em 1909, a Gazeta das Serras (1935-1940), o Vida Nova, O Correio da Serra e, actualmente, o Serras da Pampilhosa, criado e dirigido pela Casa do Concelho de Pampilhosa da Serra, e o jornal digital SerrasOnline, iniciativa privada..

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