Unhais-o-Velho não se destaca pela existência dum valioso e extenso património construído. Noutros tempos, quando a ruralidade marcava um quotidiano que assentava em práticas comunitárias, havia os fornos de cozer a broa, os moinhos de água, o lagar e os alambiques que, funcionando em regime de utilização comum, desempenhavam um papel da maior importância na vida local. Essas marcas que testemunhavam a vivência dos nossos antepassados foram sendo desvalorizadas ao longo do tempo, sendo hoje, com algumas já desaparecidos e as que restam em adiantado estado de degradação, meros sinais duma época difícil da vida serrana.
Igreja Paroquial
Em todo o património da aldeia, avultam a Igreja Paroquial, um templo não datado, de linhas amplas, que tem passado por diversas obras de restauração, algumas das quais lhe retiraram reconhecidos valores como as pinturas que adornavam o tecto, figurativas de cenas bíblicas, como o Sacrifício de Isac, São Pedro a pescar, o baptismo de Cristo, a Anunciação, a fuga para o Egipto, a cura do leproso, Cristo no horto das oliveiras e o Avarento no inferno. Eram pinturas duma grande riqueza de pormenores e tinham uma simbologia que as tornava alvo da admiração geral. Combinando ingenuidade e simplicidade, destacava-se uma delas, a mais conhecida de todas, que figurava Satanás, de ar assustador e forquilha em punho, que constituía verdadeiro terror para as crianças, pela circunstância de o verem sempre de olhar cravado nelas, fosse qual fosse o local da igreja de onde se atrevessem a olhá-lo.
Diabo de Unhais
Segundo a tradição, esta pintura conhecida pelo "Diabo de Unhais", terá sido executada por um artista de Folques. E conta-se, com sabor a lenda, que esse pintor, quando acabou o trabalho e se dirigia, serra fora, para a sua aldeia à beira de Arganil, lhe apareceu o diabo ao caminho e lhe disse, em tom ameaçador:
- Olha que se me tornas a pintar, seja lá onde for, levo-te em corpo e alma para o inferno.
Mas o pintor, sem se atemorizar com tamanha ameaça, mesmo feita em sítio tão ermo, afeito como estava aos perigos que tantas vezes tinha de enfrentar nas suas andanças pelas serras, não demorou muito a responder-lhe:
- Pois agora, que já te vi, é que eu ainda te pintarei melhor.
Ainda na igreja de Unhais-o-Velho é possível admirar as pinturas existentes no tecto da capela-mor que representam os doze apóstolos, sendo nelas visível a inscrição de 1876, data em que se realizaram importantes obras na igreja e em que deverão ter sido pintados estes quadros. A igreja matriz tem São Mateus por titular.
"Possue regulares dimensões. Os tectos são de tabuado, pintados de cenas angiográficas, aos rectângulos, obra popular do século XIX. O da capela mor está repartido em painéis. O retábulo principal é do tipo do século XVIII, com ornatos concheados, duas colunas por lado, com nichos médios e camarim do trono ao centro. Os colaterais são modernos. Sobre o arco cruzeiro encontra-se um crucifixo de madeira, do séc. XVIII, acompanhado de restos de talhas de diversas épocas. As imagens de São Mateus, São Domingos e São Pedro são obras vulgares dos sécs. XVII e XVIII."1
Capela do Senhor da Saúde
Outro exemplar do património unhaisense é a capela do Senhor da Saúde, no centro da aldeia. Presume-se que este templo seja muito antigo, sem que porém se conheça a data em que terá sido edificado. De pequena dimensão e com um recinto em frente, tem um estilo arquitectónico bastante peculiar, de forma hexagonal, sabendo-se que era propriedade particular duma família do Sarzedo com propriedades na povoação. Tendo essas propriedades sido vendidas, e por arrastamento a referida capela, o então pároco da freguesia, Joaquim Martins Pereira, que era familiar dos novos proprietários, pediu-lhes a capela para lá poder celebrar missa quando entendesse, sendo-lhe então cedida para esse efeito com o compromisso de após a sua morte a capela passar para a posse da igreja como de facto viria a acontecer.
Encontra-se nesta capela, à veneração dos fiéis, uma imagem do Senhor da Saúde, de grandes dimensões e forma impressionante. Reza uma velha tradição que a primeira imagem que existiu nesta interessante capela foi feita na aldeia e a madeira para ela terá vindo da pernada dum castanheiro que então existia na Aveleira, uma propriedade agrícola nas imediações da povoação. Verdade ou não, o certo é que o Senhor da Saúde é alvo da devoção de muitos fiéis que recorrem à sua intercessão em muitas circunstâncias da vida, designadamente quando os membros da família são afectados por problemas de saúde, o que se confirma com a existência de alguns ex-votos, onde se destaca um datado do ano de 1771 e que diz o seguinte:
"m.o.f. O sr. da Saúde a Joaquim Dsousa Machado Dlagares C. Oferecendo-se ao Dº Sº o livrou d’huas terríveis cesões".
Capela de São Sebastião
A capela de São Sebastião, anexa ao cemitério velho construído em 1865, bonito edifício que foi recentemente remodelado.
Outros edifícios
Há ainda a registar as seguintes capelas na freguesia:
- Capela da Nossa Senhora da Boa Viagem, em Aradas
- Capela de Nossa Senhora dos Remédios, no meio da povoação de Malhada do Rei. A referência mais antiga que lhe faz alusão data de 1826 e consta no “Livro dos Mordomos”
- Capela de São Marcos, na povoação de Meãs
- Capela de Nossa Senhora de Lurdes, na Portela de Unhais, inaugurada em 27 de Julho de 1997
- Capela de Nossa Senhora da Póvoa, na Póvoa da Raposeira, inaugurada em 8 de Setembro de 1933
Há ainda na aldeia outras construções de carácter colectivo como o cemitério, pontes, cruzeiro, escolas, casa do povo, posto médico, sede da Junta de Freguesia, fontanários, recintos desportivos (piscina fluvial, campo de futebol, recinto de patinagem) e quartel da secção dos bombeiros.
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OLÁ GOSTARIA MUITO QUE DESSE UM BEIJINHO Á MINHA TIA AMALIA DAS NEVES JÁ NÃO A VEIJOS Á 25 ANOS CHAMO-ME GABRIEL FILHO DE MARAI AUGUSTA DAS NEVES.
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