Perafita é uma freguesia portuguesa do concelho de Matosinhos, com 9,47 km² de área e 12.298 habitantes (2001). Densidade: 1.298,6 hab/km².
Perafita foi elevada a vila em 9 de Dezembro de 2004.
Toponímia
Aos marcos, a certa altura dava-se o nome alatinado de "petra ficta", isto é pedras fixas ou também feitas a propósito para delimitar a propriedade. Por vezes tinham siglas identificativas do proprietário. Que tivessem de estar fixas e de pé, compreende-se, e talvez por aqui se possa também compreender o nome Perafita se é que ele, como é possível, deriva destas pedras fixas como marcos de propriedade. De facto, há quem pense que por detrás destes marcos, estão as pedras funerárias do tipo "menhir" que assinalavam algumas necrópoles pré-históricas. Tudo são apenas teorias…
História
Perafita como tantas outras terras do litoral norte, assenta terreno onde se fizeram sentir de forma profunda as oscilações do nível do mar. Em toda a região do litoral, quer nos encaixes dos rios, quer nos terraços de planícies que se foram formando ao longo da costa, entrecortados por curvas fluviais, nunca foi fácil viver. Mas viver, viveu-se desde os tempos pré-históricos pelo menos. É provável que até já no paleolítico, num tempo em que as populações usavam uma forma primitiva de talhar a pedra para o fabrico dos seus instrumentos de caça, estas praias tivessem sido percorridas em busca de mariscos e outros peixes, com que os grupos nómadas completavam a sua dieta alimentar. Não são muitos os testemunhos arqueológicos chegados até nós, para memória dessas épocas recuadas do povoamento.
De facto, só a partir do quarto milénio a.C., é que podemos encontrar fortes indícios arqueológicos que nos elucidam sobre a forma como os pequenos grupos humanos que até aí dependiam da caça, ou da recolecção de frutos e de algumas espécies que apanhavam nas parias marítimas, e que se foram progressivamente fixando de modo mais ou menos estável e com base numa economia agrícola e de pastorícia que perdurou até aos inícios do segundo milénio a.C.
Em Perafita merece particular referência um sítio ainda hoje lembrado na nossa toponímica por Crasto. É uma pequena colina e foi aí certamente que se estabeleceu um desses castros. Ainda se chama Viela do Crasto e Rua do Crasto aos acessos a esta colina. Por certo que não seria um castro grande e estaria na periferia e sob influência doutro de maior porte. Ou, seria até utilizado temporariamente por uma comunidade que aqui vinha em fainas piscatórias e agrícolas. A velha estrada que vem de Santa Cruz do Bispo até ao centro de Perafita bem poderia ter sido o caminho que habitualmente percorriam. Mas muitas outras referências existem nas redondezas.
Seja como for, a comunidade de Perafita está bem documentada entre os séculos IX e XI. Ainda agora quem tomar caminho para o lugar de Montedouro, pode encontrar numa elevação saliente na paisagem uns túmulos perfeitamente identificáveis como de enterramento cristão. Trata-se dum conjunto notável de cinco sepulturas escavadas no afloramento granítico e no seu conjunto constituem um monumento medieval dos mais importantes da Idade Média na região.
Em 1258 a "Villa" chamava-se de Petra Ficta no latinar de então. Possuía onze casais, todos eles com consciência de que pertenciam à paróquia que os unia. E era importante, se tivermos em conta que em redor havia mais "Villas". A de Freixeiro, a de Jame e a de Pampelido, por exemplo. A supremacia de Perafita foi-se acentuando com o tempo, e as "Villas" das redondezas acabaram por integrar esta paróquia como lugares dela. Muitas vezes essa supremacia não deriva de nenhuma razão especial. Simplesmente porque a comunidade era mais dinâmica, ou porque o senhor local tinha mais prestígio e poder de protecção sobre os casais. Por isso as outras "Villas" integravam a de maior prestígio. Em 1038 portanto logo no início do século XI, um casal de Perafita que dava pelos nomes de Argevaldo e sua mulher Godela, doaram a um tal Didáco Donazini, umas propriedades com fito de que este senhor os beneficiasse e protegesse. É um exemplo de como funcionava este processo na idade Média.
Avancemos agora um pouco no tempo e voltemo-nos de novo para a costa marítima. Aqui encontramos uma praia cujo nome é bastante bizarro, chamaram-lhe Praia dos Ladrões (actual Praia da Memória). Até aqui chegava-se por uma pequena estrada conhecida pelo nome de Almeiriga. Aqui desembarcaram os sete mil e quinhentos bravos que dos Açores traziam o exilado D. Pedro IV para a aventura destemida de libertar aí o País do regime absolutista de D. Miguel. O desembarque, envolveu, como era natural, a população vizinha, nomeadamente a da freguesia de Perafita. Aqui começou a gesta libertadora e o Cerco do Porto, ambas a traduzirem a índole bem portuguesa da nossa gente. A esquadra aproximou-se da Praia do Pampelido na manhã do dia 8 de Julho de 1832. O mar estava chão e favorável. D. Pedro, havia tentado o desembarque junto a Vila do Conde e à Foz do Ave. O brigadeiro Miguelista aquartelado na vila, ao contrário do que se esperava ameaçou resistir violentamente e a esquadra veio postar-se em frente a Perafita. A operação só começou pelas duas horas da tarde com o auxílio das gentes de Perafita para onde foi enviado de imediato um pequeno destacamento liberal. Outro ocorreu aos lados de Leça por forma a cobrir uma possível reacção Miguelista. Às seis da tarde, desembarcou D. Pedro e logo tratou de fazer uma proclamação oficial aos expedicionários.
O obelisco comemorativo, deveria ostentar no cimo, mas não ostenta porque não foi terminado, a estrela radiante destes valentes a que se juntaram de imediato os batalhões de milicianos liberais nos quais se incorporavam, entre outros, Almeida Garrett, Alexandre Herculano, José Estevão e o pai de Antero de Quental. Seguiu-se um ano longo de resistência heróica do povo do Porto, talvez um dos mais extraordinários exemplos de solidariedade e coragem na luta pela liberdade que a história de Portugal conheceu…
Património
- Sepulturas nos lugares de Montedouro e Pampelido
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