A Porca de Murça é uma escultura de granito feita numa só pedra com 1,70 m de comprimento, 58 cm de largura e cerca de 1 metro de altura, existente na vila de Murça, sede de freguesia e concelho com o mesmo nome. É o símbolo que identifica a vila de Murça. A representação realista dos testículos não permite dúvidas acerca do carácter masculino do animal, mau grado a designação de "porca" que, erradamente, manteve até hoje. No dorso, à semelhança doutros exemplares deste tipo, ostenta quatro covinhas de pequenas dimensões e pouco profundas.
O desconhecimento do contexto de achado dificulta a sua integração cultural. É possível, contudo, que esta escultura tenha sido encontrada no castro do Cadaval, situado no alto da encosta em frente à povoação de Murça. A distribuição geográfica dos "berrões" abrange as actuais províncias espanholas de Cáceres, Salamanca, Ávila, Zamora, Segóvia, Toledo e Burgos, bem como as portuguesas de Trás-os-Montes, Douro Litoral e Beira Alta. A área de maior densidade de achados coincide com o território, citado nas fontes clássicas, dos Vetões.
A significação atribuída a estas esculturas não é consensual. Para alguns autores, baseados no achado de "berrões" com inscrições funerárias romanas, eles representavam divindades com funções de protecção e de fertilidade do gado. Para outros, são marcos de território ou indicam ainda caminhos. A hipótese do seu significado poder ter sido alterado ao longo do tempo é, ainda, um dado importante a considerar, uma vez que foram utilizados durante um extenso período, que se estende desde o século III a. C. até à dominação romana.
Lendas
Esta escultura em granito, encontra-se rodeada por lendas popular, não sendo exacta qual a sua verdadeira proveniência e propósito.
A lenda mais popular é que no século VIII esta povoação e o seu termo eram assolados por grande quantidade de ursos e javalis. Os senhores da Vila, secundados pelo povo, tantas montarias fizeram que extinguiram tão daninha fera, ou escorraçaram para muito longe. Mas, entre esta multidão de quadrúpedes, havia uma porca (outros dizem ursa) que se tinha tornado o terror dos povos pela sua monstruosa corpulência, pela sua ferocidade, e por ser tão matreira que nunca poderia ter sido morta pelos caçadores. Em 775, o Senhor de Murça, cavaleiro de grande força e não de menor coragem, decidiu matar a porca, e tais manhas empregou que o conseguiu; libertando a terra de tão incómodo hóspede. Em memória desta façanha se construiu tal monumento, alcunhado “a Porca de Murça”, e os habitantes da terra se comprometeram por si e seus sucessores, a darem ao Senhor, em reconhecimento de tão grande benefício, para ele e seus Herdeiros, até no fim do inundo, cada fogo três arráteis de cera anualmente, sendo pago este foro mesmo junto à porca.
No entanto, há quem defenda que os atributos masculinos bem visíveis não enganam, e que a Porca de Murça, é na verdade um berrão, do mesmo género dos que se encontram frequentemente na zona oriental de Trás-os-Montes, relacionados com um culto da fertilidade de povos pré-romanos. Seja como for, é hoje um monumento que se ergue, orgulhoso sobre um plinto, no jardim da praça central da Vila.
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