Queimadela

Queimadela
Armamar



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Queimadela é uma freguesia portuguesa do concelho de Armamar, com 2,27 km² de área e 331 habitantes (2001). Densidade: 145,8 hab/km².

Queimadela, terra de costumes e diversidades, onde predomina a agricultura tradicional, com forte implantação no artesanato, é na sua génese cultural e recreativa, ímpar ao nível regional, que mais se identifica. Terra de paisagens paradisíacas, onde se vislumbra o esplendor da Serra de Santa Helena e das Meadas, com a cidade de Lamego em grande destaque.

Queimadela é uma das dezanove freguesias do município de Armamar, situada a poente, e fazendo fronteira com o município de Lamego e, a sul e sudeste, com o município de Tarouca, inseparável do percurso histórico comum destes dois concelhos.

História

Uma das mais antigas referências documentais à localidade reporta-se aos inícios da segunda metade do século doze (reinado de D. Afonso Henriques), ou seja, aos primórdios da Nacionalidade, e que situava Queimadela "sob o Monte Raso, no território lamecense e por onde escorriam as águas em direcção ao Barosa" (sic). Isto é, uma localidade sobranceira ao rio Varosa.

As Inquirições de D. Afonso III e as Inquirições de D. Dinis fazem alusão à honra de Queimadela (terra honrada) que terá pertencido ao famoso Aio do nosso primeiro rei, tendo passado para um dos seus filhos. Também a viúva de Egas Moniz, a célebre e piedosa dama Teresa Afonso herdou aqui bens de seu marido, deixando-os em testamento ao primitivo mosteiro de Santa Maria de Salzedas de que fora fundadora e devota, e à própria diocese (Sé) de Lamego. As mesmas Inquirições confirmam que Queimadela pertencia à freguesia e paróquia vizinha de Figueira, ambas as localidades na "terra" lamecense e ainda, quer uma quer outra, na parte cível, sujeitas às justiças (juiz) de Lamego a que pertencia o "julgado" de Figueira.

Extinto o julgado (segunda metade do século catorze) Queimadela (e Figueira) passou a integrar o termo da cidade de Lamego. Nos inícios do século dezasseis o lugar de Queimadela ainda era lugar da freguesia e paróquia de S. João de Figueira, e só acabaria por alcançar a sua independência paroquial no século dezoito mas, mesmo assim, a apresentação (nomeação) anual do cura (pároco) de Queimadela pertencia ao abade da igreja de Figueira. Isto é, Queimadela passou a curato da abadia de Figueira.

A igreja de Queimadela havia de ser edificada por volta de 1748, altura em que se erigiu em paróquia própria. (M. Gonçalves da Costa refere 1746 e A. de Almeida Fernandes, 1748, fundamentando-se nas "Memórias Paroquiais" de 1758). Antes da igreja, Queimadela dispunha, pelo menos, de um local de culto: a ermida de São Lourenço.

Heráldica

Parecer emitido pela Comissão de Heráldica da Associação dos Arqueólogos Portugueses, nos termos da Lei nº 53/91, de 07 de Agosto a 19 de Dezembro de 2000 e publicado no Diário da República nº 53 de 03 de Março de 2001. Os Símbolos Heráldicos da Freguesia encontram-se registados na Direcção Geral das Autarquias Locais com o nº 78/2001 de 14 de Março de 2001.

Brasão

Escudo de vermelho, forno de prata, lavrado de negro e aberto de ouro, entre um carro de bois de ouro, realçado de negro e carregando pipas de prata, com aros de negro, em chefe e uma lira de ouro, cordoada de prata e realçada de negro, em ponta. Coroa mural de prata de três torres. Listel branco, com a legenda a negro: "QUEIMADELA - ARMAMAR".

Bandeira

Amarela. Cordão e borlas de ouro e vermelho. Haste e lança de ouro.

Selo

Nos termos da Lei, com a legenda: "Junta de Freguesia de Queimadela - Armamar".

Simbologia

  • Forno – Representa a indústria artesanal do barro.
  • Carro de Bois e Pipas – Representam a tanoaria, o artesanato, a vinicultura e as tradições da freguesia de Queimadela.
  • Lira – Representa a cultura musical com destaque para o folclore.

Economia

A economia desta laboriosa freguesia tem ainda por base a agricultura familiar, de minifúndio, tendo sobretudo no vinho a sua maior fonte de receita. Todavia, a população activa mais nova tem demandado outros países da Europa em busca de melhores condições de vida e de salários que lhe garanta uma velhice com menos sobressaltos. Esse fenómeno está bem patente nas habitações (e suas tipologias), pois possuir uma casa condigna é um dos maiores sonhos dos que se despedem da terra temporariamente, regressando no Verão para descansar e visitar os familiares, e também pelo Natal em que se juntam ao calor da família e da lareira da consoada.

As artes tradicionais (como em toda a parte) desapareceram, restando a tanoaria que constitui uma referência ao trabalho manual que outrora deu emprego a chefes de família com talento para bem trabalhar a madeira (de castanho) para os mais diversos fins.

A arte do barro, outra indústria com velhas tradições na localidade, constituiu, no século dezanove, um dos maiores expoentes da actividade artesanal de Queimadela. Terra de forneiros, de barristas e de fornos, a freguesia produzia ou "fabricava" os célebres e graciosos bonecos desta matéria-prima abundante nas redondezas, e recolhida das entranhas do vizinho Monte Raso. Os bonequeiros de Queimadela, ao que se infere, eram hábeis imaginários na arte da bonecaria, muito apreciada pela criançada, e vendida nas feiras e romarias do concelho e da região (Senhora dos Remédios, Lamego). Não temos informação segura, mas é bem provável que os artistas de Queimadela também produzissem vasilhas de barro para líquidos.

O que se sabe, isso sim, é que no declínio da arte propriamente dita do barro, os barristas voltaram-se para a produção de telha de canudo, satisfazendo a procura num tempo em que as modestas coberturas de colmo das casas iam sendo substituídas pela telha. Os fornos de Queimadela forneciam telha para diversas localidades mais próximas, dentro e fora do concelho. Mais, os forneiros deslocavam-se temporariamente para fora de Queimadela, e aí construíam os fornos em que laboravam para diversos clientes de mais longe, uma vez que o transporte da telha, em carros de bois e por maus acessos, não garantia a integridade da mercadoria até o seu destino.

Nos inícios do século vinte ainda existiam em Queimadela meia dúzia de fornos a laborar, estruturas rudimentares e primitivas, que se abriam nos declives de terrenos para evitar estruturas em altura e desamparadas, melhores condições de armazenamento do calor e melhor facilidade de acesso à boca dos fornos. Os fornos eram aquecidos (esbraseados) a lenha, carqueja (que servia ao mesmo tempo de acendalha e de combustível) e tojo bravo.

Património

Na sede da freguesia, para além do aglomerado populacional de tipo concentrado, merece uma visita a sua igreja matriz, em cujo interior se pode admirar a sua magnífica obra de talha dourada do período barroco. Depois, subir a suave encosta que conduz à capela de São Lourenço, belo miradouro quase desconhecido, e dos mais interessantes (depois de São Domingos de Fontelo e da Senhora da Graça de Cimbres), locais da mais eloquente espiritualidade onde ajoelhamos a nossa altiva pequenez perante o milagre excelso da criação. Dali desfrutamos aliciante trecho da cidade de Lamego e arredores, e ainda parte do grandioso Vale do Douro.

Igreja Matriz de Nossa Senhora da Piedade

Foi mandada construir no ano de 1748. Localiza-se no centro da freguesia.

Capelas

  • Capela de São Lourenço, situa-se no ponto mais alto da zona urbana da freguesia, na encosta do Monte Raso.
  • Capela de Santo António, situa-se na encosta do rio Varosa na estrada rural que liga a Figueira.
  • Capela de Nossa Senhora do Carmo, localiza-se no interior do cemitério da freguesia.

Associativismo

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