O Rancho Folclórico de Paranhos da Beira nasceu em 1983 com o intuito de recolher e divulgar as tradições etno-folclóricas da região da Serra da Estrela, onde está inserido.
Surge a ideia
Decorre o ano de 1982, aproxima-se o mês de Junho, eis que algumas pessoas de Paranhos da Beira se reúnem e organizam uma marcha para desfilar nas celebrações dos Santos Populares, que o povo da terra resolvera festejar. O sucesso foi de tal ordem que, desde logo, se decidiu repetir o evento no ano seguinte. Entretanto, duas jovens estudantes (Cândida Borges Almeida e Dina Maria Almeida Pina) eram componentes das referidas marchas e, terminado o ano lectivo, integram-se no projecto OTL (Ocupação dos Tempos Livres). Dentro deste projecto, têm como missão proporcionar momentos de entretenimento e distracção às crianças sob a sua responsabilidade. É então que se lembram de criar um Rancho Folclórico Infantil.
Com a finalidade de solicitar apoios para fazerem face às dificuldades que se avizinhavam, contactam a Casa do Povo desta freguesia, a qual acolhe com agrado esta iniciativa, mas com a condição de as proponentes designarem uma pessoa mais adulta para, conjuntamente com um elemento da direcção da referida Casa do Povo, serem os responsáveis pelo destino do Rancho.
Encontrada a pessoa solicitada (o S. Manuel Ferrão das Neves, que já havia colaborado nas marchas populares) e, juntando-se a este o senhor João Almeida Rocha (representando a Casa do Povo), deitam mãos ao trabalho para a recolha de Modas, de Trajes e da constituição da Tocata. Após muitas e esforçadas horas de ensaio, o Rancho Folclórico Infantil da Casa do Povo de Paranhos da Beira é apresentado publicamente no dia 20 de Agosto de 1983, durante as Festas do Senhor do Calvário, em Paranhos da Beira.
Nova Direcção
Decorrem 4 anos e, após algumas divergências com a Casa do Povo, a Direcção do Rancho decide desligar-se daquele organismo, passando agora a assumir a designação de Rancho Folclórico Infantil de Paranhos da Beira. Por esta altura, é nomeada uma nova Direcção, que passa a ser constituída pelos seguintes elementos: José Armando Correia Salgado (Presidente), Manuel Jorge Correia Salgado (Secretário), José Manuel Cardoso Ferreira (Tesoureiro) e Francisco António Pinto da Silva (Coordenador). Esta Direcção, e as que se lhe seguiram, procuraram manter a ideia das suas fundadoras, nomeadamente, de manterem os elementos dançantes com idades compreendidas entre os 6 e os 13 anos.
Foi prosseguindo a recolha dos usos, costumes e tradições mais característicos da região em que estão inseridos e o Rancho Folclórico Infantil de Paranhos da Beira, através de inúmeras actuações por todo o País, passou a representar os seguintes trajes: os Noivos e os respectivos Padrinhos, os Ceifeiros, os Moleiros, os Aguadeiros, os Romeiros, o Vadio e o Pastor.
As modas que o Rancho dançava eram A Folha da Macieira , Lá Vamos Seguindo ao Norte , Moleirinha da Serra , Tire-Tire , o Ladrão do Meio , o Pastor , Ora Esteja Quedo , Por Amar e Querer Bem , Encadeia , entre muitas outras.
Quanto aos instrumentos utilizados na Tocata, eles consistiam no acordeão, na viola, o bandolim, o bom, a pandeireta e os ferrinhos, se bem que na nossa região fossem ainda tocados o harmónio, a flauta de pastor (feita em pau de sabugueiro) e a concertina, os quais, por falta de executantes, não podíamos oferecer.
Nova designação
Em 1999, a maioria dos componentes deste Rancho são adultos e, então, é decidido alterar, novamente a designação do grupo para Rancho Folclórico de Paranhos da Beira, que perdura até hoje e que é expressão da vontade dos seus componentes em desenvolver um trabalho mais sério, destinado a um público mais vasto e exigente.
O árduo trabalho de recolhas e de recriação dos costumes dos nossos antepassados, mais especificamente das últimas décadas do século XIX e inícios do séc. XX, leva este Rancho a apresentar os trajes dos Noivos, de Romaria, Domingueiros e de trabalho (dos Ceifeiros, Moleiros, Agricultores, Latoeiros, Resineiros, Oleiros e do Pastor), numa reconstituição fidedigna, resultado do testemunho vivencial das pessoas mais idosas da nossa terra.
O Rancho Folclórico de Paranhos da Beira apresenta, actualmente, um reportório renovado, resultado das recolhas efectuadas em diversos lugares, nomeadamente, em Carvalhal da Louça, em Paranhos da Beira e em Vale de Igreja. Anualmente, o Rancho Folclórico de Paranhos da Beira oferece aos seus conterrâneos e ilustres convidados um vasto e rico plano de actividades.
De entre as diversas realizações culturais e artísticas que são apresentadas, destacam-se o “Cantar das Janeiras” (cantigas tradicionais populares que exprimem votos de bom ano e cantadas em grupo por ocasião das festas de Ano Novo), o “Ementar das lmas” (tradição religiosa na qual um grupo de homens e mulheres, completamente cobertos de negro, rezavam, cantando, pelos mortos durante o período da Quaresma), o “Serrar da Velha” (tradição muito antiga, talvez medieval, que, inspirada na obrigação religiosa de os fiéis se confessarem ao menos uma vez no ano, consistia em formar-se um grupo de homens, os quais, de noite, na Quaresma, satirizavam o comportamento de uma pessoa idosa da terra), a “Matança do Porco”, as “Fogueiras de S. João” e o nosso Festival de Folclore, o qual a partir de 2000 passou a ser Internacional.
No ano de 2001, com o apoio da Câmara Municipal de Seia, o Rancho Folclórico de Paranhos da Beira iniciou a construção da sua nova sede social.
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