O mais importante vestígio arqueológico e patrimonial da freguesia de Vaiamonte, concelho de Monforte, que revela afinal a sua idade, é o que resta da antiga Torre de Palma. Foi uma villa romana, que naquele período terá sido possuída por uma poderosa família, os Basilli, cujo nome é conhecido através de uma inscrição no local. Donos de uma sumptuosa residência, exploravam um vasto latifúndio em redor, que incluía lagares, celeiros e outras dependências agrícolas.
Descrição
A villa desenvolvia-se sobre uma suave colina, junto de um pequeno riacho, em torno de um vasto pátio interior. A forma é trapezoidal. Havia ainda o peristylum, pátio quadrangular, o impluvium (tanque de banhos), o tablinum ou sala de recepção, a axedra, sala de música, o triclinium (sala dos banquetes) e todo o equipamento necessário ao funcionamento do sistema termal (frigiderium, tepidarium e caldarium, ou uma viagem da água fria para a água a ferver). Esta estância arqueológica está classificada como monumento nacional. Começou a ser estudada ainda na primeira metade do século XX por Manuel Heleno, brilhante arqueólogo local.
Literatura
José Saramago, em Viagem a Portugal, descreve a sua visita ao que resta da antiga torre de Palma. Um intenso sabor de grande literatura, no excerto que ora se apresenta:
"Chegando a Monforte, o viajante toma a estrada de Alter do Chão; vai à Herdade de Torre de Palma, onde há uns restos de vila romana que tem curiosidade de examinar. A distância é pequena, e quem não for com atenção perde o caminho e a pequena tabuleta que diz: UCP Torre de Palma. UCP, para quem não sabe, significa Unidade Colectiva de Produção. O viajante chega a um largo portão, entra no terreiro, vasto e refulgente de sol. Em frente há uma torre alta, com andares. (…) O viajante avança, é um viajante tímido, sempre receoso de que lhe venham pedir contas de intrusões que só ele sabe serem bem-intencionadas. Ao aproximar-se duma esquina ouve vozes de homens. É uma tenda. O viajante entra, dá as boas-tardes e pergunta ao homem que está ao balcão onde são as ruínas e se é permitido vê-las. Este homem chama-se António, não tarda nada a saber-se, é baixo, entroncado, de ar tranquilo. (…) No piso térreo da torre, o Sr. António mostra a antiga cozinha, espécie de reduto medieval pela grossura das paredes, e ao lado uns bancos corridos e umas mesas de mármore branco. "Era aqui que comiam os ganhões", diz. O viajante olha fascinado, imagina os homens sentados naqueles bancos, à espera da açorda. Murmura só para si: "Açorda e mesa de mármore. Aqui está um título que dispensaria a obra".
Poesia à parte, faça-se um roteiro da torre e de como a visitar: "Transposto o portão, veja à esquerda o que resta do templo paleocristão e espreite, dentro da casa, o antigo baptistério. As ruínas da vasta villa rústica, cuja estrutura lhe será explicada pelo guarda, merecem que calcorreie a extensa zona escavada: além do valor patrimonial, a envolvente paisagística justifica um demorado passeio".1
Igreja Matriz
Além da celebrizada torre de Palma, destaque em Vaiamonte para a igreja matriz. Construída em meados do século XVIII, é semelhante às igrejas rurais alentejanas que foram erguidas nessa época. De fachada simples, com torre quadrangular à esquerda, tem tecto em três esteiras, capela-mor com cúpula e altar de madeira.
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