Sacavém é uma freguesia portuguesa do concelho de Loures, poucos quilómetros a Nordeste da capital do País, Lisboa, com 3,81 km² de área e 17.659 habitantes (2001). Densidade demográfica: 4.255,2 h/km².
Geografia
- Ver artigo principal: Geografia de Sacavém
Localizada na parte oriental do concelho de Loures, Sacavém confina com as freguesias de Unhos (a Noroeste), Camarate (a Oeste), Prior Velho (a Sudoeste), Portela, (a Sul) e Moscavide (a Sudeste), sendo ainda banhada pelo Estuário do Tejo (a Este) e pelo Rio Trancão, anteriormente chamado Rio de Sacavém (a Norte, o qual separa esta freguesia da Bobadela).
Freguesia bastante urbananizada, acha-se tradicionalmente dividida em Sacavém de Cima e Sacavém de Baixo, embora recentemente tenham surgido novas urbanizações na cidade. Orograficamente, é um espaço pouco acidentado (contando somente três elevações: o Monte do Convento, o Monte de Sintra e o Monte do Mocho), variando a sua altitude entre os zero e os sessenta metros.
Outrora, a freguesia recobria um espaço muito mais vasto, tendo perdido, com o decorrer dos tempos, a jurisdição sobre territórios que integram as actuais freguesias vizinhas de São João da Talha, Bobadela, Camarate, Prior Velho, Portela, Moscavide, e Santa Maria dos Olivais. Administrativamente, antes de ser integrada no concelho de Loures, fez parte do termo da cidade de Lisboa (até 1852), e depois, do concelho dos Olivais (1852-1886).
Demografia
Pela sua posição estratégica dentro do concelho de Loures e pela sua situação de proximidade face à cidade de Lisboa, Sacavém sempre dispôs de condições para o estabelecimento de novas populações e para o consequente crescimento populacional.
Desde que se iniciaram os modernos recenseamentos, que o número de habitantes da população tem vindo constantemente a aumentar (muito por causa do estabelecimento, na freguesia, da Fábrica de Loiça de Sacavém), até aos nossos dias (com decréscimos pontuais causados pela separação das freguesias de Moscavide, Portela e Prior Velho):
Anteriormente ao século XIX, existem algumas informações dispersas, mas como até então a prática corrente era a contabilização do número de fogos (e não de habitantes), não podemos senão deduzir o número aproximado de habitantes, consoante os coeficientes utilizados.
Toponímia
Julga-se que na origem do nome Sacavém esteja o étimo árabe šâqabî, significando «próximo» ou «vizinho» (provavelmente, da cidade de Lisboa), através de uma corruptela em Šaqaban; o nome eventualmente teria sido latinizado como Sacabis, e através da forma do acusativo Sacabem (relativamente similar ao termo usado pelos muçulmanos) ter-se-ia chegado ao moderno termo Sacavém. Há no entanto outras teorias acerca da origem do topónimo.
História
- Ver artigo principal: História de Sacavém
Situada na encruzilhada dos caminhos que, vindos do Norte e do Este, se dirigiam a Lisboa, Sacavém esteve presente em inúmeros momentos da História de Portugal.
Povoação antiquíssima, existiu no tempo dos Romanos uma ponte em Sacavém que subsistiu, pelo menos, até ao século XVI (segundo o relato de Francisco de Holanda). Do tempo da ocupação mourisca ficou, aparentemente, o topónimo de origem arábica (شقبان, Šaqabān); imediatamente após a tomada de Lisboa pelos cristãos, em 1147, parece ter ocorrido aqui um combate (a batalha de Sacavém), hoje comummente considerado lendário.
Durante a Idade Média, Sacavém constituiu um reguengo, grande produtor de cereal e vinho; não obstante, os monarcas cederam, por várias vezes, o seu usufruto. Assim, foram beneficiários do reguengo o almirante Manuel Pessanha, a rainha D. Leonor Teles, e depois o Condestável Nuno Álvares Pereira. Por morte deste, passou a sua posse para o seu neto, o conde de Ourém D. Afonso, filho do duque de Bragança, sendo que após a morte de D. Afonso sem filhos, a terra foi integrada no extenso património da Casa de Bragança, à qual viria a pertencer até à queda da monarquia (exceptuado o reinado de D. João II, com a execução do titular e confisco dos respectivos bens pela Coroa).
De acordo com algumas crónicas, aqui terá falecido a rainha D. Filipa de Lencastre, em 1415; o nome da povoação figura depois num documento histórico da maior importância para o período das Descobertas – a Carta do Achamento do Brasil (1500), por haver participado na expedição comandada por Pedro Álvares Cabral Diogo Dias, que fora almoxarife da povoação. No final desse século, o governador do reino Miguel de Moura ordenou aí a construção do Convento de Nossa Senhora da Conceição (com a Igreja de Nossa Senhora da Purificação anexa), em cumprimento de um voto que fizera anos antes.
Durante um grande surto de peste, em 1599, descobriu-se acidentalmente uma antiga imagem de Nossa Senhora, a qual, por ter, aparentemente, acalmado a pestilência, passou a ser venerada como Nossa Senhora da Saúde, e celebrada desde então todos os anos.
Severamente danificada durante o Terramoto de 1755 (com a destruição da Igreja Matriz e dos últimos vestígios da ponte romana), Sacavém entrou num lento marasmo que durou cerca de um século, até cerca de 1850 se iniciar a sua industrialização – donde ressalta a fundação da célebre Fábrica de Loiça de Sacavém, que espalhou o nome de Sacavém por Portugal e pelo Mundo, e a passagem do caminho-de-ferro, inaugurado em 1856, pela povoação. Esta situação contribuiu para um aumento populacional sustentado, até meados da década de 1970. A industrialização esteve na base do desenvolvimento associativo de que são expressão a Cooperativa «A Sacavenense» e o Sport Grupo Sacavenense, entre outros).
Em Sacavém estabeleceu-se o quartel-general das forças responsáveis pela queda do regime democrático da I República, e aí se preparam os contra-golpes que sucessivamente derrubaram Mendes Cabeçadas e Gomes da Costa, e levaram ao poder Óscar Carmona.
O desenvolvimento da povoação levou os responsáveis políticos a atribuir-lhe o estatuto de vila; porém, os sacavenenses, descontentes, pugnaram abertamente contra o regime ditatorial saído da Revolução Nacional de 1926, destacando-se a célebre «greve dos rapazes» (1937) ou a «marcha da fome» (1944).
Após a restauração do regime democrático, em 1974, deram-se importantes acontecimentos históricos em Sacavém – designadamente o cerco do quartel do RALIS, que então estava integrado na freguesia (hoje faz parte da Portela de Sacavém). Em 1983 a famosa Fábrica de Loiça encerra as portas.
No final da década de 1980, a freguesia ganha a sua actual configuração geográfica, com a separação da Portela e do Prior Velho. Em 4 de Junho de 1997, Sacavém vê enfim reconhecido todo o seu valor e potencial, tendo sido elevada a cidade através da lei n.º 45/97. Meses mais tarde, era inaugurada a Ponte Vasco da Gama, ligando Sacavém ao Montijo, e que se tornou uma obra de referência na paisagem urbana da Cidade.
Em 2000, foi inaugurado, pelo Presidente da República Dr. Jorge Sampaio e pelo Presidente da Câmara Municipal de Loures Eng. Adão Barata, o Museu de Cerâmica de Sacavém, que acolhe o espólio histórico da antiga fábrica cerâmica.
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