Santa Eufémia é uma freguesia portuguesa do concelho de Penela, com 24,95 km² de área e 1.762 habitantes (2001). Densidade: 70,6 hab/km².
Localidades
Besteiro, Camela, Caldeirão, Carregã, Carvalhais, Carvalhinhos, Casal Pinto, Cerejeiras, Chãs, Coidel, Cova da Lapa, Dueça, Estrada de Viavai, Farelo, Fetais Fundeiros, Fojo, Freixiosa, Nogueiras das Cerejeiras, Pastor, Penela, Ponte da Veia, Ponte do Espinhal, Porto Judeus, Poupa, Serradas da Freixiosa, Senhora da Glória, Torre Chão Pereiro, Vale do Espinhal, Viavai, Vieiros
História
A história da freguesia de Santa Eufémia encontra-se intimamente ligada à história da vila e concelho de Penela, originando com que, durante vários séculos a sua história se misture e uma seja indissociável da outra.
Em 1064, D. Fernando Magno, rei de Leão e Castela, conquista definitivamente Coimbra aos Mouros e vai nomear o moçárabe D. Sesnando, primeiro governador da cidade recém conquistada. No seu testamento datado de 1087, D. Sesnando afirma que povoou o Castelo de Penela "de illis castellis que ego populavi arauz et penella". Esta é a primeira referência histórica que se conhece a Penela e naturalmente, aos territórios da futura freguesia de Santa Eufémia.
D. Afonso Henriques atribui foral a Penela, datado de Julho de 1137 (anterior à fundação da nacionalidade), onde delimita o território, estabelece as garantias individuais dos cidadãos, especifica a tributação a que o concelho fica sujeito, estabelece as atribuições dos funcionários municipais e o regime penal que devia ser seguido. Aquando da outorga do foral, o futuro Rei intitula-se ainda de "infans" (Infante = filho de Rei). Este foral englobava toda a área da actual freguesia de Santa Eufémia.
O Infante D. Pedro nasceu a 9 de Dezembro de 1392, filho segundo do Rei D. João I e da Raínha D. Filipa de Lencastre, pertenceu àquela que é designada como a Ínclita Geração e pode ser considerado como o protótipo do príncipe medieval. Foi regente do reino na menoridade de seu sobrinho e morreu a 20 de Maio de 1449, na trágica batalha de Alfarrobeira, após a qual todos os seus bens são confiscados pela coroa, nessa época nas mãos do Rei D. Afonso V. As cortes de Évora de 1408 ordenaram que fosse posta casa aos Infantes D. Duarte (futuro rei), D. Pedro e D. Henrique. No seguimento dessas directrizes, logo a 1 de Outubro desse ano, o Rei D. João I, doa a D. Pedro as "rendas" da Vila de Penela. A 7 daquele mês, por intermédio de Afonso Peres "escudeiro e criado do dito senhor Rei e escrivão da sua despensaria"… num local "junto com os paços del Rei": "tomou posse dos paços…". Viviam-se na altura períodos difíceis, ainda se sofria no pós crise de 1383-85 e a paz com Castela só se celebraria a 31 de Outubro de 1411. Com a data de 2 de Dezembro de 1420, o Infante D. Pedro elabora uma resolução designada como "Tombo de todos os casais e mais propriedades com seus rendimentos que o Infante D. Pedro… mandou fazer na sua vila de Penela". Neste documento o Infante reforma o Foral de Penela, datado de Julho de 1137, naturalmente desactualizado com os seus quase trezentos anos.
D. Manuel vai reformar o Foral a Penela de D. Afonso Henriques, através de uma nova Carta, datada de 1 de Julho de 1514. Necessariamente, os direitos e deveres dos habitantes da freguesia de Santa Eufémia, também ali estão referenciados.
Fernão Lopes, na crónica do rei D. João I, faz referência a Caspirro, herói concelhio. Estava-se em plena crise de 1383/85, o Senhor de Penela era o Conde de Viana do Alentejo, D. João Afonso Telo, apoiante de D. Beatriz e das pretensões castelhanas. Posição contrária ao povo do termo de Penela, apoiante das pretensões de D. João Mestre de Aviz. Face à situação, o povo revolta-se para defender aquele que consideravam ser o seu rei, Caspirro assassina o Conde de Viana do Alentejo "e os da vila tomaram logo voz por Portugal", como afirma Fernão Lopes e como se comprova nas Cortes de Coimbra de 1385, com a eleição para Rei do Mestre de Aviz.
Património
Castelo de Penela
- Ver artigo: Castelo de Penela
Igreja Matriz de Santa Eufémia
Não estando suficientemente esclarecida a sua fundação, aparece já referenciada em documento datado de 1254, sendo na sua génese, a igreja habitual dos arrabaldes das fortalezas. É de supor contudo uma fundação anterior. A existência de um capitel do século XII (pertencente ao período do Românico afonsino), hoje utilizado como pia da água benta, justifica esta afirmação.
O edifício actual, objecto de restauro recente, apresenta linhas rigidamente direitas, tão ao gosto da arte renascentista da bacia do Mondego. O portal principal, datado de 1551, apresenta bons elementos de escultura decorativa e a capela mor, coberta por uma abóboda de meio canhão, possui um retábulo barroco, da época de D. Pedro II. Do lado esquerdo, a capela apresenta um arco de volta perfeita e no seu interior uma imagem pertencente ao gótico final, de invocação a Nossa Senhora do Rosário, sendo uma das mais interessantes, saídas das oficinas coimbrãs, dos finais do século XV.
Capela do Pentecostes
A capela do Pentecostes com o seu retábulo em pedra de Ançã, pertence a meados do século XVI e é um belo exemplo da escola renascentista coimbrã, de origem ruanina. A pia baptismal datável do início do século XVI, é de gramática Manuelina, com o seu pé oitavado e os seus motivos escultóricos. É em suma, uma igreja bem representativa do estilo Renascentista na zona mondeguina.
Pelourinho
Datado do século XVI, compõe-se de uma coluna de fuste oitavado, da pinha e de três degraus. A sua melhor particularidade em termos artísticos é o conjunto das hastes em ferro - quatro - a imitarem serpentes que suspendem da boca argolas. Possui ainda dois brasões, eventualmente representativos das armas da vila no século XVI.
Igreja da Misericórdia
Igreja do século XVI de uma só nave, possui no altar-mor uma estrutura em cantaria lavrada, de estilo Maneirista. No nicho por cima da porta lateral, existe uma escultura representando São Lourenço, com origem no século XVI e representativa da escola renascentista de Coimbra. A porta principal apresenta três intervenções em três épocas distintas, resultando daí três estilos: Manuelino, Renascentista e Maneirista.
Outros locais
- Convento de Santo António, incluindo a respectiva cerca
- Gruta do Algarinho, próxima a Taliscas
- Gruta do Soprador do Carvalho - "Talismã"
- Gruta do Algarinho
- Gruta dos Brutiais
- Moinho de Vento das Taliscas
- Monte de Vez
- Ressurgência do Dueça
Associativismo
- Rancho Folclórico do Monte de Vez - Serradas das Freixiosa
- Sociedade Filarmónica Penelense
- Orquestra Ligeira da Sociedade Filarmónica Penelense
- Grupo Musical "Terra Firme"
- Clube Desportivo e Recreativo Penelense
- Associação Infante Dom Pedro
- Grupo de Teatro do Monte de Vez
- Associação Cultural e Recreativa de Carvalhais - Fundada em 1983
- Associação Cultural e Recreativa de Cerejeiras - Fundada em 1988
- Centro Cultural Monte de Vez - Fundado em 1980
- Centro Cultural de Viavai - Fundado em 1986
- Escola Tecnológica e Profissional de Sicó - Sicóformação, S.A.
- Santa Casa da Misericórdia de Penela - Fundada em 1559, por alvará de D. Sebastião
- CERCIPENELA - Cooperativa para a Educação e Reabilitação de Crianças Inadaptadas - Penela - Fundada em 1978
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