Santa Maria da Devesa é uma freguesia portuguesa do concelho de Castelo de Vide, com 56,36 km² de área e 1.716 habitantes (2001). Densidade: 30,4 hab/km².
Santa Maria da Devesa é uma freguesia do concelho de Castelo de Vide e juntamente com as freguesias de São João Baptista e Santiago Maior, forma a sede concelhia. Pertence ao distrito de Portalegre e o seu orago é, tal como indica o topónimo, Santa Maria.
É a única freguesia urbana do concelho de Castelo de Vide, ocupando a totalidade da vila sede de concelho. É também a freguesia mais populosa da vila e do concelho desde há vários séculos mas a área que ocupa é, no entanto, a menor de todas: 56,36 quilómetros quadrados.
História
Com um povoamento que remonta ao período Neolítico, a freguesia de Santa Maria da Devesa apresenta alguns vestígios da época. É o caso do Menir da Meada, localizado a cerca de doze quilómetros a norte de Castelo de Vide. O território terá sido posteriormente ocupado por romanos e árabes e a estes conquistado por D. Afonso Henriques, que segundo a tradição, o terá dado a Gonçalo Mouzinho, Cavaleiro Nobre. Já em 1180, Pedro Anes ter-lhe-á dado foral particular. Mais tarde, sendo D. Afonso III o possessor do território, doou-o a seu filho, o Infante D. Afonso, juntamente com Marvão e Portalegre.
Em 1281 iniciaram-se as disputas entre o Infante e o seu irmão D. Dinis. Castelo de Vide foi um dos pontos de discórdia, que só terminou quando D. Afonso cedeu a vila à coroa em 1282. A importância histórica da freguesia dada desta altura, quando o referido monarca fez algumas obras de defesa, iniciando a construção do castelo e das muralhas que envolvem a vila. Dizem uns que fundou o castelo, outros porém opinam que se limitou a edificar a torre de menagem e a fazer algumas reparações. É possível, realmente, que no local já existissem quaisquer obras defensivas, que tenham sido aproveitadas por D. Dinis. Desta altura data a importância histórica da vila.
Foi nessa altura que o rei recebeu em Castelo de Vide os embaixadores de Aragão, que vinham validar o seu casamento com D. Isabel, que tinha a particularidade de ser o primeiro casamento celebrado em Portugal com escritura antenupcial, conforme o direito romano. Em 1299, D. Dinis confirmou os foros da vila, declarando que seria sempre da coroa, e em 1310, deu-lhe novo foral. As obras do castelo ainda continuaram durante todo o seu reinado e só terminaram em 1327, recebendo em troca Castro Marim. Em 1512, D. Manuel I reformulava com Foral Novo o antigo foral de Castelo de Vide. Apertada a princípio pelo círculo de muralhas que rodeavam o castelo, a povoação começou a expandir-se no princípio do século XIV, estendendo-se para Este até à colina onde no século XVIII se edificou o Forte de São Roque.
A torre de menagem do castelo, com tecto artesoado, parcialmente destruída por uma explosão nos inícios do século XVIII, foi restaurada nos anos quarenta, o mesmo se verificando recentemente com a cobertura do paço, em que foi utilizado cimento armado. Dentro do seu recinto, núcleo primitivo da povoação, ainda hoje habitado, integram-se alguns edifícios, como é a seiscentista capela da Senhora da Alegria, com azulejos da mesma época sobre o pórtico de granito, encimado por um nicho que abriga uma imagem de faiança do mesmo período.
Na zona histórica, contígua ao castelo, de estreitos arruamentos medievais, encontram-se vários portais ogivais e o edifício da sinagoga, testemunho da importante comunidade judaica aí implantada. Segundo se escreve num folheto municipal, “compõe-se de dois pisos, abrindo-se numa das divisões do piso superior o que se julga ser o tabernáculo. Neste compartimento reuniam-se os homens da comunidade, enquanto na divisão à sua direita, daquela separada originalmente por um pequeno postigo, congregavam-se os membros do sexo feminino, enquanto decorriam sessões de estudo dos Textos Sagrados”.
Na Praça D. Pedro V, de um dos lados, sobressaem a igreja matriz e o edifício dos Paços do Concelho. A igreja é muito ampla, tendo sido levantada sobre as ruínas de uma capela fundada em 1310. A fachada, grandiosa, é flanqueada por duas torres sineiras e tem um pequeno frontão encimado por uma cruz, cunhais e pilatras de granito aparelhado. O pórtico, com a data de 1748, de colunas caneladas de ordem coríntia, é rematado por um frontão interrompido. O interior é de uma só nave, com transepto e capela-mor, de alvenaria, data do século XIX.
O edifício da Câmara Municipal é uma construção nobre, datada de 1721, com três frontarias, janelas de sacada e gradeamentos de ferro.
Heráldica
Heráldica
Brasão
Escudo de prata, fonte de águas termais de negro, jorrando água de ouro e azul, entre dois ramos de vide de verde; em chefe, cruz da Ordem de Cristo. Coroa Mural de prata de três torres. Listel Branco com a legenda a negro: "SANTA MARIA DA DEVESA"
Simbologia
Em chefe, a cruz da Ordem de Cristo representa o poder administrativo que a Ordem de Cristo tinha na freguesia. A fonte das águas termais de negro, jorrando água de ouro e azul representa a antiga Fonte da Vila, a monumentalidade e a qualidade das águas no local, utilizada e explorada pelo termalismo. Nos Flancos e em campanha, dois ramos de vide de verde que representam as actividades económicas praticadas na freguesia, entre as quais se destaca a vitivinicultura.
Bandeira
Verde. Cordão e borlas de prata verde. Haste e lança de ouro.
Selo
Nos termos da Lei, com a legenda: "Junta de Freguesia de Santa Maria da Devesa – Castelo de Vide".
Economia
São várias as vertentes económicas praticadas pela população local, cuja maioria se emprega na agricultura, na vitivinicultura, na produção de azeitona e também na criação de animais; também no sector secundário tem surgido oportunidades de emprego, na construção civil, na serralharia civil, no mobiliário, no termalismo e na hotelaria.
Património
A freguesia possui um vasto património cultural e edificado, do qual e sem menosprezo do restante, ressaltam: a Igreja Matriz, as capelas de Santo Amaro, a de São Roque e a do Calvário, a Sinagoga Medieval, testemunho da importante comunidade judaica aí implantada, a fonte da vila, a Casa do Prior, o Cine Teatro Mouzinho da Silveira, o Castelo, o Forte de são Roque, as portas de Santa Catarina, o Pelourinho e o Menir da Meada.
- Anta da Casa dos Galhardos ou Anta do Galhardo
- Menir da Meada
- Anta do Pêro d' Alva ou Anta das Tapadas de Pedro Álvaro ou Anta de Pedro Álvaro
- Anta dos Pombais
- Anta da Coutada de Alcogulo ou Anta do Alcogulo I
- Castelo de Castelo de Vide
- Casa na Rua Nova, n.º 24
- Igreja de Santo Amaro (Santa Maria da Devesa) ou Igreja da Misericórdia
- Casa do Pintor Ventura Porfírio e jardim
- Anta do Vale de Sancho
- Anta dos Olheiros
- Anta do Porto Aivado ou Anta do Porto Alvado
- Igreja de Nossa Senhora da Alegria ou Igreja do Castelo
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