Santa Marinha do Zêzere

Santa Marinha do Zêzere
Baião



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Santa Marinha do Zêzere é uma freguesia portuguesa do concelho de Baião, com 10,64 km² de área e 2.852 habitantes (2001). Densidade: 268,0 hab/km². Pertence ao Distrito, Diocese e Relação do Porto. Tem por orago Santa Marinha.

Está situada a 12 km da sede do concelho e a 5 km da estação do comboio de Ermida-Douro. Localiza-se na margem direita do rio Zêzere, afluente do Douro.

Santa Marinha do Zêzere é uma terra de encantos múltiplos, quer pelas suas encantadoras paisagens, pela sua magnífica hospitalidade local, pela sua gastronomia e o seu vinho verde de projecção além-fronteiras. Infelizmente o artesanato já não é uma realidade nesta terra. Com o falecimento dos artesãos morreu também a arte de fabricar os cestos de verga e castanho que serviam para o transporte das uvas nas vindimas de toda a região do Douro, o fabrico de chapéus de palha que eram usados pelos camponeses, a tecelagem artesanal de meias de lã desfiada, lençóis e cobertas em linho, as mantas e passadeiras em retalhos. O fabrico de utensílios em ferro e aço para a agricultura, os vasilhames em madeira para encubar o vinho, etc.

Merece destaque o encanto que o rio Douro dá a esta terra ao banhar toda a sua margem sul, com uma cor azul e brilhante que reflecte uma beleza inigualável.

Toponímia

O nome desta freguesia deriva do seu orago, Santa Marinha, uma virgem e mártir. Diz a tradição que tinha oito irmãs gémeas: Basília; Eufêmea; Genebra; Liberata (também conhecida como Vilgeforte); Marciana; Quitéria e Vitória.

A lenda atribui-lhes a naturalidade na cidade de Braga, no ano 120. Seriam filhas de um casal de pagãos, Calcia e de um oficial romano, Lúcio Caio Atílio Severo, régulo de Braga, o qual, quando elas nasceram, estaria ausente da cidade. Entretanto, na cidade, não se acreditava que as gémeas pudessem ser filhas do mesmo pai. O acontecimento causou enorme embaraço à mãe que, teria encarregado a parteira Cita, de as afogar. Em vez disso a mulher, que era cristã, levou-as ao Arcebispo Santo Ovídio, para que as baptizasse e lhes desse destino. Foram então entregues a amas cristãs, crescendo e vivendo perto umas das outras, até aos 10 anos de idade.

Por esse tempo, o César romano ordenou aos delegados imperiais para activarem a perseguição aos cristãos na Península Ibérica. Nessa perseguição, os soldados viriam a descobrir as gémeas, que foram detidas mercê das suas crenças, sendo levadas à presença do régulo. Este, acabou por constatar que elas, afinal, eram suas filhas. Quis convencê-las a renunciar à sua fé e a abraçar o paganismo. Porém, em face da sua resistência, mandou detê-las e enclausurá-las no Palácio. Sucedeu que as prisioneiras durante a noite, por intervenção sobrenatural ou com a ajuda da própria mãe, lograram alcançar a liberdade. Correndo em várias direcções chegaram a províncias espanholas, donde se dispersaram. Todavia, Santa Marinha, teria sido apanhada nas proximidades de Orense, em Águas Santas, e condenada à morte, sendo aí degolada em 18 de Julho do ano 130, vindo as suas irmãs a ser também martirizadas. Diz-se que Santa Liberata, que tem uma bela imagem na Capela de Gaia, na freguesia de Santa Marinha em Vila Nova de Gaia, teria sido crucificada.

O topónimo Zêzere, alude a uma «villa» Ozecari, de um tal Ozecarus - facto em harmonia com a antiguidade desta freguesia. A forma do topónimo no século XIII era Ozêzar, cujo etimológico passou a ter função de artigo na grafia.

História

Segundo Leite de Vasconcelos há nesta freguesia dois locais que revelam antigo povoamento. O primeiro é no lugar do Crasto ou Castro, onde existiu um castro, no qual se descobriram, entre outros objectos, uma figura humana, já decapitada, e um quadrúpede indeterminado. Estas duas figuras, de pedra, recolheram ao Museu Martins Sarmento de Guimarães. Na quinta de Guimarães têm aparecido vestígios de uma necrópole Luso-Romana. A instituição desta paróquia é anterior ao século XIII na ermida muito mais antiga de Santa Marinha.

A primitiva igreja matriz da freguesia foi uma pequena ermida, situada na margem direita do Douro, no lugar que ainda hoje se chama Ermida. Daqui passou a sede da freguesia para a capela de São Pedro, no lugar deste nome, até que em época incerta, se transferiu a matriz para onde actualmente se encontra. Não foi este edifício que chegou aos nossos dias, pois a igreja foi restaurada e ampliada, no primeiro quartel do século XVIII, por Frade Salvador Coutinho da Cunha, das Casas Novas, e religioso do convento de Travanca.

Em Santa Marinha do Zêzere são numerosas as casas nobres, como a de São Pedro, que foi dos Carvalhos Pintos; as Casas Novas, dos Cunhas Coutinho, de Guimarães, a de Entre-Águas, dos Mouras Coutinhos; a de Travanca, Ermida, Ervedal, entre outras.

Economia

Tem feiras quinzenais a 11 e 25. É uma das freguesias mais ricas e populosas do concelho, com uma variada e abundante produção agrícola.

Personalidades

Professor Albino de Carvalho

Destacou-se pelo seu empenho na educação e ensino destas gentes da lavoura de forma gratuita e voluntária, na divulgação desta terra, produtos agrícolas locais (vinho, azeite, fruta, cereais e a boa carne bovina e caprina) através de um jornal por ele dirigido e fundado, em 21 de Outubro de 1920, “Flor do Zêzere”, que, infelizmente teve a sua última edição no dia 23 de Fevereiro de 1931, por motivos de saúde do seu director e fundador. Mais tarde voltou a redigir textos para o jornal “O Primeiro de Janeiro”, “O Imparcial do Marco”, “O Século”, “O Penafidelense”, “Correio de Coimbra” e até “O Marcoense”. Tendo ainda escrito algumas obras literárias, poemas, discursos, palestras, teatro e notícias inéditas, onde retratava sistematicamente de uma forma realista e expressiva as pessoas da sua terra natal, o seu modo de vida e as dificuldades sociais da época, tentando, desse modo, sensibilizar a opinião política e pública para essas dificuldades. Deixou como obra visível a Casa do Povo local, Hospital de Baião e a Santa Casa da Misericórdia de Baião.

Património

Igreja Paroquial de Santa Marinha do Zêzere

Esta igreja foi fundada no século XI e reedificada no século XVIII. No templo, destaca-se o órgão de tubos que se encontra no interior.

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