Sobral Valado |
Sobral Valado é uma aldeia da freguesia de Pampilhosa da Serra, no concelho do mesmo nome.
Situa-se quase no cimo de quatro colinas a 660 metros de altitude, viradas para o sul, numa localização maravilhosa do ponto de vista panorâmico. Cercada pelos montes do Moinho, o mais alto com 763 metros, dos Corvos, dos Lameiros e do Outeiro, o mais baixo, que entre si formam uma espécie de concha, que a abrigam das intempéries e é banhada pelo Sol desde manhã até à noite. Dista da Pampilhosa da Serra, cerca de seis quilómetros, fazendo parte da sua freguesia e à qual sempre esteve muito ligado. Nesta, chegou a ocupar o terceiro lugar em termos populacionais, depois da sede de concelho e de Carvalho.
Toponímia
Donde lhe veio o nome? Não é fácil desvendar o mistério. No entanto, sabendo-se que na aldeia e seus limites abundavam grandes e seculares exemplares de sobreiros, que bem ainda conhecemos e têm sido devorados pelos terríveis incêndios através dos tempos, restando alguns de menor porte e agora em desordenada expansão, somos levados a acreditar que a primeira palavra tenha derivado de sobreiro, sobreiral, sobral. O apelativo da valado pode ter origem na vala ainda existente a meio do cabeço dos Lameiros, chamado Rego Valado, que pelos antigos foi aberto para desvio das águas pluviais da povoação e das suas terras de cultivo.
Admitindo estas duas suposições, podemos concluir que inicialmente a aldeia teve o nome de Sobral Valado, terreno de sobreiros cercado por uma vala. Segundo parece, era frequente outrora existirem terrenos comuns aos moradores e que, por eles, eram valados para desvio das águas pluviais, terá sido o caso de Sobral Valado. A aldeia pode muito bem, ter sido uma herdade de sobreiros dada por aforamento perpétuo a algum ou alguns povoadores da região serrana. O que é certo é que a aldeia é muito antiga e já no século XIV se encontram documentos com a sua denominação actual.
História
Povoação muito antiga e outrora muito povoada, não é fácil fixar-se uma data para a sua origem, mas sabe-se que é das mais antigas do concelho de Pampilhosa da Serra, remontando pelo menos ao último século da época medieval. Consta-nos que no reinado da D. Afonso V, já existiam documentos com a denominação actual de Sobral Valado.
Igreja de Sobral Valado |
Dado a sua proximidade, Sobral Valado esteve sempre muito ligado à Pampilhosa da Serra, sempre tendo pertencido à sua freguesia. O prior da Pampilhosa, o seu coadjutor ou o capelão de Sobral Valado, que em 1819 era o padre José Gil, celebravam a missa dominical na antiga capelinha de São Lourenço, padroeiro da aldeia, hoje desaparecida, lindíssima que ela era. Em 1951, alguns naturais entenderam vendê-la para construção de uma residência particular. Já em 1949 se tinha construído uma nova igreja, ampla, arejada, em local mais vistoso e é hoje o orgulho e a menina dos olhos dos sobralvaladenses, no entanto, muitos afirmam que elas poderiam existir as duas, assim todos quisessem!
Em redor da aldeia existiam vários povoados, de pequenas dimensões populacionais, mas que dela faziam parte integrante. Refira-se o Carvalhal, onde viveu uma numerosa, honrada e trabalhadora família, considerada casa abastada para a sua época; o Feitoso de Praçais, onde viveu uma família que teve a sua origem em Sobral Valado e na Malhada do Rei; a Foz da Lameira, onde houve várias e fartas casas; a Foz do Vale; o Gavião de Baixo e o Sobral, onde viveram os lendários imaginários do Sobral, etc…
Todos estes povoados acabaram, uns por abandono dos seus habitantes, que procuraram melhores meios de subsistência e de localização e outros devorados pelos criminosos incêndios que ultimamente têm assolado a nossa região e as suas habitações, hoje, resumem-se a montões de ruínas e silvados altaneiros. A Ereira, única que ainda resiste, mas já não tem ninguém a habitá-la permanentemente. Alguns dos seus descendentes reconstruíram as casas dos seus antepassados e visitam-nas de quando em vez. Todos estes povoados faziam parte integrante de Sobral Valado, aonde as crianças vinham à escola e dominicalmente todos os habitantes à missa. Eram os naturais de Sobral Valado que lhes prestavam auxilio, quando dele necessitavam, nomeadamente no transporte dos seus mortos, para a Pampilhosa, a pau e corda, ao ombro de quatro homens, porque outro transporte não havia…
Associativismo
União Progressiva de Sobral Valado
Em 9 de Novembro de 1947, foi fundada em Lisboa uma colectividade regionalista à qual foi posto o nome de União Progressiva de Sobral Valado. Saída de uma conversa casual entre dois sobralvaladenses de rija têmpera, José Marques e Eduardo Joaquim Nunes, junto ao antigo café Nicola, no Rossio de Lisboa, aos quais outros bravos se juntaram posteriormente e em tão boa hora o fizeram que passados mais de 56 anos, continua ininterruptamente trabalhando pelo progresso e bem estar dos sobralvaladenses. Tudo o que de bom existe na aldeia, teve a intervenção da sua União Progressiva. Seria fastidioso enumerar tudo o que foi por esta colectividade realizado, no entanto não se deve deixar de apontar os principais melhoramentos em que colaborou:
- 1949 - inauguração da nova igreja.
- 1959, 17 de Agosto - inauguração do abastecimento de água, com cinco marcos fontanários e um belíssimo lavadouro público.
- 1967, inaugurada a nova escola.
- 1971, 07 de Agosto - inauguração da luz eléctrica.
- 1975/78/80 - calcetamento de todos os arruamentos.
- 1980, 09 de Agosto - inauguração da Casa da União, o ponto de encontro de todos os sobralvaladenses.
- 1988, 23 de Março - é publicado no Diário da República o diploma que confere à colectividade a Utilidade Pública.
- 1989, 02 de Setembro - é inaugurado o busto ao saudoso padre José Vicente e conjuntamente inaugurada a torre da nossa igreja.
- 1996 - inaugurado o Miradouro de Nossa Senhora da Boa Viagem.
- 2000 - a colectividade contribui com 1.000 contos para as obras de beneficiação de igreja.
- 2001, 17 Agosto - inauguradas novas instalações anexas à Casa de Convívio, largo fronteiriço e finalmente a Rua das Vinhas.
Personalidades
Muito embora os sobralvaladenses se tenham dedicado à agricultura, seu principal meio de subsistência, não ficaram com a sua actividade resumida ao amanho das suas terras e à sua capela, alguns houve que se destacaram e tiveram algum relevo na vida burocrática e política da Pampilhosa da Serra. A família Veiga é um exemplo. Esta família ramificou-se para os concelhos de Gois e Arganil e deu origem a figuras notáveis, entre outros, como o Dr Alberto da Veiga Simões. Antero da Veiga. Alberto Baeta da Veiga e Acácio Mendes da Veiga, entre outros.
Há, porém, um membro desta família de Sobral Valado, Manuel Antunes da Veiga, ou Francisco Antunes da Veiga (não tenho conhecimento exacto do seu nome) foi administrador do concelho e presidente da Câmara da Pampilhosa, que foi assassinado, quando na manhã de um dia que se ignora, ia para a Pampilhosa a cavalo na sua possante mula, na Corga do Almo, junto à povoação do Cadavoso, por um dos numerosos malfeitores que então impunham o terror e a intranquilidade às laboriosas e pacíficas gentes das Beiras. Um filho deste, José Joaquim Antunes da Veiga, foi recebedor da Fazenda Pública em Pampilhosa, tendo casado com uma senhora da Quinta das Malhadas da Ribeira.
Mas em Sobral Valado, não foi só a família dos Veiga que se salientou, vários outros nomes tiveram mérito e se destacaram, cada qual na sua actividade. Entre 1802 e 1840, encontramos nomes, que passados cerca de duzentos anos, ainda são recordados: José dos Santos, José Roque, Manuel Barata, Jorge João, João Vicente Morgado, Manuel Vicente da Fonte, Domingues Fernandes Grande, Manuel Mendes do Sobral, entre vários outros.
Mais recentes recordamos: José Garcia, Manuel Joaquim Nunes, Eduardo Joaquim Nunes (pai), Eduardo Joaquim Nunes Júnior (filho), José Lopes Ramos, José Marques, José Alexandre de Almeida, António Gonçalves, Lourenço Roque, José Mendes, os irmãos Manuel e José Vicente Carpinteiro, Carlos Alberto Oliveira Vicente e tantos, tantos outros que seria fastidioso enumerar. Mas, socorrendo-nos do ditado popular, que diz que os últimos são os primeiros, lembramos com muita saudade aquele que consideramos ser o maior sobralvaladense de todos os tempos, o Padre José Vicente, cuja história ainda está por escrever e que muito contribuiu para Sobral Valado ser conhecido por todo o lado. Nasceu em Sobral Valado, o dia 27 de Junho de 1924. Ordenado sacerdote em 29 de Junho de 1948. Faleceu em 8 de Setembro de 1988. Pelos seus amigos, pelos regionalistas e pelos sobralvaladenses, foi erguido na nossa aldeia um simples monumento que perpetuará para todo o sempre a sua memória. No décimo aniversário da sua morte, o povo de Sobral Valado, descerrou na casa onde viveu, no Bairro Novo, como tanto gostava de lhe chamar, uma placa comemorativa dessa efeméride.
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