Sobreira Formosa é uma vila e freguesia portuguesa do concelho de Proença-a-Nova, com 85,01 km² de área e 2.116 habitantes (2001). Densidade: 24,9 hab/km². Encontra-se situada a 11 km da sede de concelho, Proença-a-Nova e a 39 km da capital de distrito Castelo Branco, a segunda cidade mais próxima é Abrantes a aproximadamente 60 km.
O forasteiro surpreende-se ao deparar com Sobreira Formosa, isolada no meio do vale, num amontoado de casas que se tocam e confundem, debruçadas sobre ruas estreitas e sinuosas, igualmente antigas. A povoação é grande, sem que os traços da evidência de outros tempos se percam. Mesmo quem não conheça o passado histórico da vila nota, de imediato, que a povoação de hoje se distingue e não pode ter deixado de ser um dos principais centros da região.
Foi sede de concelho durante séculos, por mercê de um dos primeiros reis de Portugal. As datas porém perderam-se no tempo e os poucos documentos que a ela se referem, primam pela falta de clareza, originando mais confusões do que certezas. O município foi suprimido em 1855.
A zona em que está situada é de solos pobres de xistro - a que antigamente chamavam a "charneca" - de habitantes numerosos e pobres. Formavam-se grupos de "charnecos" para irem às zonas mais ricas em olival à apanha da azeitona, ou grupos de "ratinhos" que se deslocavam ao Alentejo e a Espanha, na época estival, para fazer a ceifa.
Origens
O antigo concelho de Vila Nova, e actual freguesia de Sobreira Formosa, foi terra de uma bastarda de D. Sancho I, certamente por doação paterna. Essa princesa foi D. Constança Sanches, que concedeu o foral em 1222, ao que se julga com o prior de S. Gregório. Este foral contém disposições de grande importância no estudo da sociedade medieval. Ainda no referido documento, D. Constança dispõe que as igrejas do concelho deveriam ser do bispo da Guarda, até à morte dele, e depois, ficariam a quem ele entendesse. Foi ainda com a designação de Vila Nova que foi concedido, à povoação, Foral Novo, por D. Manuel I, no primeiro de Junho de 1510.
O topónimo composto Sobreira Formosa é derivado do latim vulgar suberatum, de «terreno de sobreiros» e de «formoso» do latim formõsu.
Lenda
A tradição justifica o topónimo Sobreira Formosa com uma lenda, segundo a qual, junto de um Sobreiro, gozando a sua sombra estavam, certo dia, fiando caprichosamente, com as suas mãos delicadas, três bonitas raparigas, risonhas e felizes. Dedicando-se a essa tarefa já ali se encontravam havia algumas horas, quando por ali passou outra pessoa. Fitou-as encantado e, apontando para uma delas, logo disse que ela era formosa. Repetiu-o e, radiantes, elas todas lhe dirigiram palavras carinhosas, continuando, no entanto, à sombra da sobreira. O caso tornou-se conhecido, voltando a pronunciar-se as palavras «formosa» e «sobreira». Tanto isto aconteceu que, olhando a jovem fiandeira e a árvore, a terra que vivia sem nome passou a denominar-se Sobreira Formosa.
Há também uma tradição, transmitida de geração em geração, que diz que o nome desta Freguesia provém duma sobreira que sobressaía, entre todas as que, nesta região, existiam em grande número e se encontrava no local do actual adro da Igreja. Mais frondosa e formosa que as outras, servia de abrigo (da chuva no inverno e do sol no verão) aos transeuntes que sob os seus ramos descansavam da fadiga da viagem. À sua volta, construiu-se, um dia, uma casa, seguindo-se outras, com o andar dos tempos, e assim se formou esta Freguesia a que aquela sobreira formosa deu o nome.
É muito provável que seja essa a verdade da origem do nome da vila, mas pode apenas, muito naturalmente, estar ligado à abundância de sobreiros que cobria outrora esta região.
Heráldica
Brasão
Escudo de azul, fretado de ouro, tendo brocante um sobreiro arrancado de verde; campanha ondada de prata e azul. Coroa mural de prata de quatro torres. Listel branco, com a legenda a negro «Sobreira Formosa».
Bandeira
Esquartelada de amarelo e azul. Cordão e borlas de ouro e azul. Haste e lança de ouro.
Selo
Nos termos da Lei, com a legenda «Junta de Freguesia de Sobreira Formosa – Proença-a-Nova».
Na actualidade
Hoje, Sobreira Formosa brilha da alvura das suas casas e voltou a sorrir ao viajante que já não necessita de passar pela antiga rua apertada, que já não é a principal via por onde era forçoso circular, quer na direcção de Proença-a-Nova, quer na de Castelo Branco. A estrada nacional sofreu novo traçado, contornando a parte antiga da vila e deixando largos espaços onde novos edifícios foram construídos e os antigos transformados. Presentemente, chamam a atenção de quem passa, a Devesa com o seu recinto arborizado e palco para festas; o novo e belo edifício da sede da Junta de Freguesia com o novo mercado; os repuxos e todo o espaço envolvente a dar um toque de modernidade à vetusta capela de Santa Ana, de tão bonitas tradições. Depois, o Centro de Dia da Santa Casa de Misericórdia, que se espera venha um dia a ser Lar, atrai pelo colorido que mãos de artista lhe souberam imprimir, assim como as flores, artisticamente arrumadas em canteiros bem cuidados, junto dos quais bancos vermelhos convidam ao descanso e à meditação. Bem perto, quase em frente, a Igreja Matriz, cuja origem se perde na neblina dos tempos, completamente restaurada, ostenta o seu cruzeiro, símbolo da fé deste povo. De um lado e outro, uma moderna Agência Bancária, a Casa do Povo, os Correios, novos prédios e sempre árvores e flores alegrando qualquer recanto. Lá no alto, o Instituto de São Tiago olha, com orgulho e respeito, a sua antiga vila, velhinha de muitos séculos, que tantas agruras sofreu, mas que, estoicamente, resistiu e continua a lutar pela sua dignidade. Só é pena que, da velhice, que lhe faz merecer o respeito, já nada reste porque, aos poucos, lhe foram demolindo o pelourinho, os balcões da velhas casas típicas, os chafarizes, tudo, enfim que fazia parte da sua História.
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