Sousel é uma vila portuguesa situada no Distrito de Portalegre, região Alentejo e sub-região Alentejo Central, com cerca de 2.100 habitantes.
É sede de um município com 278,94 km² de área e 5.780 habitantes (2001), subdividido em 4 freguesias. O município é limitado a norte pelos municípios de Avis e Fronteira, a leste e sul por Estremoz, a sudoeste por Arraiolos e a oeste por Mora.
O concelho de Sousel localiza-se a norte do Alentejo Central, na confluência dos Distritos de Portalegre e Évora. Na paisagem do concelho destacam-se principalmente três tipos de ocupação do solo: os montados, os sistemas culturais arvenses de sequeiro e os olivais. A configuração física do território municipal é ainda marcada pelas elevações de São Bartolomeu (374 metros), de São Miguel (398 metros) e do Caixeiro (454 metros).
Freguesias
As freguesias de Sousel são as seguintes:
História
Torna-se difícil saber a origem do nome Sousel, estando fora de dúvida que a povoação onde assenta a freguesia de Sousel é muito antiga, datando dos primeiros tempos da monarquia. Mário Alberto Nunes Costa refere que a enumeração dos Reguengos de Sousel no Foral Medieval de Estremoz, constitui a referência mais antiga que se conhece do topónimo Sousel, aplicado a terras do Alentejo. Alguns autores afirmam que a povoação de Sousel foi elevada à categoria de vila a 4 de Junho de 1386. Já no reinado de D. João I (1385-1433), surge a figura de D. Nuno Álvares Pereira a quem o monarca, entre outras posses, doou a Vila de Sousel. Alguns anos mais tarde, passa a Casa de Bragança a ser donatária da Vila de Sousel, através de uma importante doação do Condestável, por carta de 4 de Abril de 1422 (confirmada por El-Rei D. Duarte, também por carta de 19 de Dezembro de 1430).
A partir dessa altura, a história de Sousel está naturalmente associada à história da Casa de Bragança. Consta que foi D. Jaime I (1479 – 1532), 4.º Duque de Bragança, quem fundou a Misericórdia de Sousel e mandou edificar a respectiva Igreja (1515), o Hospital (edifício anexo à Igreja), a Albergaria (na Rua Direita) e um Hospício. Em 1527, segundo o «Cadastro da População do Reino» (ou «Numeramento de D. João III»), tinha Sousel 457 moradores e pertencia, com todo o seu termo, ao Duque de Bragança. Entre os séculos XV e XVIII, é edificado todo o património religioso de Sousel (os primeiros templos foram a Igreja Matriz e a Igreja de Nossa Senhora da Orada), sendo o século XVIII profícuo em intervenções nos mesmos espaços ou na edificação de novos.
As terras coutadas da Casa de Bragança, em volta da vila, são divididas no século XIX pelo que a vila souselense, ao contrário da grande maioria das povoações alentejanas, não se encontra limitada por grandes propriedades. O século XIX marca a vida de Sousel, como centro administrativo do Concelho, na medida em que deixa de ser sede do mesmo por duas vezes: primeiro, entre 1855 e 1863 (ao ser integrado na Comarca e Concelho de Fronteira) e, depois, entre 1895 e 1898 (ao ser anexado ao Concelho de Estremoz). A soberania administrativa do Concelho é instaurada definitivamente em 1898.
Nos anos 30 do século seguinte, a economia da freguesia de Sousel estava marcada pela produção de cal, que contava com inúmeros fornos dispersos pelo enorme maciço calcário que circunda a vila a sudoeste. A cal era exportada, em grande quantidade, para outras regiões que careciam deste recurso natural. Sousel possuía também fábricas de moagem, panificação mecânica, refinação de azeites, extracção de óleos do bagaço e de fabrico de gelo. A actividade económica da vila era ainda marcada pelos inúmeros lagares de azeite, carpintarias e serralharias mecânicas, fornos de tijolo, etc. No entanto, a indústria de mel e cera, que outrora marcara a riqueza do concelho, estava altura reduzida à esfera doméstica.
Lenda
«Quatro legoas ao Noroeste de Villa Viçosa, & duas ao Norte de Estremòz, ao pè de huma serra, està plãtada a Villa de Souzel, que fundou o Condestavel D. Nuno Alvares Pereira…
…o qual estando em campanha contra os Castelhanos, que havião entrado neste Reyno com poderoso exercito, se lhe oppoz com grande valor, & antes de entrar na batalha pedio a Deos o ajudasse naquella empreza, & começou a orar; & vendo os nossos que os inimigos vinhão acometendo, chamàrão pelo Conde, que estava todo entregue à oração, & arrebatado em extasi, o qual despertando disse para os seus: Ora sus a èl : frase cõmua entre elles naquele tempo.
Deo-se a batalha, conseguio-se a vitória, & em memória della edificou o Condestável a Igreja, que hoje existe nesta Villa, dedicada a N. Senhora da Orada, com hum Prior, & três Beneficiados da Ordem de Aviz, Casa de Misericórdia, Hospital, huma Ermida do Espírito Santo, & hum Convento de Frades Paulistas da invocação de Santo António. (…)»1
Heráldica
Conta a lenda que, em tempos idos, uma grande epidemia assolou o concelho de Sousel. Nesse momento de grande aflição e angústia, a população dirigiu preces a São Sebastião, pedindo-lhe que a salvasse, ao que o dito Santo acudiu. A população ficou profundamente agradecida e a Câmara Municipal de Sousel festejou a ocasião mandando edificar uma Capela em honra de São Sebastião. Ficou ainda estabelecido que doravante a heráldica do Concelho integraria a sua imagem e mandou-se fabricar um selo para lacre com a imagem do mártir. Apesar de não ser possível comprovar os factos acima descritos e sobretudo a respectiva correlação, a verdade é que a imagem de São Sebastião fez parte da antiga heráldica do município de Sousel. O selo com a imagem de São Sebastião aparece em documentos antigos da autarquia e a Sala das Sessões dos Paços do Concelho ainda hoje exibe, na abobadilha, uma lindíssima imagem em alto-relevo do mártir. Sabemos também que a Câmara Municipal de Sousel organizou, pelo menos até meados do século XIX, a «Festa de São Sebastião», hoje completamente esquecida2.
O brasão e bandeira do Município foram alterados em 1933, através da Portaria n.º 7492 de 2 de Janeiro, tendo sido introduzidos na heráldica local símbolos mais de acordo com a vida histórica e económica do município. Assim sendo, passam a ser as armas do concelho:
Escudo azul, com duas setas de ouro cruzadas em aspa atadas de vermelho e acompanhadas de quatro abelhas de ouro. Contra-chefe ondeado de prata e azul. Coroa mural de quatro torres. Listel branco com os dizeres a negro, em maiúsculas «SOUSEL».
Economia
A distribuição da população pelos sectores de actividade económica (1991) apresenta-nos um concelho de feição eminentemente rural: actualmente, cerca de metade da população trabalha na agricultura; apenas 10% se encontra empregada na indústria e pouco mais de 20% no comércio e hotelaria.
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