Ainda hoje, não é unânime, do ponto de vista científico, a origem da toponímia de Leiria. Alguns autores dizem que provém da junção de Lis e Lena, ao passo que outros referem que deriva de Liria, que Sertório começou a povoar nas margens do rio Lis. Outros ainda defendem que provém de Laberia Galla (sepultura descoberta na antiga igreja de Santo Estêvão, posicionando a lenda de que a cidade nascera no século I). A tese melhor defendida pertence a Tito Larcher (Braga a 25/9/1865 – Leiria a 25/1/1932), fundador do Arquivo Distrital de Leiria, de que Leiria procede de la Eirena, nome de mulher. Das hipóteses apresentadas, os argumentos de Tito Larcher são os que não contrariam as leis da evolução fonética.1
Segundo alguns escritores, Leiria foi edificada sobre as ruínas de Colipo (cidade romana que existiu próxima de Leiria, de acordo com uma lápide votiva na igreja se Nossa Senhora da Pena – 19 de Setembro de 167 da era cristã) e tomou o nome, já antes referenciado, de dois rios que a cercam: Lis e Lena. Entre outras hipóteses, João Cabral refere que, em função do enfraquecimento do império romano na Lusitânia, as terras de Leiria foram conquistadas pelos suevos, vindos da Germânia, em 414. No ano de 585, Leovigildo, rei dos visigodos, reuniu a si o reino dos suevos e passou a dominar Leiria. Em 715, Leiria passou para o domínio dos mouros e, durante 38 anos, até ao ano de 753 esteve sob o jugo muçulmano. Só em 850 é que, sob as hostes de Maomé, rei de Córdoba, Leiria regressa ao poder islâmico que perdurará até 1134.
Pouca ou nenhuma atenção tem sido prestada à importância de Leiria para a consolidação da língua portuguesa no território nacional. Segundo Teyssier (1980), durante as invasões dos suevos e visigodos, as forças de domínio sobre a língua e a cultura foram mínimas. O latim escrito se manteve como única língua de cultura, e o latim falado evoluiu e diversificou-se de formas rápida. Como é sabido, é entre os períodos das invasões muçulmanas e a Reconquista que se formam três línguas peninsulares: o galego-português a oeste, o castelhano no centro e o catalão a leste. Línguas nascidas no Norte e levadas para o Sul pela Reconquista. Ora, foi no ano de 1135 que D. Afonso Henriques fundou o castelo de Leiria para conter a audácia dos mouros. E, mais tarde, o castelo transformou-se numa importante base de operações para o processo de unidade e independência do território. Portanto, considerando a cultura, segundo Malinowski (1976), como o conjunto integral dos instrumentos e bens de consumo, códigos constitucionais dos vários grupos da sociedade, artes e ideias, crenças e costumes humanos, não se torna difícil admitir que a vida das gentes em Leiria, durante 700 anos, funcionou como repositório a prazo do desenvolvimento da língua e da cultura portuguesa.
Bibliografia
- João Cabral (1993), Anais do Município de Leiria. Vol I
- Paul Teyssier (1980), História da Língua Portuguesa
- Bronislaw Malinowski (1976), Uma Teoria Científica da Cultura
Ligações externas
- Blog Mandoki, de Leo Mandoki, Jr.
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