Treixedo é uma freguesia portuguesa do concelho de Santa Comba Dão, com 13,20 km² de área e 1.104 habitantes (2001). Densidade: 83,6 hab/km².
Foi vila e sede de concelho até ao início do século XIX. Era constituído apenas pela freguesia da vila e tinha, em 1801, 1.352 habitantes.
História
Presume-se que a origem de Treixedo seja muito anterior ao tempo da Reconquista Cristã. O primeiro documento que atesta a existência de Treixedo é uma carta de doação ao Mosteiro do Lorvão, datada de 974, cujo doador é Oveco Garcia. Nesse documento, a freguesia já nos aparece como uma "villa" rústica de remota instituição e possuidora de uma antiquíssima arqueologia que reporta a existência da população local a épocas pré ou proto-históricas, pois aí são referidas "arcas", "pedras fitas", "vias antigas", "pedras celadas", etc.
A própria toponímia aponta para a antiguidade desta freguesia, pois Treixedo, outrora Traxete, Traxede (séc. X) parece ser um locativo (ou genitivo) composto da raiz do nome de um castro - "trenium" - mencionado numa carta de D. Afonso Henriques, e o sufixo -edo proveniente de -etu (que significa "botânico") alusivo à abundante vegetação da época em que o topónimo foi aplicado. A origem da "villa Traxete" parece, pois, estar ligada à existência do castro do Trenho que existiria numa das elevações junto às "arcas" e "pedras fitas".
O conde Gonçalo Moniz - assassino de D. Sancho, o Gordo - e sua esposa, a infanta leonesa Mumadona, foram senhores desta "villa". Em documento datado de 981, este doou ao mosteiro de Lorvão a sua "villa" de Treixedo juntamente com o seu mosteiro, possivelmente chamado Mosteiro de Sancta Maria que, se não beneditino, pelo menos augustiniano, o que nos revela o florescimento da "villa" de Treixedo nessa época.
Durante a Reconquista, nos princípios do século XI, as invasões de Almançor conquistaram a região e terão sido elas a destruir o mosteiro de Treixedo, ao menos que tivesse sido absorvido pelo mosteiro de Lorvão; mas poucos elementos possuímos dessa data. No entanto, parece que a "villa" estaria despovoada na transição do século XI para o séc. XII, pois em Outubro de 1102, D. Eusébio, Prior do Mosteiro de Lorvão, dá aos habitantes de Santa Comba Dão e Treixedo uma carta de foro e nela chama-as "villas" dos "testamentos de São Mamede" procurando atrair moradores, uma vez que esta zona fora bastante devastada.
Recebeu carta de couto de D. Afonso Henriques (ainda infante) em 20 de Março de 1133. Esta carta é um documento a demonstrar uma vez mais a abundante arqueologia existente em Treixedo, bem como a existência do "castrum Trenium". Nessa carta é também evidente a vastidão do couto de Treixedo, já que compreendia, no mínimo as actuais freguesias de Treixedo, São Joaninho e Couto do Mosteiro (nome este que se refere precisamente ao couto de Treixedo do mosteiro de Lorvão).
Em 1253, D. Pedro Gonçalves, bispo de Viseu, fez uma concordata com a abadessa de Lorvão sobre o que a igreja de Treixedo devia pagar de "reconhecença" à catedral, da qual tinha recebido a mercê de isenção da "terça pontifical". Resultante da reforma Manuelina dos forais, mas não no sentido de autonomia dos municípios, em 16-3-1514, D. Manuel concedeu a Treixedo a sua carta de foral.
A antiga Vila de Treixedo tinha, ainda no século XVIII, juiz ordinário dos órfãos, câmara, pelourinho e cadeia (de que apenas se sabe que se situava no actual Largo de São João). Foi também por esta altura que foi abandonada a antiquíssima igreja primitiva (com o orago de Santa Maria), num vale ameno, ao sul da povoação, onde hoje se encontra a residência paroquial, e onde outrora terá existido, até ao séc. XI o mosteiro de Treixedo, pois ainda no século XVIII a abadessa do Mosteiro de Lorvão apresentava o prior com 800 ou 900 mil réis de rendimento.
Em 1836, foi extinto o concelho de Treixedo e integrado como freguesia no concelho de Santa Comba Dão. Em 4 de Junho de 1837 Nagosela, até então pertencente de Tondela, foi integrada na freguesia de Treixedo.
Pela Lei n.º 40/84, de 31 de Dezembro de 1984, a freguesia de Treixedo deixou de integrar a povoação de Nagosela que se constituiu como freguesia autónoma, passando a actual freguesia de Treixedo a abranger os lugares de Granjal (onde existem águas termais), Póvoa de João Dias (outrora, Póvoa das Barcas ou, ainda, Póvoa das Carvalhas) e Treixedo. Nos últimos anos, especialmente nas três últimas décadas, o alglomerado habitacional tem-se expandido fortemente, tendo vindo a dar lugar a novas zonas residenciais, como os Amainhos, o Vale Dianteiro, a Azenha, a Pedra-da-Sé e o Ramal, entre outros.
Património
Pelourinho de Treixedo
Embora certa e documentada a sua existência no passado, actualmente não existe pelourinho em Treixedo, nem qualquer vestígio ou documento escrito ou pictórico que possa assegurar o local onde o mesmo se erguia. O Largo de São João é, no entanto, aquele que parece ter sido o local mais provável.
O site do IPPAR, que mantém a classificação do monumento como Imóvel de Interesse Público desde 1933, informa:
Não há notícia da época de construção do pelourinho classificado, infelizmente perdido na actualidade, após o seu desmantelamento no início do século XX. Da mesma forma, não são conhecidas descrições do mesmo. Existe apenas a rferência que o monumento se erguia no Largo de São João, ao lado da Capela da mesma invocação e em frente à antiga Casa da Câmara, e que após o derrube as suas peças haviam servido os mais inglórios fins, com o fuste a servir de coluna de sustentação do pavimento de uma casa, o remate abandonado, e o capitel usado como bebedouro de galinhas, após ter sido escavado para o efeito. As peças foram resgatadas por um particular, e estavam "a bom recato" em 1943. No entanto, já não é possível localizar as mesmas.1
Igreja Matriz de Treixedo
Na verdade, de entre todos os edifícios de Treixedo dignos de visita, a Igreja Matriz, com o orago de Nossa Senhora da Assunção, merece lugar de destaque. Situada num vale ameno, próximo e a sul da povoação, a actual igreja, apesar de recentemente restaurada, é um templo que possui quase 300 anos de existência.
Era prior o Dr. João Ayres Correa de Abreu quando se deu início à sua construção com o lançamento da primeira pedra, a 29 de Maio de 1712, por D. Jerónimo Soares, bispo de Viseu. No cunhal direito da fachada do edifício foi gravada na pedra a seguinte inscrição:
D. HYERONYMVS SVARES, EPISCOPVS
VISENSIS, ME FECIT, ANNO 1712.
Esta pedra era cavada e nela se tinha inserido um "Agnus Dei" e um pergaminho que dizia:
SVMMO PONTIFICE CLEMENTE XIº;
REGE JOHANNE Vº; EPISCOPO D.
HYERONYMO SOARES, PRIOR JOHANNES AYRES CORREA DE ABREU:
ANNO 1712, 29 MAY.
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