Unhais-o-Velho é uma freguesia portuguesa do concelho de Pampilhosa da Serra, com 40,06 km² de área e 632 habitantes (2001). Densidade: 15,8 hab/km². Esta freguesia, situada no extremo nordeste do concelho, dista da sede de concelho cerca de 27 quilómetros.
Unhais-o-Velho é uma encantadora povoação que bem poderia ostentar o título de "Princesa da Serra". Está situada num largo e aprazível vale onde corre o rio Unhais, nos confins do concelho de Pampilhosa da Serra, distrito de Coimbra. Harmoniosamente integrada na paisagem, a aldeia encontra-se ladeada de campos. Com a cordilheira dos Penedos a encimar os montes circundantes, do Vale da Lapa ao Penedo Derradeiro, assim chamado por ser o último, como que a servir-lhe de caprichosa moldura, Unhais-o-Velho é ainda uma terra com "alma", procurando acompanhar o desenvolvimento sem romper com o passado.
O casario está agrupado num pequeno promontório, formado por uma pronunciada curva do rio Unhais que atravessa a freguesia. O cenário é decorado ainda pelos penedos gigantes que emolduram a povoação.
Unhais-o-Velho Foto da autoria de António Pinto (apintogs) |
Localidades
Compreende, para além da sede de freguesia, os lugares de:
Toponímia
A origem etimológica de Unhais é controversa e pouco clara. Segundo alguns autores a origem do nome pode residir em duas hipóteses: uma relacionada com os Hunos (povos que ocuparam a Península) nomeadamente com a existência de um hipotético núcleo populacional que por aqui tivesse permanecido; outra relacionada com os veados, também designados unhantes devido às armações que adornavam estes animais.
História
O território que integra a actual freguesia terá tido população antes do século XII, a julgar pela arqueologia, pois não faltam, naquela localidade, bem como nas imediações, fortificações castrejas. No entanto, a primeira menção escrita, conhecida, que alude ao topónimo Unhais surge na carta de foro da Povoação da Beira Serrana dada por D. Sancho I em Setembro de 1186. Em 1260, por altura da divisão de rendas da Sé da Guarda, Unhais ficou adstrito à terça do Cabido, tal como Pampilhosa.
Em meados do séc. XVI, Unhais já deveria estar constituída como freguesia como comprovam os registos de baptismo e óbito existentes desde 1560 e de casamento desde 1559. A paróquia era, tal como hoje, de invocação de São Mateus e pertenceu ao bispado da Guarda até 4 de Setembro de 1882, altura em que foi transferida para o de Coimbra.
Em termos administrativos, a partir de 23 de Dezembro se 1746, integrou o concelho do Fundão. Em 1758, a aldeia de Unhais-o-Velho pertencia ao concelho de Covilhã, à comarca da Guarda e tinha 89 fogos e 278 almas. Nos finais do século XVIII esta freguesia foi integrada no termo de Fajão até à data em que este foi extinto, em 24 de Outubro de 1855, integrando então o de Pampilhosa.
Pinho Leal informa que Unhais–o–Velho, no final do século XIX, era freguesia do concelho de Pampilhosa, pertencia à comarca de Arganil e ao bispado da Guarda. Tinha 110 fogos e o orago era São Mateus Evangelista.
População
Naturalmente boas e hospitaleiras, as gentes de Unhais-o-Velho gostam da sua terra. Vivendo durante séculos agarrados a uma agricultura artesanal e pouco produtiva, só pelos meados do século passado se deu início ao êxodo dos unhaisenses para outras paragens, primeiro para o Brasil, por onde ficaram vários sem regresso, depois para Lisboa, Coimbra, territórios africanos ou países europeus, com especial incidência da França. Estávamos nos anos 40 e 50, num tempo em que as famílias eram numerosas, as necessidades muitas e o trabalho remunerado escasso.
Até há cerca de meio século atrás, os jovens unhaisenses, mal terminada a instrução primária, que alguns não frequentavam e a grande maioria se ficava pelo exame da terceira classe, de imediato se integravam nos trabalhos agrícolas, ajudando a família na pastorícia ou no amanho dos campos. Raros eram aqueles que saíam da aldeia para procurar vida noutras paragens, mas foi a partir daí que algumas famílias começaram a pensar numa vida diferente para os seus filhos, através do prosseguimento dos estudos.
Chegou, por essa altura, a haver na aldeia cerca de uma dúzia de estudantes que nas férias se dedicavam a várias actividades de natureza cultural e desportiva, abrindo assim novos caminhos à juventude unhaisense. E foi dessa maneira que desta pequena povoação, isolada na sua simplicidade serrana, saíram sacerdotes, magistrados, advogados, enfermeiros, professores, sargentos e oficiais do exército, contabilistas, diplomatas, funcionários da Administração Pública, da banca e dos seguros, empresários do comércio, da indústria e dos serviços, e muitos outros profissionais que pela vida fora honraram a aldeia onde nasceram.
A população de Unhais-o-Velho atingiu o seu pico máximo, em termos quantitativos, em 1940, altura em que era a 12ª povoação do concelho em termos demográficos, mas a partir daquela data começa um processo contínuo de abaixamento que se vem agudizando de censo para censo, de tal forma que a população recenseada meio século mais tarde representa apenas metade da que havia sido contada em 1940 e a tendência de diminuição continua no último censo populacional.
Património
- Igreja Paroquial
- Capela do Senhor da Saúde
- Capela de São Sebastião
- Ver artigo: Património de Unhais-o-Velho
Tradições
Em Unhais-o-Velho realizam-se as festas em honra de Nossa Senhora de Fátima, em Agosto, e a festa de São Mateus, em Setembro. Uma tradição que ainda hoje se mantém é a distribuição de um bodo no dia de São Sebastião, 20 de Janeiro. No bodo não falta a “pica” (pão tipo carcaça), as castanhas e o vinho.
- Ver artigo: Tradições de Unhais-o-Velho
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Comentários
Caros senhores
Apenas vos escrevo para referir a estranheza da seguinte frase:
"Segundo alguns autores a origem do nome pode residir em duas hipóteses: uma relacionada com os Hunos (povos que ocuparam a Península) nomeadamente com a existência de um hipotético núcleo populacional que por aqui tivesse permanecido."
Os Hunos nunca vieram até à Peninsula Ibérica. Foram derrotados no ano 453 na batalha dos Campos Cataláunicos, nas proximidades de Orleães… Acho muito estranho que um grupo isolado de hunos chegasse até Portugal e deixasse aqui vestigios e, em particular, o nome do próprio povo. Eles tinham sido destroçados… Nenhum historiador sério alguma vez consideraria esta hipótese como minimamente plausível.
Independentemente desta falha considero esta página bastante interessante. Continuem!
Joaquim Eurico Nogueira (autor da Monografia de Dornelas do Zêzere)
Caro Joaquim Nogueira:
Agradecemos o seu comentário. Como sabe, esta enciclopédia é construída pelos próprios visitantes e, infelizmente, pode não ser completamente isenta de erros. Tal como esclarecemos na página com respostas às questões frequentes:
Este parece ser um destes casos em que se reproduz a informação de uma fonte oficial. Se notar na página da Câmara Municipal de Pampilhosa da Serra sobre Unhais-o-Velho diz-se ali textualmente a explicação contida neste artigo. Fica portanto este seu comentário que ajudará futuros visitantes a considerar com cautela a explicação sobre o topónimo desta povoação.
Se tiver ou encontrar informação mais acurada, agradecemos que a inclua neste artigo. Aproveito ainda para agradecer todo o seu inestimável contributo para os artigos de Dornelas do Zêzere. Muito obrigado!
Carlos Pereira