Vilar de Nantes é uma freguesia portuguesa do concelho de Chaves, com 7,19 km² de área e 2.117 habitantes (2001). Densidade: 294,4 hab/km².
A freguesia de Vilar de Nantes fica a 5 km a oriente da cidade de Chaves, nas encostas da Serra do Brunheiro. Dada a sua proximidade da cidade, hoje em dia é mais uma freguesia urbana e dormitório do que propriamente rural. Segundo o censos de 2001 e com a divisão da freguesia de Outeiro Seco, Vilar de Nantes é a segunda freguesia com mais população de Chaves, só sendo ultrapassada pela freguesia de Santa Maria Maior. As freguesias limítrofes são: Samaiões, Madalena, Eiras, Cela e Nogueira da Montanha.
Localidades
Além da sede, a freguesia conta ainda com a aldeia de Nantes.
A aldeia de Vilar de Nantes é constituída pelos Bairros de Vale de Zirma, Pedreira, Fonte Carriça e por outros lugares tais como: Seixal, Cascalho, Lombo, Bairro da Triunfo, Traslar, Cova da Moura, Alto do Calvário, parte do Campo da Roda e pelo loteamento de São José.
Toponímia
Vilar é diminutivo de vilha, vocábulo cuja etimologia é latina e que, originariamente significava quinta herdade ou propriedade de superfície pouco considerável. Posteriormente, aos Vilhares corresponderam os alchérias, palavra árabe com que se designavam às pequenas quintas ou terras onde viviam caseiros com as suas famílias, afim de apascentarem os gados, lavrarem os campos e recolherem os frutos com que, deveriam responder ao direito senhorio. Mais tarde, foi a estes centros de população rústica que se lhes veio a dar a designação de aldeias.
História
A fundação de Vilar de Nantes, remonta a tempos já ausentes da nossa memória. No início deveria ser dependente de domínio ou senhorio de mosteiro ou igreja, ou talvez de algum homem rico.
Economia
Tradicionalmente, as actividades económicas desenvolvidas pelas gentes da terra contavam com:
- a agricultura, essencialmente para consumo próprio, com a criação de pequenos excedentes para trocas, por vezes directas, nas feiras locais
- a pecuária, com especial relevância para a criação do porco e do borrego (cordeiro é o termo usado na terra para este animal), sem esquecer os pequenos animais de capoeira, como a galinha, o pato e o coelho
- a cestaria de vime, com a criação de cestos utilitários para o dia-a-dia, trocados muitas vezes nas feiras,
- a cerâmica de barro preto, talvez o produto artesanal mais típico da terra, produzindo várias peças de uso corrente nas casas da região, como o pote, a caneca, a muringa, o cântaro, os talhotes, etc.
Mais tarde, e aproveitando a abundância e qualidade das argilas do Vale de Chaves e da madeira da região, especialmente da serra do Brunheiro, a nascente de Vilar, desenvolveu-se uma indústria de cerâmica na região, para a produção de materiais de construção, nomeadamente telhas e tijolos.
Hoje em dia, as actividades económicas tradicionais perderam a sua importância, persistindo apenas para consumo próprio ou como expressão cultural e turística, especialmente a loiça de barro preto, e os serviços adquiriram maior importância, essencialmente desenvolvidos na cidade de Chaves. A indústria cerâmica ainda existe, embora em menor expressão.
Artesanato
O artesanato produzido na região conta essencialmente com dois produtos típicos, usados tradicionalmente como utilitários no dia-a-dia e hoje convertido em produtos de índole turística:
- Os cestos de vime, produzidos a partir de vime previamente humedecido em tanques, para ganhar maleabilidade e facilidade de manipulação
- As peças de barro preto, semelhantes às produzidas em Bisalhães. O barro é retirado das terras do vale de Chaves, nomeadamente da zona designada por Veiga, amassado e homogeneizado, tradicionalmente por processos manuais, usando como utensílio uma barra de ferro, e trabalhado pelo artífice numa roda giratória até obter a peça pretendida. Esta, em seguida, é seca ao Sol e cozida em fornos de lenha fechados, a uma temperatura que pode atingir os 700º centígrados, o que, juntando ao facto de serem usadas giestas típicas da região como parte do combustível, dá às peças a sua característica cor preta.
Festas e Romarias
- Festa do Divino Espírito Santo, que se realiza sete semanas depois da Páscoa
- Senhor da Esperança, que se realiza em Agosto
- Festa de Santa Ana, que se realiza a 29, 30 e 31 de Julho
Lendas
Lenda da Capela do Senhor da Esperança
A quinhentos metros da aldeia de Vilar de Nantes, existe uma capela em honra do Senhor da Esperança. Diz-se que há mais de um século passaram por aqueles sítios dois homens que se perderam devido ao nevoeiro. Estavam muito aflitos quando ouviram cantar um galo. "Estamos perto da aldeia", disse um deles muito contente. "Se ao amanhecer estivermos sãos e salvos, havemos de fazer aqui um cruzeiro com a cruz do Senhor da Esperança." Pernoitaram debaixo de uma fraga e no outro dia, quando começou a clarear, os homens seguiram o seu caminho. Contudo, não se esqueceram da promessa que os livrou de tamanha aflição e lá construíram o cruzeiro.
Passados os anos sucedeu-se outro milagre. Dois irmãos, que andavam a construir uma barragem no vale de Chaves, vendo os seus trabalhos destruídos pelas águas, foram ao Cruzeiro do Senhor da Esperança e prometeram solenemente:
Senhor da Esperança, se não tornar a rebentar a barragem havemos de fazer, neste sítio, uma capela e celebrar-se-à todos os anos uma festa em Vossa honra.
A barragem nunca mais rebentou, construiu-se a Capela e todos os anos se celebra a festa em honra do Senhor da Esperança.
Existe um ditado popular nesta freguesia:
"Vilar? Em Vilar é passar e não refilar."
Património
- Capela do Senhor da Esperança
- Igreja Matriz
- Capela do Divino Espírito Santo
- Casa dos pais e avós de Camões
- Ruínas do convento Franciscano
- Capela de Santa Ana
Antiga Escola Primária
É sem dúvida um dos edifícios escolares mais bonitos do concelho, talvez só ultrapassado em beleza pela escola de Faiões. Em 1880 a junta Paroquial de Vilar de Nantes faz uma representação a sua majestade o rei D.Carlos I, a pedir a criação de uma Escola do Ensino Primário para o sexo masculino. Em 1926 é apresentado o projecto tipo XXV, nº 46, de autoria de Eugénio Correia. Na década de 1930 inicia-se a construção da Escola, integralmente financiada pelo benemérito José Gomes, natural da freguesia e que fizera fortuna no Brasil, acção mecenática que lhe é reconhecida pela Câmara Municipal em acta de 11 de Outubro de 1935 e posteriormente pelo povo em 19 de Março de 1955 com a colocação de uma placa em mármore na torre da escola onde está inscrito
“Homenagem do Povo de Vilar ao seu Benemérito Conterrâneo José Gomes / 19-3-1955”.
Possui uma torre sineira, com um belíssimo relógio que tem a inscrição de Miguel Marques/Albergaria-a-Velha. Em 1978 é construída ao lado uma nova escola com mais três salas e que viria a ditar o fecho desta. A título de curiosidade o orçamento para a construção da escola (antiga) rondou os 19.000$00.
Ligações externas
- Página sobre Vilar de Nantes no Portal Espigueiro, texto de Sandra Videira
- Blog Olhares sobre a cidade de Chaves, de Fernando Ribeiro
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