Vilar de Ossos é uma freguesia portuguesa do concelho de Vinhais, com 16,35 km² de área e 344 habitantes (2001). Densidade: 21,0 hab/km².
Localizada no interior do concelho, a freguesia de Vilar de Ossos tem fronteira a noroeste com a freguesia de Tuizelo, a leste com a freguesia de Travanca, a sueste com a freguesia de Vinhais e a sudoeste com a freguesia de Sobreiró de Baixo.
Localidades
Além de Vilar de Ossos, a freguesia é formada por mais duas aldeias, Zido e Lagarelhos, num eixo Norte/Sul, sendo que um bairro afastado de Lagarelhos, de nome Barracão das Latas, ou simplesmente Barracão, é considerado como lugar, possuindo inclusivamente código postal próprio.
Toponímia
As opiniões sobre a origem do topónimo dividem-se, embora a mais credível seja a apresentada por Almeida Fernandes, uma das grandes autoridades portuguesas em questões de toponímia e etimologia. Segundo este estudioso, a palavra ossos está relacionada com a forma arcaica “osso”, sinónimo de “usso” (do latim ursu). Durante o período de estabelecimento de “villar” (século IX — X), esta forma era frequentemente utilizada para designar um local selvagem povoado por ursos.
Uma teoria mais popular defende que o povoado desceu do seu remoto local de nascimento para as terras circundantes do mesmo, hoje conhecidas como Casarelhos, e se estabeleceu no vale. Diz-se que ao se escavarem as fundações para as casas, encontraram-se muitas ossadas. Essas seriam o resultado de uma longínqua batalha entre Cristãos e Mouros no século IX, quando a Reconquista Cristã ainda não tinha segurado as terras do Ermamento nos confins de Portucale. Essa seráuma explicação mais simplista para o nome Ossos.
Outros expõem outras teses relativas à toponímica da freguesia. Na sua perspectiva, Zido alude ao antigo nome Uzido. Outros autores referem Izindo ou Izidro (até há pouco tempo havia quem chamasse a essa aldeia Zidro), cuja origem e sentido permanecem uma incógnita. Lagarelhos, por seu turno, possui um diminutivo medieval, o sufixo “elho”, estando associado, este nome, a esculturas rupestres, a locais destinados à trituração de frutos ou a altares pagãos. Este termo mantém também uma forte ligação com a existência, naquele lugar, de lagares romanos.
A aldeia de Vilar de Ossos é a maior em área de todas as que compõem a freguesia. O seu desenho é feito de bairros dispersos uns dos outros, na maior parte dos quais existe apenas um eixo ao longo do qual o casario de cada bairro se foi concentrando. Não existem nomes de ruas, e o único local identificado por uma placa é o Largo Fernão Pinto Bacelar, em frente ao Solar, onde se realizam as festas do Divino Senhor do Campo e de São Cipriano. Além deste, estão identificados apenas oralmente os seguintes bairros:
- Cruzeiro
- Várzea - localmente diz-se Barja
- Outeiro
- Couço
- Calvário
- Cancelo
- Fundo de Vila
- Jogo dos Paus - pequeno local, de apenas uma casa
- Barreiro - pequeno local, de apenas uma casa habitada
História
No século XI da era cristã, período em que teve a sua origem, Vilar de Ossos estava na posse do rei de Leão. Um documento do século XII, precisamente, não cita qualquer autoridade portuguesa, o que leva a supor que esta estaria sob o jugo castelhano. Tratava-se este de um testamento onde constavam os bens legados, nesta freguesia, a D. Martinho. O território foi, mais tarde, doado, por Fernando Godiniz, ao mosteiro de São Martinho da Castanheira, permanecendo, assim, nas mãos dos leoneses.
Demografia
A situação de Vilar de Ossos, em termos de população residente, é análoga à das freguesias limítrofes. O número de pessoas com menos de 15 anos é claramente inferior ao número de pessoas com idade superior a 65 anos, cerca de 30 por cento, com a agravante da população activa se cifrar nos cerca de 40 por cento. Isto significa que, num curto espaço de tempo, esta população poderá vir a engrossar o número dos mais idosos, já por si, bastante elevado.
Um pouco por todo o país a baixa de natalidade começa a proferir a sentença das escolas primárias, sobretudo do interior. Existem aldeias onde estes estabelecimentos de ensino são frequentados, somente, por um aluno. Vilar de Ossos não está muito afastada deste panorama, dado que a média de alunos das três escolas de freguesia, uma em cada uma das localidades, é de apenas 6 alunos.
Economia
A comunidade de Vilar de Ossos vive essencialmente da agricultura, apicultura e da pecuária, embora, quer uma, quer outra, estejam destinadas ao auto-consumo, e apenas uma pequena fatia reservada à venda ao público. Abundam os pequenos e médios proprietários, e só pontualmente se encontra um ou outro latifundiário. A posse da terra é considerada, numa perspectiva sócio-económica, como um bem que garante, para além do sustento familiar, um certo prestígio.
O clima é propício à cultura da batata, do centeio e da castanha. Os castanheiros também têm um papel fundamental nesta sociedade agro-pastoril, uma vez que são considerados como uma das principais riquezas da região, não só pela venda dos seus frutos, mas também pelo aproveitamento da madeira nas indústrias de construção civil, serração de madeiras e na carpintaria mecânica aqui sediada.
A proximidade com a freguesia de Vinhais serviu, contrariamente ao que seria de esperar, como factor negativo no que respeita à sua evolução económica. O fenómeno de dependência que se criou entre esta localidade e a sede concelhia jogou contra a própria freguesia. Isto porque a maioria dos serviços que os habitantes necessitam se concentra na zona limítrofe, enquanto ao nível comercial se resume a uma loja de bebidas, a empresas de construção civil e a um mini-mercado.
Património
Existe em Vilar de Ossos um interessante conjunto arquitectónico definido pelo Solar dos Senhores de Vilar de Ossos (também Condes de Alpendurada e Viscondes de Montalegre) e pela igreja matriz da freguesia. Existe inclusivamente entre o Solar e a igreja uma ligação directa, na forma de uma ponte, que alberga uma capela privada com vista sobre o Altar-Mor e sacristia da igreja.
Igreja Matriz de Vilar de Ossos
A igreja matriz, construída em 1699, é de estilo barroco, sendo o retábulo ricamente trabalhado e pintado a ouro. Veio substituir uma anterior destruída depois de sofrer um incêndio, após o qual os Senhores de Vilar de Ossos prometeram ajudar à edificação de uma nova igreja. Sobre o Altar-Mor, as tábuas do tecto foram pintadas com a representação de São Cipriano, padroeiro da aldeia de Vilar de Ossos. Aquando das maiores obras de restauro que sofreu, o ancestral soalho foi removido, e o chão por baixo deste escavado, do qual se extraíram as ossadas das pessoas que até meados do século XIX eram enterradas dentro das igrejas. A Lei que aboliu esta medida deu por exemplo azo à Revolta da Maria da Fonte, no Minho. No restauro do reboco das paredes, foi também (re)descoberto por cima da câmara baptismal um crânio com uma abertura na nuca, supostamente para inserir moedas para esmolas, bem como um instrumento de metal, com dentes retorcidos, supostamente para levantar as tábuas do soalho aquando do enterro de alguém dentro da igreja.
Capela do Divino Senhor do Campo
Em Vilar de Ossos existe ainda a capela do Divino Senhor do Campo, à volta da qual se situa o cemitério antigo da aldeia, no Bairro da Várzea.
Fraga da Moura
No termo da freguesia de Vilar de Ossos com a de Sobreiró de Baixo, no Monte da Santa Luzia, ergue-se a Fraga da Moura, na qual existe a lenda de se ouvir um tear a funcionar na noite de São João. Mais abaixo, no generoso planalto que se esprai entre a aldeia de Zido e os Montes da Santa Luzia e Monte Calvo, existe uma fraga com uma marca em forma de pegada de bovino. Diz-se que dali, alguém tirou em tempos, comandado por uma revelação em sonho, um bezerro de ouro de dentro da fraga.
Castanheira
Em Lagarelhos criou raízes um fenómeno de longevidade: um castanheiro milenar (castanea sativa miller), localmente conhecido pela Castanheira.
Festividades
O orago desta freguesia é São Cipriano, cuja festividade é assinalada todos os anos, no dia 17 de Setembro.
Personalidades
Vilar de Ossos foi local de nascimento de D. Manuel Pinto de Morais Bacelar, a 4 de Novembro de 1742 (morreu em Lamego em 1 de Maio de 1816). Seguiu como o seu pai, Lázaro Pinto de Morais Bacelar, Senhor de Vilar de Ossos, a carreira militar. Veio a organizar por sua conta e risco uma Companhia de Cavalaria, esforço recompensado com o posto de Capitão. Retirou-se da vida militar por algum tempo, já com o posto de General de Brigada, após a sua passagem pela Guerra com Espanha no começo do século XIX, sendo um dos responsáveis por coordenar as tropas na zona de Chaves. Aquando da invasão de Junot, que atirou Portugal para a Guerra Peninsular, no caso português mais conhecido como Invasões Napoleónicas, é nomeado Comandante de Armas da Beira. Pela sua contribuição incansável na defesa de Portugal, foi agraciado a 17 de Dezembro de 1811 com o título de 1º Visconde de Montalegre.
Da freguesia, mais concretamente da aldeia de Lagarelhos, é natural Armando António Martins Vara. Foi deputado à Assembleia da República nas IV, V, VI e VII Legislaturas. No governo de António Guterres foi primeiro a secretário de Estado da Administração Interna (1995-97), depois a secretário de Estado adjunto do ministro da Administração Interna (1997-99). Após a vitória eleitoral do PS em 1999, tornou-se ministro adjunto do primeiro-ministro (1999-2000), com os pelouros da juventude, toxicodependência e comunicação social.
A Lagarelhos está também ligado Manuel dos Reis da Silva Buíça, um dos regicidas do Rei D. Carlos I e do Príncipe Real D. Luís Filipe, em Lisboa, em 1908. Era descendente de gentes desta aldeia, sendo no entanto natural da freguesia de Bouçoães no vizinho concelho de Valpaços.
A Lagarelhos está também ligado (por casamento) Antero Henrique, dirigente do Futebol Clube do Porto.
Associativismo
- Associação Cultural e Recreativa de Lagarelhos - Sediada na Casa do Povo de Lagarelhos. Organiza festas e eventos ocasionais de carácter recreativo (Festas em honra dos santos da aldeia, Páscoa, Natal e Ano Novo).
- Associação Recreativa de São Tiago
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